Um mês para a próxima OAB: a prova vai ser horrorosa novamente?

Sexta, 3 de março de 2017

Um mês para a próxima OAB: a prova vai ser horrorosa novamente?

Agora, faltando um mês para a próxima OAB, veio-me a lembrança do dia da prova da 1ª fase do XXI Exame de Ordem. Lembrei-me das redes sociais perplexas com o grau de dificuldade apresentado e com a reprovação em massa.

Foi mesma uma surpresa, pois a expectativa era de uma prova no padrão das provas do XX e XIX Exames: difíceis mas racionais. Fazia sentido para mim imaginar isso, afinal, todas as 3 provas foram bem elaboradas e não geraram controvérsias.

Claro, tem sempre a questão da OAB não anular questões, em alguns casos de forma equivocada, mas nessas 3 edições tivemos ao menos número pequeno de recursos elaborados, coisa de 2 ou 3, no máximo, o que é um indicativo da qualidade geral da prova. Apenas na reaplicação da prova de Salvador (no XX Exame) tivemos uma anulação de uma questão escancaradamente equivocada.

Em suma: nas 3 últimas provas tivemos, muito provavelmente, as 3 melhores provas de 1ª fase da OAB. Ou, ao menos, provas com as quais ninguém teria com o que implicar. Não era razoável imaginar o desastre que foi o XXI Exame.

Mas infelizmente quebramos a cara...

A última prova objetiva foi simplesmente a 2ª pior prova da história da FGV. Ela foi tão ruim que a OAB sequer divulgou a lista preliminar de aprovados, tal como ocorreu também no IX Exame, a pior prova de todas, com um percentual de reprovação acima dos 90%.

Após a divulgação da lista de aprovados descobrimos quantos candidatos foram aprovados, considerando as duas anulações de ofício: 20.510 examinandos.

Foram aproximadamente 120 mil inscritos (só tenho o número aproximado, mas não o exato), dando um percentual aproximado de 17,09% de aprovação. Se a média histórica do Exame de Ordem na era FGV, contando com as duas fases, é de 18,5%, então a prova da 1ª fase realmente foi uma grande e desproporcional paulada.

Sem as anulações talvez o percentual tivesse ficado na casa dos 13 ou 14% de aprovação. O percentual poderia ter sido até mesmo menor.

Vejam os dados exclusivos do Blog sobre as aprovações na 1ª fase das últimas edições do Exame:

XIV - 38.014 aprovados na 1ª fase. (Sem anulações)

XV - 44.199 candidatos aprovados na 1ª fase. (Duas anulações regulares)

XVI - 26.835 aprovados na 1ª fase. (Sem anulações)

XVII - 55.130 aprovados na 1ª fase. (Duas anulações regulares)

XVIII - 34.792 aprovados na 1ª fase. (Sem anulações)

XIX - 33.883 aprovados na 1ª fase. (Sem anulações)

XX - 35.177 aprovados na 1ª fase (Sem anulações)

XXI - 20.510 aprovados na 1ª fase. (Duas anulações de ofício)

A menor aprovação dentre as últimas edições, e isso já com as duas anuladas de ofício.

Agora, faltando um mês para a próxima OAB, vem a pergunta: a prova do XXII vai ser tão ruim quanto a do XXI?

Bom...considerando a controvérsia gerada pela 1ª fase do XXI e a surreal lambança na divulgação do resultado preliminar da 2ª fase deste mesmo Exame, é muito razoável supor que a FGV e a OAB vão botar a mão na consciência e fazer uma prova que possa ser chamada de razoável.

Do contrário, seria muita vocação para apanhar de forma gratuita e desnecessária.

Ademais, olhando as estatísticas acima, percebe-se que a quantidade de aprovados na 1ª fase do XXI representa uma espécie de "ponto fora da curva" se considerarmos as aprovações das edições anteriores. Simplesmente não está dentro do padrão do Exame de Ordem visto como um todo.

A última prova desproporcional foi a do XVI Exame, o que também demonstra que esses "erros de percurso" são eventuais e não a regra na 1ª fase.

Resumo de toda essa longa ópera: os indícios apontam para uma próxima prova "normal", por assim dizer.

Mas, é claro, trata-se basicamente de uma esperança da minha parte, e não de uma afirmação taxativa, afinal, eu disse a mesma coisa na prova passada e me dei mal.

E isso, infelizmente, é algo que a FGV ainda não aprendeu a fazer mesmo após 7 anos aplicando o Exame de Ordem: aplicar uma prova previsível e linear.

A prova não precisa ser fácil, mas poderia ser coerente em sua dificuldade edição após edição. Por algum motivo misterioso a FGV não consegue impor um padrão, mesmo após todos esses anos. Isso apenas facilita a crítica o Exame e à Ordem.

De uma forma ou de outra, como o último trauma converge também com a última prova, acho que a lembrança recente da "mão queimada" vai impactar na qualidade da 1ª fase.

Seria inacreditável se isso não ocorresse.