Segunda, 24 de agosto de 2020
O mundo inteiro acompanha a corrida pelo desenvolvimento de uma vacina para Covid-19. A Rússia anunciou que já tem um modelo pronto, apesar de os testes ainda estarem no começo.
Para vacina ser aprovada, tudo começa com pesquisas em laboratório e em animais. Depois, vem a fase 1, com um grupo pequeno de seres humanos. Em seguida, a fase dois, com mais gente. E, por fim, a fase 3, em que a vacina é dada para milhares de pessoas.
OAB deve definir em breve sobre aplicação ou não da 2ª fase
A Rússia anunciou que tem modelo da vacina está pronto, apesar dos testes não terem sido divulgados. Segundo Natália Pasternak, microbiologista da USP, os cientistas russos responsáveis pelo desenvolvimento da vacina não publicaram nenhum dos estudos realizados durante as três fases de testes, o que causa preocupação.
Então, como conciliar a urgência de conter a pandemia com a segurança da população?
Atualmente 167 vacinas estão em estudo no mundo. Destas, seis já estão na fase 3, sendo testadas em humanos. No Brasil, três delas estão em testes: chinesa, russa e britânica (Oxford). Nos laboratórios do mundo, tudo acontece em uma velocidade inédita.
A polêmica prova online da ?OAB? da Inglaterra
Gustavo Cabral, pesquisador e imunologista da faculdade de medicina da USP, disse que alguns fatores determinaram que o Brasil entrasse para lista de cobaias dessas três vacinas. O primeiro e mais importante foi a velocidade de propagação do vírus no país, o que para testes de vacinas é o cenário perfeito.
O pesquisador disse que qualquer uma das vacinas que forem licenciadas poderá imunizar milhões de pessoas, mas temos que saber tudo sobre os testes a curto e longo prazo. Ele explica, no entanto, que a necessidade urgente de imunizar a população está fazendo os laboratórios ignorarem alguns critérios e etapas. A exemplo dos cientistas de Oxford, que decidiram dobrar a dose para os voluntários na África, Reino Unido e Brasil, os três locais que a vacina está sendo testada. A coordenadora dos estudos da vacina britânica no Brasil, Lily Yin Weckx, explica que acelerar os teste é normal, já que estamos no meio de uma pandemia.
O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, responsável pelos testes da vacina chinesa no Brasil, acredita que a população poderá começar a ser vacinada ainda este ano.
Segundo especialistas, a preocupação maior é com a vacina russa, que pulou diversas etapas antes de anunciar que já estaria fabricando o produto, inclusive por ter fechado parceria com o governo do Paraná para produção e distribuição em massa.
Ao ser questionado como o Paraná obteve informações sobre o estágio avançado dos testes da vacina russa, Jorge Callado, presidente do Instituto de Tecnologia do Paraná explicou que existem informações substanciais que garantam a eficácia da vacina, no entanto, afirma que o governo não teve acesso aos dados russos oficialmente.
Um consórcio de estados do nordeste também se interessou pela vacina desenvolvida pela Rússia. O governador do Maranhão anunciou na última sexta-feira que, em caráter preliminar, está aderindo ao protocolo do governo russo.
Com informações do G1