Segunda, 10 de agosto de 2020
O médico infectologista e professor da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul e da Escola de Saúde Pública de Yale, Júlio Croda, afirmou durante uma entrevista concedida ao jornal O Globo que o Brasil já atravessou o pior momento da pandemia do novo coronavírus.
"O pior passou, mas a tragédia não. Se levarmos em conta que a letalidade real da Covid-19 é de 0,5%, teríamos 200 mil mortos no Brasil. Como a doença avança depressa no Sul, até o fim de agosto poderemos ver mais cerca de 20 mil a 30 mil pessoas morrerem. Em setembro, com o fim da estação de vírus respiratórios, a pandemia deve reduzir."
O infectologista, ex diretor do Departamento de Imunizações e Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde na gestão de Luiz Henrique Mandetta, acredita que é possível diminuir o números de mortos e infectados nos próximos meses, mas que dependerá das ações do governo e da sociedade.
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Segundo Croda, alguns estados já atingiram chamada imunidade coletiva, como é o caso do Amazonas que já passou pela fase mais crítica. No entanto, o infectologista alerta que é preciso estar atento aos cuidados em razão dos milhares de vulneráveis que ainda não tiveram contato com o vírus.
?No Rio de Janeiro, por exemplo, não deve haver uma segunda onda maior do que a primeira na capital. Mas a pandemia não acabou de forma alguma. O número de casos vai aumentar, isso é esperado. Porém, não teremos o caos. Exceções podem ser municípios do interior?, disse.
O médico acrescenta que, apesar de vislumbrar melhora do cenário, devemos continuar tomando todos os cuidados, mantendo distanciamento social e estando atento à higiene e ao uso de máscara. Desta forma, seguindo o protocolo de prevenção, somado à imunidade coletiva que vários estados estão começando atingir, é possível reduzir consideravelmente o número de infectados.
Corroborando com o posicionamento do infectologista, um levantamento feito pela Universidade Imperial College de Londres, no Reino Unido, mostrou que a taxa de contágio do novo coronavírus no Brasil caiu de 3 para 1,08 no início de agosto, comparado aos três primeiros meses da pandemia. Esse índice vinha reduzindo desde o mês de junho, quando o país atingiu 1,01, a menor marca já alcançada.
Esta queda foi possível em razão da adoção de medidas como redução da circulação de pessoas, isolamento social, fechamento do comércio e escolas na fase mais crítica, além da prevenção, como uso de máscaras e cuidados com higiene das mãos.
Conforme o estudo, para a pandemia ser considerada controlada, a taxa de transmissão precisa estar abaixo de 1. Esse índice foi atingido por alguns países da Europa, Ásia e África, segundo a última versão do relatório semanal do Imperial College, que contém dados de 65 países com transmissão ativa do coronavírus.
A taxa brasileira é menor que a de países como Canadá (1,09), Colômbia (1,09), Peru (1,09), Índia (1,12), França (1,16), Argentina (1,16) e Austrália (1,28). Por outro lado, é superior ao da Alemanha (0,72), Suécia (0,55), Espanha (0,84), Portugal (0,85), Bélgica (0,93), Itália (0,94) e Chile (0,94).
Com informações de O Globo e Veja.