XXVII Exame de Ordem: a prova do APOCALIPSE!

Quarta, 21 de novembro de 2018

XXVII Exame de Ordem: a prova do APOCALIPSE!

Quando eu digo que uma edição ou outra do Exame de Ordem foi difícil, o faço com certo distanciamento da prova, exatamente para balizar minha assertiva nas estatísticas e não meramente em subjetivismos. E para isto é preciso esperar pela lista preliminar de aprovados.

Obviamente, até mesmo em função da larga experiência, após uma prova e nos dias seguintes tomamos pulso da situação e construímos uma impressão que se confirma, ou não, com as estatísticas.

E neste momento a impressão que tenho é a de estarmos possívelmente perante a PIOR prova de todos os tempos.

Pior que a prova do XXIII Exame?

Sim! Essa impressão, é claro, ainda precisa ser confirmada, mas os sinais estão fortes demais para não se pensar desta forma.

Após a prova eu já fiquei assustado porque passei as últimas duas semanas dizendo para os candidatos que esta edição tinha tudo para ser mais fácil. Afinal, as provas do XXV e XXVI foram difíceis, e os números mostraram isso, especialmente se comparadas com a prova do XXIV, bem razoável.

Na minha previsão, após duas provas com o mesmo perfil, a FGV flexibilizaria, pois nunca tivemos três provas objetivas seguidas com o mesmo perfil. 

Há muito o padrão da FGV é não ter padrão quando o assunto é dificuldade. 

Eu só não esperava uma prova ainda pior que as duas antecessoras.

Não consigo deixar de lembrar do que foi dito na audiência pública ocorrida há duas semanas em Goiânia, quando o presidente da Comissão do Exame de Ordem disse, com todas as letras, que a OAB não impõe percentuais de reprovação no Exame de Ordem.

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Se a OAB não impõe, então a FGV o faz. E se a FGV faz, a OAB não exerce portanto controle sobre o que é a prova: A FGV faz o que bem entende.

A prova do domingo não foi para avaliar as condições mínimas para advogar dos candidatos, mas sim foi feita para reprovar mesmo e ponto final.

E a reprovação foi feroz!

 

Ética, administrativo, processo penal, tributário, Civil, Processo Civil, Ambiental. Em uma quntidade enorme de disciplinas tivemos questões absolutamente fora da curva, com um grau de especificidade que ultrapassa o convencional para o Exame de Ordem.

Há muitos anos afirmo que o Exame pode ter o grau de dificuldade que a OAB quiser, especialmente porque o conceito de "minima capacidade para advogar" é extremamente aberto e subjetivo. Mas uma prova da forma como foi feita, destoando do convencional de forma tão profunda, representa muito mais uma arapuca do que uma avaliação.

A verticalização súbita do grau de dificuldade não é correto com os candidatos.

Isso só seria adminissível se existisse um conteúdo programático da prova objetiva, e esse conteúdo nunca foi divulgado.

Se não existe conteúdo programático, a abordagem temática temd e ser feita com PARCIMÔNIA.

Isso sem considerar redações altamente intrincadas, construídas com o manifesto propósito de gerar confusão e levar o candidato à reprovação não pelo seu desconhecimento quanto ao conteúdo, mas sim pelo mero jogo semântico.

Isso se chama "peguinha", e é pedagogicamente recriminável. 

A questão retificada de Ética é o maior e mais acabado exemplo desse "jogo".

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A confusão conceitual derivada de sua redação foi responsável por enganar milhares de examinandos, e não pelo domínio do jus postulandi, mas sim pelo mero jogo de palavras e ações dos personagens envolvidos na narrativa.

Isso é avaliar?

Uma verdade, que representa uma FALHA manifesta da OAB: a prova objetiva NÃO tem um padrão. Ela não guarda em si nenhuma previsibilidade estatística e mesmo, como a atual prova mostra, pedagógica.

Qual é o problema - e a dificuldade - em construir uma prova estável?

Novamente eu posso estar enganado, mas creio que a lista preliminar de aprovados a ser divulgada no próximo dia 03, vai expor o desastre da atual edição. E falo de uma reprovação acima dos 90% dentre os inscritos.

Esse tipo de prova FRAGILIZA a credibilidade do Exame de Ordem.