XV Exame da OAB: há alguma chance da Ordem anular ao menos uma questão?

Segunda, 17 de novembro de 2014

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Uma das coisas que norteiam o trabalho do Blog desde o início é o exercício da sinceridade. Isso volta e meia me causou algumas dores de cabeça, porque ser sincero nem sempre converge com os interesses dos candidatos.

Em algumas oportunidades, como no Exame 2009.2, eu fui até (muito) hostilizado por dizer o que penso.

Mas eu prefiro assim. O tempo costuma ser o senhor da razão e ser intelectualmente honesto em uma atividade passível de escrutínio por milhares de pessoas é uma salvaguarda do próprio trabalho.

Pois bem...

O que vou escrever agora NÃO vai agradar a maioria dos candidatos reprovados ontem, mas é algo que precisa ser dito: Eu, infelizmente, boto pouquíssima fé em anulações nesta prova objetiva.

Olhando o contexto e sendo pragmático, dá para APOSTAR (e é meramente uma aposta) em apenas UMA anulada, e olha lá!

E por que esse pessimismo? Tenho dois motivos para pensar assim.

O primeiro é relativamente óbvio: não temos, ao menos neste primeiro momento, muitas questões controversas ou passíveis de anulação. Conversei com os professores do Portal e apenas 3 questões, neste momento, surgiram como candidatas.

Essa foi, muito provavelmente, a prova mais redonda que a FGV fez, e realmente a dificuldade em encontrar falhas tem sido bem grande. Tanto é que o nosso gabarito bateu 100% com o gabarito da FGV - Gabarito extraoficial do Portal Exame de Ordem, o 1º a ser lançado, bateu 100% com o gabarito oficial da OAB!!!

Conversando com os professores visualizamos neste momento recursos para questões de Processo do Trabalho, Direito Civil e Ética Profissional, que  serão publicadas entre hoje e amanhã.

Depois nós temos o histórico recente de anulações.

A OAB tem demonstrado uma IMENSA má-vontade em anular questões. A má-vontade é tão grande que escrevi um post, cerca de 2 semanas atrás, falando exatamente disto: a necessidade de se fazer 40 pontos HOJE para não depender de anulações:

Fazer 40 pontos ou mais é a lei, ou, candidato nenhum pode depender das anuladas na 1ª fase da OAB

Tal como escrevi naquele dia, a OAB anda sendo meio implacável nas últimas edições do Exame de Ordem, frustrando a todos com uma postura para lá de rigorosa: nas últimas 7 edições da prova a Ordem não anulou nenhuma questão em 5 oportunidades. Confiram o histórico:

VIII Unificado - Nenhuma anulação

IX Unificado - 3 questões

X Unificado - Nenhuma anulação

XI Unificado - 1 questão

XII Unificado - Nenhuma anulação

XIII Unificado - Nenhuma anulação

XIV Unificado -Nenhuma anulação

E aqui devemos considerar o fato de que nestas edições algumas questões mereciam ser anuladas. Essa realidade é bastante frustrante...

Hoje eu só aconselho os candidatos que fizeram 39 pontos a assumirem o risco. Quanto aos demais, dado o quadro, as chances são verdadeiramente pequenas.

E, claro, quem fez 39 pontos precisa ter em mente de que a perspectiva de não termos nenhuma anulação é bem factível.

Claro! Não sou da OAB e não tomo decisões por eles. Pode ser que surjam uma ou mais anuladas, quebrando a minha análise, mas acho isso bem improvável.

A prova foi muito redondinha (sob o aspecto da construção e correção das questões) e o histórico recente é o pior possível.

Claro! O candidato pode arriscar fazer o curso e apostar na sorte. E pode fazer isso pensando que estudar, mesmo que o resultado favorável não venha, é um investimento, já projetando o próximo exame de ordem. É um raciocínio perfeitamente válido, desde que a percepção do contexto esteja bem clara.

Neste ponto falo especificamente de se tomar uma decisão estratégica. Assumir a derrota e começar de agora a estudar para o próximo Exame de Ordem ou arriscar, comprar um curso para a 2ª fase e apostar nas anulações necessárias?

Quem tem esperança quer partir para a 2ª fase. Quem é mais frio reconhece a derrota e estuda para a próxima 1ª fase. Vamos ser pragmáticos: até que ponto dá para arriscar? Analisaremos o contexto para passar a visão completa do problema:

 Nós temos, basicamente, 3 parâmetros para pensar as anulações. São eles:

1 - Percentual de aprovados na 1ª fase;

2 - Qualidade da prova no geral e;

3 - O tamanho do erro nas questões.

A experiência nos diz que os erros, por mais escabrosos, não são determinantes para anular uma ou mais questões. Não tem edição do Exame de Ordem em que a indignação não tome conta dos candidatos por conta de questões grosseiramente viciadas que não são anuladas pela banca. Ou vocês acham que nas edições onde nenhuma questão foi anulada não surgiram recursos?

Infelizmente é assim.

Resumindo tudo então: quem deve arriscar os estudos para a 2ª fase?

1 - Quem ficou com 39 pontos

Quem fez 39 pontos pode arriscar. A esperança de uma única anulação é uma perspectiva tangível, apesar das dificuldades.

2 - Quem ficou com 38 pontos ou menos

Acho muito, mas muito difícil mesmo que a OAB anule 2 questões. Seria uma grande surpresa se ela vier a fazer isso. Não dá para apostar.

Independentemente da decisão, ela terá de ser tomada o quanto antes. Se for tomada apenas na divulgação da lista final de aprovados o tempo de preparação será bem pequeno.

E lembrem-se: é tudo sempre um risco. Ninguém pode antever o que de fato vai acontecer. Pensem nisso antes de tomar uma decisão.