Terça, 11 de fevereiro de 2014
Recebi o depoimento abaixo de uma examinanda que fez a prova de Administrativo do XII Exame. É a exposição de como o emocional de um candidato pode ser destruído - e sua chance de aprovação também - por conta da ineficiência da distribuição das erratas.
Informar uma errata é algo simples, ou ao menos deveria ser, mas a falta de reflexão e de planejamento transformam o simples em um desastre.
Espero que ao menos este texto sirva para sensibilizar a FGV ao ponto de fazê-la ser EXTREMAMENTE indulgente na correção das provas de Administrativo.
Não pode ser de outro jeito.
Aliás, o ideal era que TODAS as peças apresentadas fossem admitidas, e mesmo assim ainda seria pouco, pois a perda de tempo, os rascunho e o prejuízo no raciocínio continuarão a penalizar os candidatos. Aceitar todas as peças ainda é POUCO.
O nome da autora do texto foi deliberadamente suprimido. Ela fez a prova em Natal/RN.
"Depois de um pouco mais de 50 dias de estudos, passando as festas de fim de ano me privando das confraternizações com meus amigos e familiares, na preparação para o XII Exame da Ordem, o que fiz com muito gosto e dedicação, visando estar efetivamente pronta para a minha aprovação. Chegando o dia de realizar a prova, fui bastante confiante e acreditando que estava preparada.
Como moro em uma cidade que não tem horário de verão, tive que sair de casa às 10:00 horas da manhã para almoçar e às 11:00 horas em ponto (quando os portões estariam abertos) estar no local da prova. Procurei fazer tudo no tempo certo para não ocorrer imprevistos e não chegar estressada e nem nervosa na prova.
Pois bem, tudo certo com o horário, com a conferida em meu material e até com a prova!!
Quando a recebi, fiquei bastante satisfeita e até feliz, pois ao lê-la percebi que sabia das respostas.
Quando vi que no caso da peça profissional já tinha sido impetrado um MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO, veio em minha cabeça no mesmo momento, RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL!!!
Então comecei a fazer, depois de um tempo um dos fiscais nos avisou que teria uma errata no enunciado da peça da prova de DIREITO ADMINISTRATIVO (a minha no caso!) e que iria ter que distribuir para que todos nós corrigíssemos a mesma. Mas não foi o que aconteceu, ele recebeu apenas uma folha impressa e na hora ficou em dúvida com a outra fiscal se deveria ler ou escrever a errata no quadro. Nem uma coisa nem outra, ele resolveu passar de carteira em carteira com essa bendita folha para que cada um de nos candidatos escrevêssemos a errata no rascunho da prova.
Pronto! Começou meu nervosismo, mas tentei me manter calma, afinal, eu sabia da matéria e não tinha o porquê, até aquele momento, de me angustiar.
Escrevi a errata do paragrafo 3° nas pressas, pois sabia que tinha outros candidatos ansiosos para corrigir o enunciado, percebia todos me olhando esperando que eu terminasse logo de escrever para que a folha da errata chegasse ate eles também.
Feito isso, reli o enunciado e continuei fazendo o ROC, já que não achei necessário mudar minha peça, mesmo com a correção. Quando de repente, a outra fiscal me entregou uma outra folha com uma segunda errata do paragrafo 4°, acontecendo tudo como na primeira vez, sendo dessa até pior porque começou os cochichos na sala, todos questionando quantas erratas afinal seria, eu já me tremendo escrevi a errata em rabiscos no meu rascunho de prova.
Nessas alturas eu já tinha escrito até a terceira folha de resposta definitiva (não fiz rascunho, já que não há tempo para isso), quando comecei a ter dúvidas a cerca da peça profissional.
Foi quando, minutos depois, entra na sala um rapaz que não se identificou, falando que iria escrever no quadro uma errata da prova de Direito Administrativo e que teríamos, todos os candidatos independentemente da matéria, mais 30 minutos para realizarmos a prova.
Aparentemente uma ótima noticia, não é mesmo!??? Só que não! Absolutamente não! Como assim, mais um errata na prova? Seria a terceira??! Pronto, não tinha mais ninguém de Administrativo em sala tranquilo, porque não estávamos entendendo mais nada. A fiscal, em solidariedade a nós, passou de carteira em carteira esclarecendo que aquela terceira errata, seria a mesma da segunda, mas que de forma resumida. Confuso né?!
Pois bem, se eu já estava em dúvida nessa hora eu não sabia mais o que fazer, na verdade não sei nem descrever a sensação que eu estava sentindo. Ainda sim, terminei o ROC, utilizando TODAS as linhas permitidas para elaboração da peça profissional. E fui para as outras questões com uma apreensão imensa, querendo raciocinar para elaborar minhas respostas, mas com a cabeça na peça, tentando identificar qual a peça seria a correta.
Fiquei tão aflita que quase desisto de responder as questões, pois pensando que tinha errado a peça, não adiantaria de nada responde-las, já que nem seriam corrigidas.
Com taquicardia, querendo chorar e super nervosa pedi para ir ao banheiro na intenção de tentar me acalmar e esfriar a cabeça. Voltei para sala, mas infelizmente acabei tomando uma decisão drástica, vendo que ainda me restava uma hora e meia para entregar a prova, resolvi ?remendar? a peça e troca-la por outra. Risquei o que não tinha como aproveitar do ROC para uma Ação Ordinária, por exemplo o endereçamento, as razões do recurso, os pedidos, e assim foi. Retalhei toda minha peça linda que tinha feito.
Segui para resolver questões, não por ordem, e sim pelas que já sabia de cara transcrever. Dai, eu não tive mais tempo para caprichar em nada e fui escrevendo como dava, ate que chegou o momento de entregar e ao vê o fiscal conferindo minha prova, entrei em prantos. Pois alguma coisa me dizia no fundo do meu coração que eu tinha feito uma mega confusão.
Sai do prédio onde ocorreu a prova e permaneci chorando até mais ou menos 23h00min horas da noite, pois me bateu um desespero quando vi os comentários sobre a prova de que a peça correta era o ROC. Depois dessa hora fui rezar, pedi à Deus que acalmasse e tranqüilizasse meu coração, porque eu mesmo não estava aguentando ficar naquela situação de impotência, de incompetência. Enfim, lembro-me que às 4 horas da manhã do dia de hoje eu ainda estava acordada, me perguntando porque aquilo estava acontecendo comigo.
Dizer que as erratas me atrapalharam, não é verdade, pois mesmo elas tendo sido apresentas em momentos diferentes eu identifiquei a peça como um ROC e realmente o fiz, mas tenho que ser sincera e dizer que a forma como foi apresentada, de como foi feito a correção do enunciado me deixou extremamente nervosa. Se tivesse sido feita de uma vez só, esse nervosismo não teria ocorrido, mas por três vezes a prova foi interrompida, não há como se falar em manter a calma em uma situação dessa, e olhe que eu tentei, juro como tentei!!
Ter-nos acrescido mais 30 minutos de prova, realmente era o mínimo que poderia ter sido feito naquela ocasião, mas favoreceu a todos os candidatos, independentemente da matéria que estivesse fazendo a prova, todos tiveram mais tempo, até mesmo aos que não tiveram problema nenhum na elaboração da prova.
Gostaria agora que de fato fosse feito uma criteriosa avaliação quanto a correção das provas de Direito Administrativo. Que seja considerado tudo que foi escrito e levem em consideração o tanto que esse infeliz ocorrido me prejudicou. E não só a mim, como a muitos outros colegas. De ontem para hoje já li tantos depoimentos feitos o meu, inúmeras pessoas compartilhando de um mesmo sentimento decepção.
Peço a Deus que dê discernimento aos examinadores dessa prova em especial, porque sei que teria todas as condições de aprovação, aliás tenho, se for considerado o que de fato eu escrevi antes de vir os problemas causados por essa confusão das erratas.
Natal, 10 de fevereiro de 2014."
Vejam também:
Prova de Direito Administrativo: FGV apresentou duas erratas aos candidatos!!
FGV promete assegurar uma correção justa aos candidatos de Administrativo
Caderno de Prova (Direito Administrativo) Padrão de respostas - Direito Administrativo Mesa Redonda da 2ª fase do XII Exame de Ordem