Quinta, 2 de abril de 2015
Deu na coluna do Lauro Jardim, da Veja:
Contra Cunha
A escolha de Marcos Vinícius Furtado Coelho, presidente da OAB, para a vaga aberta no STF, significaria uma baita derrota para Eduardo Cunha.
Não é que Cunha não goste da OAB. Ele a odeia.
O ódio pela ordem começou na gestão de Ophir Cavalcante, quando o então presidente da OAB criticou publicamente a escolha de um economista, como Cunha, para relatar o futuro Código de Processo Civil. Após as críticas, Paulo Teixeira, advogado, assumiu a relatoria.
Desde aquele episódio, Cunha abraçou o movimento do bacharelado, que contesta a exigência do exame da ordem para exercer a advocacia.
Mas, recentemente, Cunha confessou a aliados que a bandeira rendeu tantos votos que agora ele apoia o fim do exame também por interesse eleitoral.
Por Lauro Jardim
Fonte: Radar Online
As informações do Lauro Jardim são todas acuradas quanto ao histórico do ódio de Cunha pela OAB. O deputado nunca deu bola para a Ordem ou para o Exame. Só no dia em que foi retirado da presidência da Comissão do Novo CPC na Câmara, em 2011, é que ele passou a atacar a Ordem.
E eu acompanhei isso no Twitter em tempo real. Ou seja, a postura de Cunha tem base puramente no advento de um ressentimento.
E sim, Cunha destilou um ódio especial contra o ex-presidente da OAB, Dr. Ophir Cavalcante, não só quando foi retirado da comissão mas também quando o Dr. Ophir, na posse de um ministro do STF (não me lembro qual) chamou o Congresso de "pântano". Isso inflou os ânimos de Cunha e de vários outros parlamentares.
Agora, a nota do Lauro Jardim dá claramente a entender que, pelo fato do Dr. Marcus ser presidente da OAB, estaria com sua indicação comprometida em razão da animosidade de Cunha pela Ordem.
Eu não apostaria nisto.
Até onde sei, o Dr. Marcus possui grande trânsito no Congresso e teria a simpatia de gente graúda na política, incluindo caciques do PMDB e nomes no PT. Talvez, hoje, diante de uma cenário político tão complexo como o atual, fosse o único nome a despertar o consenso entre os dois grandes partidos do governo.
Não significa a certeza de uma indicação, pois isso depende exclusivamente do que a presidente pensa, mas ponderando entre o campo hipóteses (incluindo aí um inédito veto do Senado caso o nome não seja de consenso, algo certamente vexatório e humilhante para o governo, e, por tabela, algo a ser evitado) Marcus Vinícios seria exatamente a solução para agradar Montecchios e Capuletos.
Acompanho de muito perto a animosidade de Cunha contra a Ordem, mas isso, tirando o episódio com o Dr. Ophir, nunca foi direcionado a pessoas, e sim a instituição. E essa distinção precisa ser feita, o que não foi feito na coluna do influente Lauro Jardim.
Este é um tema com um alto teor especulativo. A demora na indicação tem gerado uma boataria sem precedentes aqui no Planalto Central.
A demora na escolha, com certeza, é devida ao alto risco político embutido nela.