Quinta, 9 de janeiro de 2020
O Exame de Ordem não está fácil para ninguém e isso não é segredo nenhum. Os examinandos têm tomado uma surra atrás da outra.
A verdade é que a Ordem não tem poupado as chineladas nos examinandos e é preciso se proteger o quanto antes das pancadas inclementes da prova.
Das últimas sete edições do Exame de Ordem, seis foram muito difíceis, sendo que destas cinco temos três das quatro piores provas de todos os tempos.
Observem abaixo:
XXI Exame - 3ª pior prova de todos os tempos (recuperou seu posto ontem);
XXII Exame - Prova com alta aprovação na 1ª fase;
XXIII Exame - Pior prova da história;
XXIV Exame - Prova razoável, com boa aceitação entre os candidatos;
XXV Exame - Prova considerada difícil, com questões de Ética e Processo do trabalho complicadas;
XXVI Exame - Prova também considerada difícil, com mesmo percentual de aprovação da prova do XXV;
XXVII Exame - Provavelmente a 4ª pior prova de todos os tempos, com muitas reprovações.
XXVIII Exame - Prova difícil, mas com aprovação razoável
XXIX Exame - Prova difícil, no padrão do XXVII e XXV.
XXX Exame - Prova difícil e conturbada, com baixa qualidade técnica e mesmo percentual de reprovação do XXIX.
Nunca, nunca mesmo, até agora, eu vi 3 provas objetivas seguidas seguirem o mesmo padrão quanto ao grau de dificuldade. Tanto é que, quando fui analisar o futuro grau de dificuldade do XXVII Exame, achei que teríamos uma prova razoável, em função das provas do XXV e XXVI terem sido mais difíceis.
A FGV não seguiu sua tradição de oscilar o grau de dificuldade, facilitando um pouco mais após duas provas complicadas, e resolveu bater ainda mais pesado no XXVII Exame.
Foi o início das sequências difíceis da prova.
Então temos que nos blindar de tanta maldade da banca.
Como?
1 - Blindagem emocional
Uma verdade: se existem pessoas que passam, então vocês têm plenas condições de serem aprovados.
Qual a diferença entre os aprovados e os que sucumbem?
EMPENHO e MÉTODO.
Naõ adianta querer combater a ansiedade e o medo da prova quando eles já estão instalados. O grande diferencial emocional para a prova está em chegar na véspera dela CONSCIENTE de que se está preparado.
E a autopercepção do domínio do conteúdo, e NENHUMA OUTRA COISA MAIS, que faz a diferença no emocional do examinando.
Não será tomando Rivotril, Calminex ou Maracujina que vocês irão se acalmar e ficarem emocionalmente estáveis. Será estudando com antecedência, resolvendo trocentas questões, vários simulados, com muitas horas REAIS de bumbum na cadeira que a segurança é CONSTRUÍDA.
Priorizando corretamente o que estudar na reta final da OAB
Exatamente! A segurança é uma construção, estruturada na certeza de que o estudo está sendo de qualidade.
Essa segurança faz a diferença na hora da verdade.
Quantas horas diárias você precisa para estudar bem?
Não existem fórmulas mágicas. Quem estuda cria para si segurança, e essa segurança faz seu papel na hora da prova.
O controle e a segurança emocional precisam começar a ser construídos AGORA.
2 - Disciplina
Se vocês estão em busca de uma fórmula mágica que envolva um mínimo de esforço para serem aprovados, eu tenho uma péssima notícia: tal fórmula não existe!
Não tem jeito: o tempo TEM de ser sacrificado em nome da aprovação.
E mais do que isto! Tem de ser praticamente quase todo dia, tirando aí o domingo em cada semana.
Disciplina significa fazer o que tem de ser feito independente das circunstâncias. O soldado tem de se expor no combate e cumprir as ordens, o médico tem de seguir procedimentos durante a cirurgia, o estudante tem de todo dia seguir uma rotina rígida para poder, com isso, vencer todo o conteúdo necessário para ser aprovado.
Ou existe disciplina, sem procrastinações de qualquer natureza, ou a aprovação não vem.
Coloquem uma coisa na cabeça: vocês vão sim perder praia, viagens, carnaval, baladas e tudo mais que é legal durante o processo de preparação.
Assumam isso e sejam firmes no propósito.
Melhor sacrificar o tempo agora e ser aprovado do que ficar 1, 2 ou 3 anos na fila tentando a aprovação.
Não tenham dúvidas sobre qual é a melhor relação custo x benefício para a vida de vocês.
3 - Foco
Muito provavelmente o foco é o grande superpoder do século XXI. Quem consegue prestar atenção somente em um objeto tem, de fato, um superpoder em um mundo repleto de distrações.
O foco é a capacidade de prestar atenção em um só objeto, no nosso caso, ou a aula ou o livro, e não permitir que nenhum elemento externo a esse processo atrapalhe o processo.
Isso é fundamental para que o tempo empregado durante os estudos seja utilizado ao máximo.
Sentar por 4 horas para estudar sem foco significa que a pessoa não estudou de fato por 4 horas, e esse prejuízo é de difícil contabilidade, mas de consequências reais.
O problema é que o foco demante alto esforço cognitivo, e é muito, mas muito difícil mantê-lo de forma ininterrupta por mais de uma hora de estudo.
O importante, sob este aspecto, é sempre prestar atenção em si mesmo. Se a mente está fugindo do livro ou da aula, parem de estudar, dediquem-se a qualquer outra atividade por 5 a 10 minutos, e depois retornem aos estudos.
O cérebro precisa de pausas para descansar. Essas paralizações tem o fito de dar esse descanso ao cérebro. Se vocês não param, fica cada vez mais difícil manter o foco, e a preparação é prejudicada.
As paradas têm curta duração e precisam ser cronometradas, pois o processo precisa ser retomado. Sem o controle as paradas podem se tornar demasiadamente longas, o que atrapalha também a preparação.
4 - Método
Não basta estudar! Tem de estudar do jeito CERTO!
Estou falando de adotar um método, uma fórmula adequada de estudos.
O que mais existe no mundo são métodos de estudo. Eu recomendo o meu, que tem só 13 anos de existência e já vem sendo testado pelos examinandos há uma década, com um excelente feedback de todos.
A eficiência de um método é revelada por uma prática muito simples e elementar: vocês têm de ser capazes de AVOCAR a informação estudada.
Se você avoca a informação, ou seja, chama ela à memória, você exerce o domínio sobre ela. Ou seja, você sabe.
Simples assim!
1 - Assista a aula;
2 - Resolva questões (muitas)
3 - Revise periodicamente.
A fórmula é objetiva, e funciona!
5 - Apenas comece
Começar a estudar é a coisa mais banal do mundo. É pegar seu livro, ou seu curso, e começar.
Pode parecer bobagem, mas muita gente tem uma dificuldade imensa para começar, presa entre a vontade de iniciar e também a organização de tudo.
Isso se chama procrastinação, e a procrastinação se apresenta de várias formas.
Tomou sua decisão? Inicie a preparação de plano, sem enrolação.
Todo mundo pracrastina de vez em quando, o problema é sempre adiar atividades que não poderiam ser deixadas para depois.
Como derivativos da procrastinação surge a culpa, a ansiedade, a baixa autoestima e a insegurança.
A procrastinação não depende diretamente da dimensão ou do teor da tarefa, da importância da decisão ou da ação a ser realizada. Quem procrastina posterga desde tarefas banais até compromissos portantes.
A verdade é: por detrás da procrastinação há um medo inconfessado de fracassar.
E isso é paradoxal: o procrastinador sabe que tem de estudar, não estuda e sente uma espécie de satisfação em não estudar, apesar da culpa embutida no processo.
Pode ser que o medo de assumir responsabilidades, obrigações (como a de passar no Exame de Ordem) ou meros riscos podem, de forma inconsciente (e isso é importante) prejudicar os nossos anseios e projetos. A isso chamamos de autossabotagem.
E quem se sabota não consegue vencer a prova.
Então assumam a questão como algo simples: se vocês decidiram estudar, começem imediatamente, sem enrolação.
É isso!
Mãos a obra então!