Quarta, 8 de janeiro de 2020
Quantas horas estudar por dia para a OAB? Muitos candidatos se fazem essa pergunta, obviamente querendo dimensionar se conseguirão dar conta do tempo em que estão iniciando o processo de preparação até o dia da prova.
É, essencialmente, a questão de ajuste entre tempo e volume de conteúdo.
E essa é uma pergunta, fundamentalmente, errada. Muito errada!
Errada porque a gestão do tempo passa por uma série de alterações considerando as diferentes pessoas, suas circunstâncias pessoais, e suas distintas capacidades.
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Assim como também é errada porque o USO ÚTIL do tempo é, de fato, o que verdadeiramente importa.
Aqui precisamos lidar com dois conceitos intimamente atrelados:
1 - O tempo em que o estudante consegue manter o foco;
2 - O volume de conteúdo RETIDO de forma perene.
A pergunta certa, portanto, não é o quanto de tempo se consegue estudar, mas sim o quanto de conteúdo efetivamente aprendido se conseque reter de forma eficaz.
Não se mede um projeto pelo tempo, mas sim pela capacidade de avanço no conteúdo. E isso NÃO É FEITO de forma linear, gerida pela percepção do tempo efetivamente utilizado.
Logo, para começar, fuja do fetiche de buscar a resposta para a gestão do seu projeto de estudo simplesmente pelo controle e disponibilização do tempo: isso é um equívoco!
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Muitos "especialistas da OAB" e em concursos tratam de forma bem abstrata do tema, mais confundindo do que efetivamente orientando, especialmente por não entenderem nada de psicogênese.
O tempo, e sua gestão, estão intimamente ligados a capacidade de se sustentar o FOCO, elemento inicial de qualquer processo de aprendizagem.
E o que é o foco?
Foco é o resultado do direcionamento da atenção e da percepção (visão e audicão) para um ÚNICO objeto de aprendizagem. Ao focar em uma aula ou em um livro, o estudante ignora quais outros estímulos circundantes, e, com isso, estabelece a cognição sobre o objeto sob estudo.
Cognição nada mais é do que um processo para adquirir um conhecimento.
Se, durante o estudo o o foco empregado sobre uma perturbação, seja por qualquer fonte (sonora, uma conferida no celular, um pensamento abstrato distinto do objeto do estudo) o processo de cognição é quebrado.
A pergunta correta é: por quanto tempo você consegue sustentar de forma contínua o foco.
O uso do tempo tem ÍNTIMA correlação com a resposta a ser dada para a pergunta acima.
E tem uma correlação ainda mais estreita com o volume de conteúdo retido durante o tempo em que o foco é efetivamente empregado na etapa de cognição, de retenção e compreensão da informação.
E aqui vem uma pegadinha temporal básica: a fixação do conteúdo não ocorre em apenas uma etapa! É preciso REVISAR o conteúdo estudado em um momento - e com certa periodicidade - para a informação estabilizar e formar a chamada memória de longo prazo.
Tentar responder de forma direta a pergunta "Quantas horas estudar por dia para a OAB" conduz quase sempre a uma resposta simplista e divorciada das REAIS necessidades cognitivas de qualquer estudante.
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O problema não é o tempo em si, mas sim o seu uso de forma eficaz.
E, não se enganem: estudar de forma eficaz consome MAIS tempo do que vocês efetivamente gostariam de dedicar.
Por isso a indicação para o início da preparação visando o Exame de Ordem é de 4 ou 5 meses de antecedência, com o foco direcionado para o esgotamento do conteúdo usualmente disponibilizado pelo mercado para este tipo de preparação.
Esse lapso temporal presume que a metodologia correta seja usada para todo o conteúdo ser devidamente assimilado.
Com menos tempo, como dois meses ou menos, o candidato, para estudar de forma EFICIENTE, precisa eliminar disciplinas ou temas de disciplinas para conseguir reter de forma satisfatória o que vai estudar.
Estudar com pressa é um grande, um imenso equívoco.
E é porque a memória, se não for devidamente trabalhada, não se estabiliza, não é convertida para memória de longo prazo. E, se não há essa conversão, o tempo empregado para se aprender é desperdiçado.
Estudo sem formação de memória estável é puro desperdício de tempo.
E aqui oferecemos respostas!
O tempo, e seu dimensionamento, dependem de uma avaliação prévia do método e do foco, para que o ajuste pessoal do tempo a ser empregado possa ser corretamente dimensionado.
Respostas prontas são, em quase sua totalidade, enganosas e divorciadas de qualquer ideia séria sobre metodologia e preparação eficazes de estudo.
Além disto, respostas prontas derivam em regra de uma visão abrangente e pouco profunda do que é a realidade de estudar de forma focada e planejada.
Eis o ponto: o planejamento tem de derivar de uma observação pessoal que inclua o efetivo domínio do tempo de sustentação do foco, da qualidade do material de estudo, do planejamento e da metodologia empregada.
Isso tudo precede o ato de sentar e estudar.
As pessoas têm capacidades de cognição distintas focos distintos e, acima disto, visões díspares sobre o que é, de fato, estudar.
A pergunta "quantas horas estudar por dia para a OAB" deve ser substituída pela "como dispor do tempo de forma eficiente estudando com foco."
A pergunta trata de quantidade de tempo, mas a resposta inevitavelmente se direciona para a QUALIDADE do tempo disponível, seja ele o quanto for.
Estudo sem qualidade é perda de tempo! Parem para pensar sobre quantas reprovações já os consumiram ao longo dos últimos meses, e constate que todo o tempo perdido guarda correlação com problemas metodológicos.
Essa é uma reflexão importante e não pode, de forma alguma, ser ignorada.