Terça, 10 de agosto de 2021
Começo esse texto deixando muito claro o que eu penso: eu NÃO gosto da FGV!
Não na condução do Exame de Ordem!
Desde a entrada dela no Exame, em 2010, eu já não gostei, por conta das muitas falhas apresentadas logo após a substituição do antigo CESPE (que não deixou saudades também).
E ao longo desses 11 anos de FGV pedi a retirada da entidade ao menos em umas 7 oportunidades, e em todas as vezes com muita, mas muita razão. O último pleito foi no XXX Exame, de triste memória, com questão plagiada, questão fora do edital, erros em peças e em questões da primeira e segunda fase.
A Ordem nunca cogitou a hipótese de afastar sua parceira.
Aí chegou a pandemia, com seu longo e triste inverno e, após um ano e quatro meses, voltamos a ter uma prova de primeira fase: a prova do XXXII Exame.
E a primeira prova pós-pandemia foi um grande desastre!
Uma prova com um nível de dificuldade absurdo, uma multiplicidade de questões erradas, questões com pegadinhas, questões fora do escopo de formatação tradicional e temas pouquíssimo explorados.
O resultado está bem fresco na memória de todos.
A OAB, em uma tentativa de reparar o dano causado pela PIOR prova de todos os tempos, em todos os sentidos, correu e anulou 5 questões de ofício, e o fez em uma velocidade sem precedentes.
Não aplacou a ira dos candidatos, que bombardearam vários perfis nas redes sociais da entidade e de seus dirigentes, exercendo uma pressão absurda sobre todos.
Ninguém sabe os detalhes do que ocorreu nos bastidores entre a OAB e a FGV, mas sabemos de uma coisa: não foi algo bom!
Pela primeira vez as falhas na prova geraram um inequívoco desgaste público entre as duas entidades. Desgaste exposto em uma nota publicada em um famoso jornal carioca:
BOMBA! OAB decide abrir licitação para as próximas provas da Ordem!
A repercussão foi grande!
E o impacto na FGV também!
E digo isso com tranquilidade agora em função do que foi a prova do último domingo: a FGV sentiu a tensão e aplicou uma prova com um nível bastante elevado.
A qualidade das provas da 2ª fase, até a percepção do momento, foi manifesta.
As provas seguiram o padrão que eu havia alertado aqui: peças de fácil identificação, enunciados claros e escorreitos e, potencialmente, um aumento no número de intens nas provas para compensar a grande quantidade de inscritos, o que não afetaria a percepção de qualidade da prova.
E a prova do XXXII Exame da OAB? Ela será muito difícil também?
Sim! A FGV sentiu que era obrigada a melhorar. E melhorou!
E o fez por motivos óbvios: O Exame de Ordem é um excelente negócio!
Uma prova que acontece 3 vezes ao ano, com uma inscrição muito cara e com uma maravilhosa regularidade de inscritos: ao menos 130 mil por edição.
A última prova então, por conta da pandemia, teve 220 mil inscritos, o que gerou uma receita nada desprezível. Ninguém quer perder um contrato como este.
E muito menos quando, ao final deste ano, o contrato com a OAB está para findar. A FGV com certeza tem interesse em renová-lo para a condução do Exame na próxima gestão.
Mas para isto acontecer, o Exame de Ordem tem de funcionar, e funcionar sem polêmicas.
Aqui chegamos ao nosso ponto!
O que será do futuro da prova?
Vou ser sincero: eu não acredito que a FGV seja substituída. Essa é a minha visão.
A entidade vai fazer o possível para se manter no Exame e certamente está fazendo seu melhor para conseguir entregar provas com o máximo de qualidade possível. A prova do último domingo foi testemunha disto.
E isso vale também para a próxima edição, cujo edital será publicado agora, quinta-feira!
Sim! Eu tenho a convicção de que a próxima prova objetiva da OAB, e sua respectiva segunda fase, terão um nível de excelência alto, assim como vimos acontecer no XXXI Exame de Ordem, até agora a melhor edição da história.
Não estou dizendo que serão provas fáceis, longe disto, especialmente por conta dos muitos inscritos, mas serão ao menos provas muito bem feitas. Quanto a isto, considerando todo o contexto, eu não tenho dúvidas.
A FGV, depois de mais de 10 anos, percebeu que precisa evoluir, e desta vez isso deve efetivamente acontecer.
Para todos, incluindo eu mesmo, não interessa de fato quem vai conduzir o Exame de Ordem. Isso é indiferente!
O que importa mesmo é a qualidade da prova. Isso sim é importante!
É importante porque faz justiça aos candidatos, é importante porque legitima e dá força ao instituto, é importante porque cala dos detratores da prova.
Por mais tarde que seja, é muito bem-vinda a melhoria no Exame. Espero, claro, que de forma perene, e não pontual.
Aos futuros examinandos fica a orientação: estudem com afinco para o XXXIII Exame de Ordem. A prova tem tudo para ser muito boa, no sentido de bem elaborada.
À OAB fica a dica: não tenha nenhum receio de romper com a FGV se a entidade pisar na bola. Ninguém, ao menos até agora, vai sentir falta.
E FGV, fica aqui a minha sincera orientação: invista em qualidade! Todos, inclusive você, têm a ganhar.