Quarta, 25 de agosto de 2010
Na nossa Comunidade no Orkut surgiu um debate sobre o uso de remédios para se otimizar o desempenho nos estudos, e naturalmente estavam se referindo ao preparo para o Exame de Ordem.
Como falta pouco mais de um mês para a prova, algumas pessoas podem se sentir tentadas a fazer uso de medicamentos que melhorem a concentração, visando abarcar o conhecimento necessário para lograrem aprovação na 1ª fase.
Vem então o relevante questionamento: Vale a pena usar medicamentos para otimizar o desempenho nos estudos?
O remédio da moda usado para este propósito é a RITALINA, do laboratório Novartis, e também o CONCERTA, do laboratório Janssen Cilag, sendo que o princípio ativo de ambos é o Metilfenidato.
O Metilfenidato eleva o nível de alerta do sistema nervoso central, incrementando os mecanismos excitatórios do cérebro, pois seu uso provoca uma maior produção e reaproveitamento de neurotransmissores, como a dopamina e a serotonina. Isto resulta numa melhor concentração, coordenação motora e controle dos impulsos, tendo sido concebido originalmente para pacientes portadores do transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH).
O problema é usar esse tipo de medicamento para otimizar o desempenho nos estudos, quando ele foi concebido para suprir uma carência neurológica de quem sofre de TDAH.
Vejam esta reportagem do Jornal Hoje sobre o uso indevido da Ritalina:
Afora o impacto dos efeitos colaterais, há de se considerar se, efetivamente, há algum aproveitamente útil na elevação do grau de concentração que o uso da Ritalina supostamente produz. Copio aqui trecho de um artigo do Dr. Rogério Neiva, especialista em concursos públicos, que trata exatamente do uso indevida da Ritalina e do seus resultados como "suplemento" para os estudos:
(...) saliento que tenho dúvidas sobre a eficiência do uso dos referidos medicamentos. Em tese, a intenção consiste na ampliação da concentração e atenção. Para compreensão da referida atitude, destaco que há um conceito de grande aplicação.
Trata-se da idéia da curva de aprendizagem. A referida construção foi desenvolvida pelo alemão Hermann Ebbinghaus e aperfeiçoada por Theodore Paul Wright. Tal conceito envolve a noção de que o processo de aprendizagem não é necessariamente linear. Ou seja, ao iniciarmos nossos estudos em determinado momento, haverá um ponto ótimo de aproveitamento, após o qual este contará com um comprometimento. A referida idéia se relaciona com um conceito da ciência econômica denominado função utilidade, conforme o qual em processos produtivos existem momentos e situações de otimização positiva ou negativa de resultados.
Ou seja, resumo do resumo: 10 horas seguidas de estudos não são o resultado aritmético de 1 hora vezes 10 de estudos. Assim, não é o fato de tomar um medicamento que permita permanecer 10 horas estudando que garantirá a eficiência de tal processo cognitivo e, principalmente, da apropriação intelectual da informação passível de solicitação no momento da prova. Não custa lembrar que o cérebro conta com uma estrutura bio-fisiológica complexa, não funcionando como uma máquina. Isto é, não é uma questão de trocar a pilha ou colocar uma bateria mais potente.
Fonte: Blog Tuctor
Lembrem-se: Ritalina é um remédio de tarja preta! Só usem sob prescrição de um médico, e não sob prescrição de um concurseiro.
Se querem motivação, vigor e concentração para estudar, façam exercícios físicos. Em uma matéria publicada na Folha de São Paulo, um estudo realizado pela Universidade Oregon de Saúde e Ciência, apontou que exercícios físicos também aumentam a capacidade de aprender e de memorizar. Ao se exercitar, há um aumento da quantidade de uma substância que regenera e cria neurônios na parte do cérebro especializada em memória e aprendizado.
Quem está se preparando para a OAB ou para concursos públicos deve ter na sua agenda um tempo destinado aos exercícios físicos. Claro que você não precisa ser um atleta, mas o zêlo no trato do corpo, não só com exercícios mas com a uma alimentação apropriada, certamente trará resultados muito positivos, tanto no campo cognitivo como no trato da saúde em si.
Estudos, exercícios, alimentação adequada e um pouco de lazer fazem parte do scrip.
O poeta romano Juvenal escreveu há muito tempo sobre a necessidade do equilíbrio entre a mente, o corpo e a alma:
Deve-se pedir em oração que a mente seja sã num corpo são Peça uma alma corajosa que careça do temor da morte, que ponha a longevidade em último lugar entre as bênçãos da natureza, que suporte qualquer tipo de labores, desconheça a ira, nada cobice e creia mais nos labores selvagens de Hércules do que nas satisfações, nos banquetes e camas de plumas de um rei oriental. Revelarei aquilo que podes dar a ti próprio; Certamente, o único caminho de uma vida tranquila passa pela virtude. Bons estudos!