Segunda, 31 de maio de 2010
Li duas notícias, de fevereiro último, sobre um problema ocorrido no Enem. Cliquem nos links e confiram:
Centro atrasa pagamento de corretor do Enem
Professores contratados para corrigir provas reclamam que não receberam
Como todos sabem, são inúmeras as reclamações sobre a qualidade da correção das provas subjetivas do Exame de Ordem, ainda mais o último, campeão de reclamações. As duas matérias acima expõem um pouco como funciona o sistema interno de correção do Cespe. Claro, não é possível afirmar categoricamente que os critérios, pertencentes ao Enem, aplicam-se ao Exame da OAB, mas também não é possível vislumbrar grandes diferenças, se é que elas existem.
Mas o que poderíamos pensar dessas observações?
1 - Valor pago por correção de R$ 1,00;
2 - Prazo ínfimo para correção, com volume de trabalho de 200 peças por dia (Muitas vezes tinha vontade de reler a redação, mas não dava tempo." O processo de correção foi online, e os professores receberam as provas - de 100 a 200 por dia - por meio de um sistema.);
3 - Treinamento curto;
4 - Professores de língua portuguesa na correção (São todos professores de língua portuguesa, não cabe a nós ensiná-los como corrigir).
Há de se observar que efetivamente a correção do Cespe é toda feita por sistema informatizado - Como o Cespe corrige as provas subjetivas.
Há de se considerar que o Exame de Ordem é uma prova de massa, na última segunda fase tivemos 18.500 participantes.
Há de se considerar que o tempo para a correção foi recorde, o menor até agora emprestado para a divulgação do resultado final.
Há se observar que um valor tão baixo pago para a correção de uma prova serve de estímulo para se corrigir o máximo de provas possíveis - o volume em detrimento da qualidade.
Por fim, devemos considerar o elevado grau de reclamações quanto aos critérios de correção da última prova subjetiva da OAB - A correção da prova subjetiva ficou mais severa - Exame de Ordem 3.2009 - A maior reprovação da história do Exame Unificado
Só consigo imaginar a correção das provas subjetivas da OAB como resultado de um sistema industrializado - alta perfomance em pouco tempo para geração de resultados dentro de prazos pré-definidos.
Posso estar errado, mas a forma como as provas foram corrigidas apontam nesse sentido.
Uma prova subjetiva tem de ser analisada com carinho, atenção, e, principalmente, TEMPO. Do contrário, uma injustiça pode ser perpetrada.
Claro! Não preciso falar que o responsável pela correção deva ser alguém da área jurídica.
Infelizmente o Cespe ou a OAB jamais noticiaram a forma como corrigem as provas. Isso não implicaria em uma quebra na segurança e sim na concessão de maior transparência ao processo de correção. O bacharel tem o direito de saber se sua prova foi corrigida corretamente. Mais do que o direito de saber, ele tem o efetivo direito de ter sua prova corrigida corretamente.
Mas como a experiência já mostrou, nem o Cespe e nem a OAB abrem um mínimo de espaço para tratarem desse assunto.