A gestão do tempo durante a prova subjetiva da OAB

Terça, 11 de setembro de 2018

A gestão do tempo durante a prova subjetiva da OAB

O domínio do tempo durante a prova subjetiva da OAB representa um elemento chave para o sucesso de qualquer candidato.

Existem outros elementos importantes, mas o tempo e o conhecimento estão acima de todos. O conhecimento vocês estão adquirindo neste exato momento, e ainda terão mais alguns dias para consolidá-lo. Já o tempo é imutável.

Não existe negociação nenhuma com o tempo: ele passa e nada vai mudar isso.

Essa percepção prévia é fundamental para moldar o comportamento de cada um de vocês na hora da prova. Como o tempo não é elástico, saber utilizá-lo torna-se VITAL.

Vital mesmo, pois não saber utilizá-lo pode levar o candidato a amargar a reprovação. E isso ocorre com bem mais frequência do que vocês imaginam.

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Não são raros os examinandos que deixam de responder as questões, ou as respondem de forma açodada, porque dedicaram tempo demais à peça. E as questões são importantes para se lograr a aprovação.

Equilibrar o uso do tempo, portanto, é algo que precisa ser pensado, e trabalhado, antes da prova.

E como pensar o uso do tempo?

Quantas linhas deve ter uma boa peça prática?

A longa prática nos diz como funciona a sucessão de eventos durante a prova. Aqui, é importante frisar, trata-se de uma percepção média, pois o uso do tempo depende diretamente da estratégia adotada. Mas, em regra e na média, conforme o modelo de estratégia que desenvolvemos há mais de 9 anos, a sucessão dos eventos se dá da seguinte forma.

O domínio do tempo durante a prova subjetiva da OAB:

1 - Leitura e compreensão do enunciado da peça

O enunciado nunca é lido apenas uma vez. Nunca! O enunciado deve ser, em regra, lido 3 vezes seguida, além de, é claro, ser consultado ao longo da elaboração total da peça.

Mas, de plano, o candidato deve ler o enunciado pelo menos 3 vezes para ter a convicção de que entendeu o seu sentido como um todo e, especialmente, para ter certeza quanto a peça correta, fator fundamental em toda a prova.

2 - Leitura e compreensão das questões

Logo após a leitura da peça o candidato deve ler as questões. Ele poderia se dedicar integralmente a peça, resolvê-la por completo, para depois fazer as questões, mas isto não é recomendável. É importante, logo de cara, tomar ciência da integral dimensão da prova e, em especial, estabelecer para si mesmo se as questões são passíveis de serem resolvidas ou não.

O candidato lê a peça, lê as questões e já "sente" se tem boas condições de ser aprovado ou não. Aqui entra o fator conhecimento: quem domina a matéria, ao ler o enunciado, já antecipa a própria capacidade de resolver o problema.

E, claro, já consegue dimensionar - aproximadamente - quanto tempo vai gastar resolvendo tudo. Vamos admitir a realização prévia de vários simulados e provas. Quem treinou antes consegue imaginar o uso do tempo de forma abstrata.

3 - Após a leitura e compreensão, a definição da divisão do tempo

A peça, sempre, ficará com o maior quinhão do tempo, não só por ser decisiva na prova como também por ser mais extensa e complexa do que as 4 questões juntas.

Portanto, é razoável dividir o tempo da seguinte forma: 3 horas exclusivas para a peça e as 2 horas restantes para as questões e eventuais pausas.

Sim, pausas acontecem, como ir ao banheiro, por exemplo, ou comer e beber alguma coisa.

4 - A disciplina na divisão

Após a divisão, a disciplina: é preciso respeitar a divisão do tempo efetivada.

Daqui surge o grande problema: a dedicação excessiva de tempo à peça e a negligência às questões. O respeito ao tempo dividido é fundamental para e elaboração com qualidade da prova como um todo.

É um pecado errar neste ponto por mera distração. Não se permitam isto!

Mas também isso ocorre por um motivo totalmente involuntário: a definição da peça prática pode se tornar bem cascuda. E isso, claro, atrapalha o domínio do tempo durante a prova subjetiva da OAB.

5 - A causa principal da falha do domínio do tempo durante a prova da OAB:

Vou dar 3 exemplos de casos que prejudicaram candidatos e os fizeram negligenciar involuntariamente as questões, porque perderam tempo demais na peça:

XX - Provas de Civil e Empresarial

Já na vigência do novo CPC, a banca cobrou duas peças situadas cronologicamente no tempo do antigo CPC. Ou seja, a conta não fechava.

Muitos candidatos perderam tempo tentando definir qual código deveriam usar, o novo ou o velho. A dúvida era pertinente, e isso atrapalhou o desenvolvimento do raciocínio de muita gente.

XIX - Prova de Penal

Mutis candidatos simplesmente não sabiam fazer a peça - contrarrazões de apelação - porque seus respectivos cursinhos não haviam ensinado a sua elaboração.

Um tempo imenso foi perdido pelos candidatos mal-treinados, incapazes de definir qual seria a peça correta. Muitos, por absoluta falta de opção, também fizeram uma apelação, mesmo que a lógica do enunciado não permitisse isso.

Mas as escolhas, entre outras peças, só ocorreram após muita dor de cabeça e indecisão.

E todos estes, sem exceções, reprovaram.

XVIII - Prova de Tributário

Um enunciado confuso gerou um belo problema. Muitos candidatos apresentaram como solução ao problema proposto um agravo de instrumento, quando a resposta correta era um agravo interno.

O problema principal estava na redação da peça, que deu a entender uma peça em detrimento de outra. Não era uma redação clara, e isto foi altamente problemático para os candidatos.

A dúvida na lógica do enunciado é o pior dos problemas.

Os casos acima revelam como a banca pode ser madrasta com os candidatos (exceto na prova de Penal) e como eventualidades podem atrapalhar o completo desenvolvimento e o domínio do tempo durante a prova da OAB.

Mas os problemas em regra ficam adstritos a uma das provas. A regra é termos provas normais para a maioria dos candidatos. Todavia, se alguma intercorrência surgir, será impossível fugir dela. E a gestão do tempo na prova da 2ª fase da OAB terá de ser feita da mesma forma.

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Como não é possível antecipar problemas, e nem adivinhar como eles poderão ser, a única orientação para este caso é, dentro do possível, manter a calma e achar a solução mas razoável possível dentro do problema apresentado.

Mas, claro, vamos torcer para as provas virem normais.

Uma verdade: o nível da 2ª fase, apesar dos problemas, subiu demais após o X Exame de Ordem. No próximo domingo provavelmente teremos provas de qualidade.

Pois bem!

Reflitam muito sobre o domínio do tempo durante a prova da OAB. Ele será vital na hora da verdade.

Ao longo da semana trabalharemos também o conceito de resolução estratégica da prova, e o tempo se encaixa perfeitamente nesse novo desenvolvimento.