Análise: o grau de dificuldade do XXVIII Exame de Ordem

Quinta, 14 de março de 2019

Análise: o grau de dificuldade do XXVIII Exame de Ordem

A grande dúvida sobre a prova do próximo domingo: qual será o seu grau de dificuldade?

E a dúvida é grande porque o Exame de Ordem, efetivamente, está passando por mudanças.

Podemos dizer que tudo começou no XXI Exame, uma prova terrível. Depois, no XXIII, a pior das provas objetivas, com as alterações na quantidade de questões de Ética, Processo Penal, Direitos Humanos e Tributário, a sensação se consolidou.

E isso é algo que venho alertanto tem anos:

OAB impõe um forte reposicionamento no Exame de Ordem

BOMBA! FGV reduz as questões de Ética de 10 para 8!

A prova da OAB mudou, e a Ordem também

E a mudança segue seu curso. não só o graud e dificuldade passou por um upgrade como também, ainda em 2019, saberemos como será o novo modelo do Exame de Ordem.

Tudo pronto para a OAB iniciar as discussões sobre o novo Exame de Ordem

O futuro do Exame de Ordem

E o que esperar da próxima prova? Para fazer essa projeção temos que ter em mente dois aspectos essenciais.

O primeiro é saber EXATAMENTE como foram as provas anteriores, a percepção dos candidatos e as estatísticas. Depois, entender como funciona exatamente a oscilação que a FGV impõe ao grau de dificuldade a cada edição.

Pois bem!

Podemos categorizar, de acordo com a minha percepção, as provas objetivas dos Exames passados da seguinte maneira:

XX ? Prova mediana

XXI ? Terceira pior prova de todos os tempos

XXII ? Prova considerada boa, com alta aprovação

XXIII ? Pior prova de todos os tempos. Prova paradigmática, pois trouxe várias alterações.

XXIV ? Prova boa, com boa aprovação, mas não tão boa quanto a do XXII Exame.

XXV ? Prova difícil, especialmente em razão do grau de dificuldade nas questões de Ética.

XXVI ? Prova difícil, no mesmo padrão da prova do XXV Exame.

XXVII - Quarta pior prova de todos os tempos.

Até o XXVII a FGV nunca repetiu um padrão por 3 edições seguidas. Trata-se inclusive de uma observação envolvendo o Exame desde 2008, quando criei o Blog. De fato, no Exame de Ordem não havia manutenção de padrão, e isso remonta aos tempos do Cespe.

As 12 ciladas da prova objetiva da 1ª fase da OAB

As provas do XX e XIX Exames foram difíceis, mas consideradas racionais. Essas provas foram bem elaboradas e não geraram controvérsias entre os candidatos.

Aí veio o XXI Exame, o prenúncio de que as coisas iriam piorar!

A primeira fase do XXI foi só terceira pior prova de todos os tempos, com 17,09% de aprovação (estatísticas exclusivas do Blog), contando com 2 anuladas de ofício. Se não fossem as anuladas, teria sido pior inclusive do que a do XXIII. 

Na sequência, veio o XXII Exame, e tudo foi uma "maravilha", ao menos dentro da lógica da prova.

Já a primeira fase do XXIII foi a pior de todos os tempos, com uma aprovação pífia de 13,35%, ou seja, 86,65% de reprovação. E isso ainda na 1ª fase. Tivemos uma alteração de alto impacto na prova: a redução das questões de Ética Profissional, de 10 para 8.

Direitos Humanos também perdeu uma questão. Com isso Processo Penal, Processo Civil e Tributário ganharam, cada, mais uma questão.

Depois foram várias questões interdisciplinares, mais complexas do que o habitual e que também prejudicou muita gente.

Na prova do XXIV tivemos 47.693 candidatos aprovados na primeira fase, aproximadamente 37% de aprovação.

Na prova do XXV Exame, foram 26.783 aprovados, representanto, mais ou menos, 21,25% de aprovação.

E na última prova, do XXVI, tivemos vários problemas, como o gabarito errado em uma das provas, que o Blog denunciou, como também as duas questões repetidas de Filosofia do Direito, também identificadas aqui pelo Blog.

Gabarito da prova verde tem 4 divergências em relação aos demais gabaritos

FGV repete questão de Exame anterior no XXVI Exame. Anulação deve ocorrer

Está faltando criatividade para a FGV: Outra questão de Filosofia copiada

O gabarito foi retificado de ofício, como se esperava, mas as questões repetidas não foram anuladas. Aliás, nenhuma questão foi anulada, mais uma vez.

Com a publicação da lista de aprovados do XXVI tivemos 30.884 aprovados, o que deu um percentual de 24,90% de sucesso na 1ª fase, emulando, praticamente, o que foi visto no XXV.

Na prova do XXVIII tivemos o problema da questão de Ética que foi retificada. Criaram um abaixo-assinado apra tentar anular essa questão, o que não deu certo pelo simples fato da questão não estar errada.

Fui o único que defendeu a retificação, ainda no dia da prova, e de fato foi o que aconteceu:

Ética Profissional: Questão do MS e do HC tem de ser RETIFICADA!

ATENÇÃO: FGV retifica a questão de Ética Profissional

Considerando que foram 125 mil candidatos, com apenas 15.236 aprovados finais, isso significa que o XXVII Exame teve um percentual de aprovação de apenas 12,18%, o PIOR da história considerando as duas fases.

A partir daqui, temos que considerar os seguintes elementos.

Primeiro

As três grandes balizas para vocês avaliarem se estarão prontos para o XXVIII Exame são as provas do XXI, do XXIII e do XXVII. Em termos de complexidade, e também sob a ótica da contemporaneidade, são as melhores balizas para vocês se sentirem seguros para a próxima prova.

As 3 grandes balizas da 1ª fase: XXI, XXIII e XXVII Exames de Ordem

Segundo:

A interdisciplinariedade, que prometia vir com tudo no XXIV, mal apareceu, quebrando as expectativas.Ela também não deu as caras no XXV, nem no XXVI. Provavelmente não dará no XXVIII.

Terceiro:

Interpretar bem os enunciados passou a ser vital no Exame, especialmente porque a FGV já definiu que todas as questões agora são problematizadoras, ou seja, questões com o relato de uma situação-problema para o candidato apresentar a solução jurídica cabível à hipótese.

Como será, enfim, a prova do XXVIII Exame de Ordem?

Um dos grande problemas do Exame de Ordem é não ter exatamente nenhuma consistência estatística. Ou seja, não dá para projetar o que vai acontecer em uma edição vindoura com base nas provas passadas. É bem verdade que ultimamente estamos vendo uma alternância no grau de dificuldade das provas, oscilando entre o fácil e o difícil, na seguinte lógica:

XIX - Fácil

XX - Mediana

XXI - Difícil

XXII - Fácil

XXIII - Difícil

XXIV - Fácil

XXV - Difícil 

XXVI - Difícil

XXVII - Difícil

XXVIII - Não sei!

Como estamos diante de uma situação inédita, quando 3 provas foram tecnicamente muito parecidas, a sensação é de que a próxima prova seguirá esse novo padrão.

Mas isso está longe, bem longe de ser uma certeza. Se fosse dentro da lógica anterior, poderíamos dar um posicionamento com uma boa margem de segurança. Como a FGV mudou seu padrão, não temos mais uma baliza segura para a futura prova.

No próximo domingo descobriremos a verdade!