Vamos conversar honestamente sobre recursos e possibilidades de anulações?

Segunda, 20 de julho de 2015

Muitos candidatos, evidentemente, estão preocupados com a questão dos recursos e com a possibilidade da OAB anular alguma coisa ou não. E sim, quem determina as anulações é a OAB, e não a FGV, que apenas acata o que a Ordem determina. Vejo gente falando em 2 ou 3 recursos para a atual prova, que é um número bem baixo. Na prova passada tivemos um carnaval de recursos circulando pela internet e nada foi anulado. As anulações, de afirmo isso de forma categórica, não guardam nenhuma correlação com o número de anulações. Vamos então, para começo de conversa, ver o histórico recente de anulações: IV Unificado - 3 anuladas V Unificado - 1 anulada VI Unificado - 2 anuladas VII Unificado - 4 anuladas VIII Unificado - Nenhuma anulação IX Unificado - 3 anuladas X Unificado - Nenhuma anulação XI Unificado - 1 anulada XII Unificado - Nenhuma anulação XIII Unificado - Nenhuma anulação XIV Unificado - Nenhuma anulação XV Unificado - 2 anuladas XVI Unificado - Nenhuma anulação XVII Unificado - Esse é o histórico recente. Tenho dados que remontam ao ano de 2006, mas que não publico mais porque perderam a importância em função da mudança da banca e do contexto do Exame em geral. Ou seja: acompanho e registro as anulações desde muito antes do Exame ser totalmente unificado. Mas vamos falar de outra coisa, mais especificamente da prova passada, a do XVI Exame, bem fresquinha na cabeça dos candidatos. Pois é... Foi simplesmente a 5ª pior prova de todos os tempos em termos percentuais, e talvez a pior prova sob o ponto de vista técnico. Essa distinção entre o percentual e a percepção se justifica somente por um incremento do processo de preparação dos candidatos ao longo do tempo. Os cursinhos evoluíram e isso se reflete na prova, que também, por sua vez, evoluiu quanto ao grau de dificuldade em si. Vamos ver as 5 piores provas de todos os tempos, em termos puramente estatísticos:

No XVI Exame de Ordem nós tivemos 111.816 inscritos, com 26.836 aprovados, o que dá um percentual de aprovação de 24%.

Este percentual de 24% está um pouco longe das piores edições da prova.

No XII o percentual de aprovados na 1ª fase foi de 21%.

No IX Exame o percentual foi de 16,67%, e aqui precisamos mencionar que tivemos 3 anuladas na 1ª fase! Sem elas a aprovação teria sido de 10,3%. Tanto é que nesta edição, pela 1ª vez, a OAB não publicou a lista de aprovados, certamente temendo um exacerbamento extremo das críticas (que na época foi imensa).

Estatisticamente, portanto, a 1ª fase do IX Exame foi a mais devastadora de todas as provas objetivas.

No IV Exame de Ordem o percentual foi de 18,48% na 1ª fase.

No 2010.1 o percentual foi de 19,95%, e isso porque tivemos 5 anulações. Sem elas o percentual teria sido de 10,43%.

No 2009.1 o percentual de aprovação na 1ª fase foi de 21,88%.

Na prova passada fizemos 4 recursos, sendo que 3 eram muito consistentes, de questões com erros gravíssimos! Todos os recursos do Portal para a 1ª fase do XVI Exame de Ordem E, apesar da baixa aprova, apesar dos erros grotescos, a banca foi inflexível e não anulou rigorosamente nada. Lembro-me até da imagem que publiquei aqui no Blog na ocasião: banca não anula questão E no final da publicação ainda escrevi isto daqui:

"É para acabar com os pequis do Goiás isso.

Inacreditável..."

Isso foi agora, 17 de abril deste ano. A verdade, e ela precisa ser dita, é que não dá para fazer a MENOR ideia sobre como a banca da OAB vai se pautar. Eu poderia vir aqui e falar que tem alguns recursos muitos bons, que eles merecem a anulação, elaborar uma série de argumentos para ao final frustrar todos vocês. Isso não seria legal da minha parte... A realidade, e o comportamento recente da OAB quanto a este tema, não permitem a venda de esperança. Isso não quer dizer que não vão anular nada, longe de mim sustentar isto, mas é bem difícil contrariar o histórico recente do Exame. E ainda temos dois complicadores: nesta edição temos um recorde de inscritos e, aparentemente, uma aprovação de razoável para boa na 1ª fase. Como não existe lógica nas anulações da OAB não podemos afirmar que os complicadores serão levados em consideração pela banca, mas eles estão lá e podem atrapalhar. A verdade é que a inocência morreu há muito tempo por conta desta realidade, é os recursos simplesmente não significam rigorosamente nada. A história das anulações no Exame de Ordem já mostrou, e comprovou em várias oportunidades, inexistir uma correlação entre o erro e a anulação. Simples assim! Dizer algo diferente disto seria simplesmente mentir... E agora? Como se pautar? Eu não consigo imaginar a OAB anulando 2 ou 3 questões nesta edição. Acho mesmo até difícil que anulem somente uma, mas ao menos uma anulação dá para ter alguma esperança. Não faço apostas, não tenho bola de cristal, mas se servir de orientação, quem fez 39 pontos tem o direito de arriscar a 2ª fase, em especial por conta do recurso que a professor Flavia Bahia está elaborando. É o máximo que pode ser dito. Não temos garantias, não temos certezas e não é possível dar ESPERANÇA para vocês. Trata-se de realmente assumir um risco. E por que assumir um risco, por que não esperar pela anulações? A razão é simples: as anuladas só serão reveladas quando faltar menos um mês para a prova da 2ª fase. Até dá para estudar alguma coisa, mas a partir deste ponto a preparação seria capenga, pois o volume de conteúdo é maior do que o tempo disponível para esgotá-lo. A razão para assumir o risco é de ordem estritamente prática: gestão do tempo.

"E você Maurício, se estivesse nesta situação, arriscaria?"

O maior entrave para se assumir o risco é o medo, medo de fazer uma escolha errada e quebrar a cara ao final. Aqui no CERS, para este caso, nós temos o Seguro CERS, ou seja, se a OAB não anula as questões, ou as anulações ao fim não ajudam, o candidato converte o dinheiro gasto na 2ª fase no curso de 1ª fase. é uma forma de mitigar o prejuízo do risco. Ademais, o estudo sempre fica, e será aproveitado em outra oportunidade. O "prejuízo" então é mitigado pelo aproveitamento do conteúdo e da certeza de que ele, o conteúdo, será necessário no futuro. Compensa arriscar? Eu arriscaria após pensar sobre as ponderações acima. Mas esse seria o meu posicionamento. Vocês precisam fazer o de vocês. Reflitam com calma, consultem outras pessoas e tomem aquela que julgarem ser a melhor decisão.