Quarta, 24 de junho de 2020
O ano de 2020 já é um marco na vida de toda a humanidade. E ele também pode representar um marco para a advocacia no Brasil.
Acompanho as estatísticas da quantidade de advogados há muito tempo (fui o primeiro a anunciar que chegamos a 1 milhão de advogados) e SEMPRE os homens foram maioria em todas as seccionais.
Mas isso, e de forma irreversível, está para ser revertido!
Cadastre-se no Telegram do Blog.
Cadastre-se no Whatsapp do Blog.
Agora, em junho de 2020, as advogadas já são maioria em DEZ seccionais, em uma marcha inexorável que deverá consolidar as doutoras como maioria em TODAS as secionais em apenas mais dois ou três anos.
Confiram os dados oficiais da OAB:
Há bem mais de 10 anos as mulheres são maioria dos ingressantes no curso de Direito, que sempre foi predominantemente masculino. Mas, com o decurso do tempo, a distância entre homens e mulheres têm caído acentuadamente.
E agora a composição da classe por gênero finalmente chegou a um ponto de inversão, e as advogadas começam a se tornar maioria. Hoje são apenas 5.850 advogados a mais do que as advogadas.
Isso ocorre, especialmente, em função da inversão da quantidade de inscritos nos quadors da OAB. A quantidade de jovens advogadas, com até 25 anos, é quase o dobro da quantidade de homens, como mostram os dados mais atuais da OAB:
A jovem advocacia é, majoritariamente, feminina.
Curiosamente, não só o número de estudantes do sexo feminino é maior como também os percentuais de aprovação por edição do Exame de Ordem mostram que as mulheres são ligeiramente melhores em relação aos homens:
A média geral de aprovação por edição, considerando o período do Exame com a FGV, é de 18,7%.
A diferença do sucesso entre homens e mulheres não é muito significativa - apenas 0,5% - mas revela que elas são melhores na "hora da verdade", sem contar que a quantidade de inscritos por edição, do gênero feminino, também é maior.
Quanto aos inscritos, 58,4% pertencem ao gênero feminino, enquanto 41,6% são do masculino.
Por isso a distância tem caído ano após ano, e quando passar integralmente, começará a abrir grande distância em relação ao gênero masculino.
Lançadas as novas turmas das Pós-graduações do Jus21!
Essa expansão, de certa forma, é alimentada também pelo aumento do número de faculdades de Direito nas duas últimas décadas.
Assim evoluiu a gradação do número de instituições no país:
1995 ? 165 faculdades de Direito
2001 ? 505 faculdades de Direito
2014 ? 1.284 faculdades de Direito
2015 - 1.304 faculdades de Direito
2018 - 1.423 faculdades de Direito
2020 - 1755 faculdades de Direito
Esse crescimento da graduação impacta no quadro de advogados. Confiram o número de estudantes de Direito por gênero no Brasil, de acordo com o censo da educação superior de 2018.
O curso de Direito conseguiu manter sua expansão e se consolida ainda mais como a maior graduação do Brasil, com 879.234 ingressantes, seguido pelo curso de Pedagogia, Administração e, mais remotamente, Ciências Contábeis.
Número de estudantes universitários do Brasil na área jurídica por gênero:
Direito tem hoje mais mulheres do que homens. São 486.422 estudantes do sexo feminino diante de 392.812 do sexo masculino. Curiosamente, e ainda assim, o curso é o que tem no total o maior número de estudantes do sexo masculino se comparado com as demais graduações.
Entretanto, apesar da ascensão feminina, o número de mulheres em cargos de direção na Ordem está muitíssimo longe de refletir uma paridade com o número de inscritos.
Essa é uma assimetria que até hoje a OAB não conseguiu equacionar.
Se é que há real vontade de se equacionar tamanha diferença na representação da classe.
Há muitos anos se discute a paridade de representação na OAB. Mas nunca vemos de verdade a concretização de uma real igualdade.
Já se passou tempo suficiente entre debates e implementação de ações afirmativas para se poder afirmar que, no fundo, quando o assunto é poder, não há uma real vontade da OAB de mudar a realidade. Se houvesse a representação da classe seria completamente diferente.
O poder desperta ciúmes!
O ano é 2020 e não temos NENHUMA MULHER como presidente de seccional. E entre os 81 conselheiros federais, apenas 17 são mulheres.
A desproporção é colossal e isso não é resultado do acaso.
É uma pena.