Segunda, 9 de agosto de 2010
O Exame de Ordem 1.2010 trouxe uma interessante novidade - os acadêmicos do 9º e 10º semestres podem fazer a prova. Caso aprovados, só terão de esperar a colação de grau para poderem requerer a carteira da OAB.
Há vários casos de estudantes bem-sucedidos na 1ª fase do Exame de Ordem 2010.1, e muitos deles estão na expectativa de serem aprovados também na 2ª fase. Seria o melhor dos mundos: Nem se formou e já foi aprovado na OAB.
Essa inovação é decorrente de uma mudança de postura da Ordem, pois em diversas ações, inclusive ações civis públicas patrocinadas, várias seccionais foram obrigadas a permitir a inscrição de acadêmicos prestes a se formarem. Essa pressão acabou por flexibilizar a visão da OAB quanto ao assunto.
Quais são então as efetivas vantagens de fazer o Exame antes de se formar?
1 - Agora é possível ao acadêmico projetar sua preparação já a partir do 7º ou 8º semestres, pois no 9º ele já pode fazer a prova. Isso seria muito útil, pois permite que não se acumule no último semestre as preocupações com a monografia de graduação, a prova da OAB e as provas finais da faculdade;
2 - Fazer a prova antes de se formar tira inteiramente a pressão dos ombros do acadêmico. Não passou? Sem problema! Ainda não está formado e outra oportunidade, antes mesmo se formar, irá aparecer. O acadêmico pode fazer a prova sem a obrigação de passar, tormento na vida de 70% dos candidatos - O que o estresse e a ansiedade tem a ver com o Exame de Ordem?
3 - Sem a pressão de passar, o candidato poderá "sentir" todo o clima que envolve a prova da OAB e se adaptar para uma prova futura, caso não passe de primeira, estando mais preparado e ambientado ao Exame, aumentando suas chances de sucesso;
4 - O tempo para a preparação será mais extenso, pois o acadêmico vislumbrará a prova bem antes que os seus predecessores. Antes o Exame era um problema deixado para o final do curso; agora, torna-se uma realidade dentro do próprio curso - a preocupação com a prova foi antecipada e com ela a necessidade de se definir o futuro mais cedo.
Essas são vantagens bem tangíveis, principalmente quanto ao aspecto emocional - submeter-se ao Exame sem ter a obrigação de passar certamente pode fazer uma grande diferença durante a prova.
Mas também fazer a prova antes de concluir o curso tem suas desvantagens:
1 - Os candidatos poderão sentir uma maior dificuldade com a prova, principalmente na 2ª fase - a prova prático-profissional. Muitos estudantes ainda estão aprendendo a peticionar, e a cada prova as peças exigidas e os detalhes constantes nos espelhos tornam-se mais intrincados;
2 - Com o aumento no número de inscritos, ao se incluir os ainda acadêmicos, aumentou ainda mais os percentuais de reprovação, incrementando a sinistra fama da prova da OAB - no Exame 2010.1 apenas 19% dos candidatos lograram aprovação na 1ª fase (por outro lado, coma troca do Cespe pela FGV, talvez o quadro melhore um pouco);
3 - Fazer a prova como trainee, sem a preocupação de passar, pode ser bem legal, mas o custo de inscrição não é. A OAB definiu um valor unificado de R$ 200,00 no último Exame. Não se sabe se este valor perdurará na futura prova da FGV, mas tal possibilidade é real. É um preçobastante salgado, desproporcional ao que muitas seccionais vinham cobrando até o Exame 2009.3;
4 - O candidato, na ânsia de passar logo no Exame, pode atropelar suas necessidades acadêmicas, principalmente a monografia de graduação.
No cômputo geral, a novidade trazida no edital do último Exame é muito mais positiva do que negativa.