Quarta, 7 de dezembro de 2011
Vale a pena ser ficar por conta dos estudos voltados à preparação para o concurso público? Vale a pena pedir demissão para se dedicar exclusivamente aos estudos? Vale a pena ser concurseiro profissional? É racional e eficiente a presente atitude? A busca de uma resposta adequada pressupõe a avaliação de um conjunto de variáveis e fatores. E o objetivo do presente texto consiste exatamente na provocação à reflexão e fornecimento de subsídios sobre o tema.
Uma primeira noção importante consiste na compreensão de que o tempo corresponde a um dos principais recursos no processo de preparação para o concurso público. Apesar da falta de tempo não impedir a aprovação, tal recurso tende a impactar na tendência de prazo para que o candidato conquiste o objetivo almejado.
Mas é fato que se o candidato fica exclusivamente por conta dos estudos, teoricamente, estará ampliando o relevante recurso correspondente ao tempo.
No entanto, por outro lado, o candidato que se dedica exclusivamente aos estudos assume um elevado custo de natureza emocional. Ou seja, tende a se sentir pressionado pelo resultado, em condição que não estaria caso não tivesse optado por este caminho.
Naturalmente que este custo emocional varia em função de fatores subjetivos e objetivos.
No plano subjetivo, nem todo mundo percebe e trabalha com adversidades e cobranças da mesma forma. Existem aqueles que contam com uma sensibilidade maior, tendo capacidade mais limitada para conviver com tal cenário adverso e trabalhar soluções. Já outros contam com comportamento contrário, isto é, têm sensibilidade mais contida e menor dificuldade de convivência com adversidades.
No plano objetivo, as diferenças de circunstâncias também determinam distintas avaliações. Por exemplo, um candidato que pede demissão para sobreviver com reservas financeiras limitadas, que contam com prazo de validade, vivenciam um contexto diferente daqueles que dispõe de uma estrutura financeira sem prazo de validade fixado, como no caso do candidato que conta com os pais ou o cônjuge para garantir a sua sobrevivência.
Nesta equação ainda há outra variável a ser considerada, talvez de natureza secundária, ao menos do ponto de vista cognitivo e dos estudos, porém de caráter relevante, que consiste no custo financeiro e custo de oportunidade. O custo financeiro envolve o quanto se gasta materialmente para sobreviver e atravessar esta trajetória. Já o curso de oportunidade corresponde ao que se deixa de ganhar.
Mas o aspecto fundamental é que o candidato deve avaliar os custos e os benefícios de cada opção, pois cada uma conta com seus ônus e bônus. Para aqueles que contam com a opção de seguir um caminho ou outro e estão em dúvida, talvez a matriz abaixo ajude a sistematizar a compreensão do cenário e facilitar a tomada de decisão, inclusive com a atribuição de parâmetros quantitativos ou notas (por exemplo de -10 a +10) em cada célula:
Porém, como tudo na vida é dialético, também é possível encontrar caminhos alternativos. Ou seja, buscar uma ocupação que proporcione uma renda menor, mas garantindo um tempo maior.
Também é possível trabalhar estratégias que envolvam gradações de objetivos e avanços nas condições de estudo conforme as conquistas alcançadas. Por exemplo, o candidato estabelece um objetivo que viabilidade maior e custo de alcance mais limitado. Conquistando, pede demissão do emprego, de modo a ficar por conta dos estudos até ser empossado.
Durante o meu processo de preparação para o concurso que havia eleito como objetivo principal (para o cargo de Juiz do Trabalho), houve um período em que havia pedido exoneração de cargo que ocupava, já estando aprovado no concurso de Advogado da União, para ampliar o tempo de estudo. Porém, de modo a garantir minha sobrevivência, trabalhava como professor na graduação do curso de Direito, apenas no período noturno, de segunda a sexta-feira. Com isto, tinha as manhãs e tardes durante a semana e os finais de semana livres para estudar, o que me rendia quase 50 horas de estudos semanais.
Outra compreensão importante nesta reflexão consiste na diferença entre o conceito de tempo e duração. Enquanto o tempo tem relação com a disponibilidade de horas que o candidato pode investir nos estudos ao longo de micro-unidades de duração, tais como a semana, a duração tem relação com o início do processo de preparação para o concurso público e o seu término, tendo como marco final a aprovação.
Dentre os conceitos metodológicos que fundamentam o Sistema Tuctor, trabalha-se com a idéia de mircounidades de duração, o que corresponde ao conceito de ?microciclo de estudos?. Inclusive, tal construção se baseia na noção de fragmentação do plano de estudos, o que tem bases nas ciências da gestão, bem como na andragogia, campo do conhecimento voltado ao estudo da educação de adultos. (clique aqui para ler Precisão Gerencial do Plano de Estudos)
E desta premissa decorre outro conceito importante, aplicável à presente reflexão, o qual corresponde àteoria da tripla restrição. Segundo esta, todo projeto se sujeito a três restrições, as quais correspondem à qualidade, tempo e custo. Aplicando a presente idéia à preparação para concursos públicos, o tempo conta com o sentido de duração, sendo delimitado pelo início e fim da preparação, sendo que ocusto se relaciona com o tempo, envolvendo a capacidade de investimento do candidato, em termos de horas de estudos por cada unidade de duração.
Na prática, isto significa que a diferença entre um candidato que tem mais tempo para aquele que tem menos consiste exatamente na duração, ou seja, quando terminará o processo de preparação, por meio da aprovação, tendo como parâmetro o início dos estudos.
Para quem está na dúvida quanto a ficar por conta dos estudos ou não, o primeiro passo é dimensionar e compreender o quem tem de tempo atualmente e qual será a duração da execução do seu plano de estudos. Neste sentido, os conceitos metodológicos e funcionalidades do Sistema Tuctor podem proporcionar uma relevante contribuição. (clique aqui para mais informações).
Avaliado o cenário e fechada a equação, caso a conclusão seja pelo caminho da dedicação exclusiva, é fundamental que o candidato tenha o seu planejamento de estudos minuciosamente e racionalmente estruturado. Inclusive para que não fique perdido e aumente a natural angústia.
Por fim, para quem vai ficar por conta ou não dos estudos, nunca é demais lembrar aquilo que venho trabalhando como um verdadeiro mantra racional: procure manter o foco no processo! (clique aqui para ler Preparação para Concursos e Foco no Processo).