Quarta, 29 de agosto de 2018
O MEC não para! Foi publicada hoje no Diário Oficial da União autorizações para o funcionamento de mais 7 faculdades de Direito no país.
Diário Oficial da União em 29/08/2018
Com isso o Brasil ultrapassou hoje a marca das 1.400 faculdades de Direito, indo pra exatamente 1.406 instituições.
Isso é absolutamente desolador para o mercado jurídico. A quantidade de vagas ultrapassa e muito a capacidade do mercado de assimilá-las.
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O ministério não adota NENHUMA política clara na área educacional. Não se preocupa com o impacto de suas ações no mercado e não trabalha sendo guiado por qualquer estudo sobre as demandas da sociedade e a necessidade de profissionais em quaisquer regiões.
O MEC foi tomado por interesses empresariais. Nada além disto.
E tem autorizado a abertura de instiruições de forma frenética, vejam só vocês, logo em um ano eleitoral.
Essa "política" insana vai produzir frutos MUITO podres. Aliás, já está produzindo.
Tenho notícia de que pelo menos 4 faculdades de Direito aqui no Distrito Federal estão, turma após turma, perdendo alunos. Perdendo ao ponto disto começar a ameaçar o funcionamento das instituições.
Alguém poderia argumentar que isso não faz sentido, pois o Ministério só faz aumentar o número de vagas e mais pessoas agora podem estudar, mas isso não passa de uma visão simplista do mercado.
Eu explico:
1 - Nenhum mercado, de qualquer área econômica, cresce indefinidamente. A abertura de vagas em cursos de Direito foi tão grande que não existe público-alvo suficiente para ocupar todas. A ociosidade é imensa dentro das graduações, pois a OFERTA é muito maior do que a DEMANDA atualmente.
2 - A abertura de muitas vagas é resultado também de uma intensa competição entre grandes mantenedoras. Elas abrem novas faculdades em todos os lugares, acirrando a competição pelos alunos. Qual é a melhor forma de competir? Reduzindo o valor da mensalidade!
A verdade é que pouquíssimo players estão CANIBALIZANDO o mercado jurídico, com a oferta de cursos cada vez mais baratos.
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Mais uma vez algum desavisado pode pensar que cursos mais baratos é melhor para os estudantes. Acontece que a QUALIDADE desses cursos paga o preço da competição: sabemos muito bem que muitas graduações são verdadeiros lixeiras educacionais, com um ensino precário condizente com o valor pago nas mensalidades.
As mantenedoras que apostam neste modelo querem lucrar em escala, com uma grande quantidade de alunos, e não com valores altos per capita.
Isso tem quebrado instituições menos capitalizadas.
A OAB não sabe o que fazer quanto a abertura de novos cursos jurídicos
Não se espantem se até o final do ano, ou um pouco antes, ultrapassarmos a marca das 1500 faculdades de Direito. Existe no Ministério da Educação CENTENAS pedidos de abertura de novas instituições. Como o ministéiro trabalha de forma extremamente diligente para autorizar mais faculdades, o cenário tende a piorar bastante.