Terça, 11 de fevereiro de 2020
Não tenho a menor dúvida que o Exame de Ordem passou um sério e amplo choque de gestão. A FGV faz agora, em 2020, 10 anos aplicando o Exame de Ordem, e pela 1ª vez em todos esses anos eu estou diante de uma prova em que, até agora, não tem um recurso a ser feito.
Pela 1ª vez corremos o risco de não termos anulações porque a prova não tem erros.
Nunca aconteceu antes!
Ainda no dia da prova os comentários dos candidatos era no sentido de que os enunciados das questões estavam diferentes, mais complexos, e que a qualidade da prova havia subido consideravemente.
FGV eleva (e muito) dificuldade e qualidade da prova da OAB
Sem dúvida a qualidade aumentou e chegou em um patamar, seguramente, nunca antes visto.
O que aconteceu para termos uma mudança tão abrupta na qualidade da prova após tanto tempo?
Seguramente as falhas ocorridas na prova passada e a imensa pressão feita por candidatos e pelo Blog impactaram a OAB e a FGV.
Na edição passada, logo na terça-feira, denunciei em primeira mão o 2º plágio consecutivo na 1ª fase:
FGV plagia pela 2ª vez consecutiva questão da CESGRANRIO no Exame de Ordem
Foi uma bomba, que trouxe grande descrédito para a prova.
Na quarta-feira veio a pancada: acusei a OAB de inércia por não anular imediatamente uma questão plagiada:
Teve crime no Exame de Ordem e a OAB não vai fazer nada?
Isso acabou gerando, já no dia seguinte, a primeira anulação de ofício fora da data de divulgação do resultado preliminar:
URGENTE: OAB anula de ofício questão plagiada do XXX Exame de Ordem
A Ordem ficou sem opção e e se viu constrangida pela pressão feita.
O que a OAB está esperando para romper o contrato com a FGV?
Cadê as explicações sobre o plágio, FGV?
E a pressão gerou resultados imediatos.
FGV afasta responsável pela questão plagiada no XXX Exame de Ordem
Tristes constatações do duplo plágio consecutivo no Exame de Ordem
Depois vieram mais dois recursos. Um contra uma questão cuja norma ainda não estava em vigor (falha grotesca, inclusive) e outra cujo enunciado tinha grave erro.
XXX Exame de Ordem: FGV erra no edital do Exame e questão tem de ser anulada!
XXX Exame de Ordem: Questão de Processo Civil FORTE para ser anulada!
Nesse momento fiz minhas apostas no que seria anulado, ou seja, nas questões que de fato, sob a ótica da própria Ordem, deveriam ser anuladas, e isso já no resultado preliminar.
Hoje é dia da lista de aprovados e, por que não, de mais anulações de ofício!
O que a OAB pode, de fato, anular hoje?
E, apesar de muita torcida contra de certos professores aí, que JOGARAM CONTRA as anulações (até fazendo lives), a banca anulou mais duas questões de ofício, exatamente aquelas apontadas pelo Blog.
Mais duas anulações de ofício! OAB anula 3 questões na 1ª fase do XXX Exame!
Blog Exame de Ordem: 4 recursos e 3 anulações!
Ainda assim, a briga, e a exposição, continuaram, pois mais recursos foram apresentados e a briga dos candidatos por mais anulações manteve sua força.
Plágio e falhas no Exame de Ordem: e até agora a OAB fez o quê?
A pressão foi grande e o resultado obtido, satisfatório para boa parte dos alunos. E o estrago na reputação do Exame foi grande, especialmente na qualidade da prova.
E, apesar de não parecer ser possível, o pior ainda estava por vir! A segunda fase foi outro desastre!
Desastre imenso!
Logo de cara pediram o valor da causa em um recurso!!
Valor da causa em recurso ordinário? Falha bizarra no Padrão de Constitucional!
E isso foi só o começo!
Em trabalho surgiu uma questão com erro insuperável, que eu denunciei logo no dia seguinte ao da prova.
Questão 4A de Trabalho tem de ser anulada!
Depois veio a falha de redação na peça de Constitucional, que prejudicou centenas de candidatos.
Falha na redação da peça de Constitucional prejudica centenas de candidatos
Orientados por mim, foram lançados abaixo-assinados pela correção das provas.
Candidatos de Constitucional lançam abaixo-assinado por gabarito duplo na peça!
Abaixo-assinado pela anulação da questão 4 de Trabalho
Neste momento publiquei a crítica das críticas, revelando que o descaso e a falta de cuidado com a prova tinham chegado a limites inimagináveis.
OAB perde a mão e qualidade do Exame de Ordem despenca
Depois percebemos o grande problema na questão 3 da prova de Direito Civil, que também lançou seu abaixo-assinado.
Análise da pior questão da história da 2ª fase do Exame de Ordem
E no dia 12/12 fui no Conselho Federal da OAB protocolar aos abaixo-assinados de mais de 6 mil candidatos.
Abaixo-assinados de Civil, Trabalho e Constitucional são protocolados no CFOAB
Apesar de toda a pressão a OAB foi irredutível e não atendeu aos pleitos da luta dos candidatos. As consequências foram evidentes.
Falhas nas provas elevam drasticamente a reprovação na 2ª fase da OAB
Mas não parou aí a exposição do Exame de Ordem!
Um grupo de candidatos, indignados, procuraram o MFP e o Judiciário para lutar por seus direitos.
O MPF entendeu o problema e propôs uma ACP contra a prova da 2ª fase:
MPF pode propor Ação Civil Pública contra 2ª fase do XXX Exame de Ordem
MPF vai para cima da OAB por causa de falhas na prova
MPF aciona Justiça e pede alterações no XXX Exame da OAB
Justiça Federal julga improcedente ACP contra Exame de Ordem
MPF apela de sentença que julgou improcedente ACP contra Exame da OAB
XXX Exame de Ordem: candidato consegue anulação da questão 4A de Trabalho
A luta não tem sido fácil, evidentemente, mas o estrago à imagem do Exame está sendo inegável.
E aí tivemos a prova do último domingo, a prova do XXXI Exame de Ordem.
E como ela foi diferente!
O comentário geral entre os professores do Jus21 e os candidatos nas redes sociais é um só: uma prova muito bem feita.
Mais difícil e muito bem feita.
Hoje é a terça-feira após a prova e até agora não surgiu um simples recurso para a 1ª fase. Existem algumas fundamentações circulando por aí, mas sem consistência.
Arrisco dizer que foi a melhor prova da 1ª fase de todos os tempos em termos de qualidade técnica.
Isso só pode ser resultado de uma coisa: CHOQUE de gestão!
Não é possível produzir tamanha evolução na qualidade de uma prova que tradicionalmente tem problemas sem ocorrer uma série de mundaças procedimentais em sua elaboração.
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Curso de Direito do Trabalho para a OAB 2ª fase - XXXI Exame de Ordem Unificado
Curso de Direito Constitucional para a OAB 2ª fase - XXXI Exame de Ordem Unificado
Curso de Direito Administrativo para a OAB 2ª fase - XXXI Exame de Ordem Unificado
Curso de Direito do Civil para a OAB 2ª fase - XXXI Exame de Ordem Unificado
Curso de Direito Tributário para a OAB 2ª fase - XXXI Exame de Ordem Unificado
A pressão, narrada acima, na última edição da prova foi imensa, e cobranças certamente aconteceram. Não se sabe em que amplitude, mas seu resultado em termos de evolução na qualidade da prova é evidente.
Vimos seu efeito na 1ª fase, e SEGURAMENTE veremos seus efeitos na prova subjetiva.
Não tenho dúvidas: a próxima 2ª fase também vai passar por mudanças!
Certamente os enunciados serão contruídos com mais cuidado. POde ser também que o nível da redação se torne um pouco maior, como aconteceu com as questões da 1ª fase.
Isso não significa necessariamente que as provas se tornarão mais difíceis sob o prisma técnico, o que é outra história, mas essa é uma possibilidade que não pode ser descartada.
Considerando o histórico de dificuldade da 2ª fase, temos tido uma sequência de boas provas desde o XX Exame, sendo que problemas mesmo só tivemos no XXVII e agora, no XXX Exame.
Ao menos, como alento, ter a perspectiva de provas com redações claras e problemas apresentados de forma escorreita, já representa um imenso avanço.
Trata-se de uma perspectiva positiva para os examinandos.
Mas, claro, por conta de um histórico de uma década de problemas, temos de esperar as coisas acontecerem primeiro. Eu não daria um voto de confiança à Fundação. Entretanto, mesmo assim, não deixarei de reconhecer se a prova de fato evoluir.
O choque de gestão aconteceu. Uma reestruturação foi feita e ela certamente atingiu todos os processos internos de elaboração da prova.
Vamos ver se a FGV consegue dar continuidade a esse padrão nas próximas provas.
Talvez ela se redima dos muitos erros cometidos no passado.
Já não era sem tempo.