Tutorial: Como recorrer da prova da 2ª fase do Exame OAB/FGV 2010.2

Quarta, 8 de dezembro de 2010

Segue um tutorial sobre como recorrer do resultado da prova subjetiva do Exame de Ordem 2010.2.

Antes, algumas considerações:

1 - Leiam antes o post Sobre o espelho e os padrões de resposta da FGV: A dificuldade em recorrer e uma violação ao Edital

2 - Ao ler este post, tenham em mente que na atual conjuntura não é possível desenvolver nenhum modelo de recurso.

Como os critérios de estruturação do espelho e do padrão de resposta mudaram, NECESSARIAMENTE cada candidato terá de fazer seu próprio recurso sem utilizar qualquer tipo de modelo. O caminho das pedras que era o espelho do Cespe não existe mais. Cada recorrente tem de extrair de sua fundamentação as razões para a majoração da pontuação, tentando descobrir em quais itens conseguiu lograr nota. Isso exigirá uma análise muito detalhada das resposta.

Em razão disso, qualquer tipo de modelo de recurso será altamente pernicioso para os recorrentes.

Afora essa constatação, lembrem-se que fundamentações idênticas são punidas pela banca com o indeferimento.

Sentem e façam por si mesmos seus recursos. Não há alternativa!

3 - Vocês terão três dias ininterruptos para interpôr seus recursos, de hoje até às 23h59min do dia 10 de dezembro de 2010. Logo, não interponham seus recursos hoje. Hoje é dia de elaborar as razões recursais. Interponham amanhã;

4 - Cada candidato terá poderá elaborar cada recurso com até 2.500 (dois mil e quinhentos) caracteres cada um. Escrevam na 3ª pessoa, usando de objetividade e clareza;

5 - Os recursos não precisam de nenhum tipo de apresentação ou preliminar, e muito menos se identifiquem nele. Basta escrever os fundamentos jurídicos, de forma direta e sem formalidades;

6 - Caso uma ou mais questões sejam anuladas, todos os candidatos, independente de terem recorrido ou não, serão beneficiados.

Vamos ao tutorial.

1 - Entre na página da FGV projetos - http://www.fgv.br/fgvprojetos/

2 - Cliquem no link Exame de Ordem da OAB:

3 - Cliquem na janela indicada e escolha suas respectivas seccionais:

4 - Consultem primeiramente o espelho e a prova. Convém copiar tudo no disco rígido do computador de vocês:

5 - Digitem o CPF e a senha para acessar o material:

6 - Visualizem o espelho e confiram o scan da prova (em vermelho para passar as folhas)

7 - Após analisarem o espelho e aprova, dirijam-se para o link referente ao recurso:

8 - Digitem o CPF:

9 - Confiram seus dados e cliquem em "Incluir novo recurso contra a Nota":

10 - Cliquem na caixa indicada e escolham a questão que será recorrida e cliquem no botão "Incluir novo recurso":

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11 - Digite suas razões recursais na área indicado. Para cada questão ou para a peça, o candidato disporá de apenas 2500 caracteres. Sejam extremamente objetivos na elaboração das razões recursais. Ao final, cliquem em "Salvar este recurso":

12 - O recorrente, ao salvar o recurso, será encaminhado novamente para a página de recurso, onde poderá escolher outra questão para recorrer:

É só repetir a operação até concluir tudo. Ao terminar, não haverá a necessidade de imprimir ou de realizar nenhum outro procedimento.

O recurso, seja para qualquer matéria, obedece uma lógica simples (não confundir com o fundamento jurídico). Obedecer essa lógica não implica necessariamente no sucesso do recurso, mas ajuda bastante na hora dele ser avaliado.

Sob o aspecto formal, o recurso dispensa quaisquer requisitos intrincados. Como o recurso é enviado exclusivamente via internet, basta escolher o quesito(s) que será impugnado e escrever os fundamentos do recurso. Não precisa colocar nenhum tipo de cabeçalho ou endereçamento. Bastam os fundamentos - direto e objetivo!

Quanto aos fundamentos, precisamos estabelecer alguns critérios para enfrentar o padrão de resposta e o espelho criados pela FGV.

Primeiro, o ponto mais relevante: NÃO USEM MODELOS!!!

Como cada candidato terá de garimpar em sua prova os pontos que:

1 - Não foram corrigidos;

2 - Foram corrigidos erroneamente;

3 - Cuja fundamentação o candidato discorde;

4 - Com erros estruturais no espelho, como a ausência de pontuação para itens específicos, ou repetição de itens no espelho (é estranho, mas aconteceu!).

Como cada redação é única, e como o espelho não discrimina item por item o que o candidato acertou, o uso de modelos não é recomendado.

Cada um terá de ser artífice de seu próprio recurso!

NOTA IMPORTANTE: Não deixem de levantar nos recursos as questões do provimento 136/09 e do item 5.7 do edital!!!

Na fundamentação é possível visualizar 2 caminhos para os recursos:

A) Combate ao espelho:

Se sua resposta na prova é completamente distinta do que a FGV entendeu como correto para um enunciado em específico, e, você tem a convicção de que sua resposta está correta, ou com base na lei, na doutrina ou na jurisprudência, elabore suas razões fundamentadamente valendo-se de todos os subsídios possíveis.

Provavelmente seu recurso, nesse aspecto, não logrará sucesso, mas ao menos você se preparou para discutir a questão na esfera judicial. Pode ser que seu recurso seja aceito, mesmo que contrarie o espelho, mas isso é relativamente raro de acontecer.

Não se surpreendam se colegas colocaram fundamentos idênticos aos seus. Discrepâncias nas correções não são raras.

B) Conformação ao espelho:

A maioria dos recursos bem-sucedidos buscam demonstrar para a banca que a resposta exigida no espelho foi efetivamente redigida.

Falhas sempre ocorrem, e o candidato precisa identificá-las.

Acredito que será relativamente comum neste Exame encontrar fundamentos não apreciados pela banca na correção. A própria estrutura do espelho permite isso. LEiam com muita atenção cada item do padrão de resposta e busquem a respectiva fundamentação na redação das provas de vocês.

Procurem demonstrar que vocês escreveram exatamente o que a banca queria, ou mostrando um trecho de sua redação (vale tanto para a peça prática como para as questões) que se amolda ao padrão de resposta, ou que sua resposta estava exposta de forma implícita, dado o seu fundamento.

Ou seja, procurem demonstrar um perfeito paralelismo entre o padrão e  suas redações - seus fundamentos estão em conformidade com o exigido pelo Cespe.

Essa forma de recorrer é a mais adequada e possui maiores probabilidade de sucesso - Demonstrem que os requisitos do padrão estão contidos na prova.

Observem também dois aspectos:

1 - RECORRAM DE TUDO!! O atual sistema de padrão de resposta e espelho não dá alternativas ao recorrentes. Nos exames passados eu aconselhava a não recorre de tudo. Agora as circunstâncias mudaram. Gastem o português, sempre de olho no 2500 caracteres.

2 - Não encham lingüiça. Objetividade vale ouro!! Transcreva no seu recurso trechos da sua prova que demonstrariam a pertinência da sua redação (não tem problema nenhum transcrever trechos da prova no recurso - isso não implica em identificação).

Não precisam copiar a letra da lei. Isso inclusive consumiria um espaço que vocês não poderão ceder. Se forem colar alguma jurisprudência, deem preferência apenas às ementas.

Por fim, caso um candidato tenha tirado zero na peça prática, é necessário fazer uma abordagem diferenciada.

O zero pode ter decorrido de dois fatores:

1 - Erro na escolha da peça prática

2 - Fuga do problema

Nas duas hipóteses o candidato se deparará com todos os elementos do espelho zerados. Não há nenhum referencial a ser seguido.

Se a peça foi a correta, tal como expresso no espelho, mas mesmo assim a nota é zero, é porque houve fuga do problema. O candidato deve demonstrar no seu recurso que não houve fuga alguma, e que seu raciocínio é pertinente ao problema proposto. Aqui o exercício da retórica é aconselhável. Procure de todas as forma conformar o problema com a resposta, mostrar que a peça está em conformidade com o espelho. Esse é o caminho.

Se o candidato tirou zero porque errou a peça, deverá optar pela confrontação com o espelho. Elabore seu recurso combatendo o entendimento da banca em relação à peça processual considerada como correta. Demonstre que sua escolha tem fundamento e pertinência jurídica e poderia perfeitamente atender, como solução jurídica, ao problema prático-profissional apresentado. Aqui deveremos incluir erros nos ritos.

Há uma pequena chance disso dar certo, mas o provável é que o recurso seja indeferido.

O importante, sob qualquer circunstância envolvendo seu recurso, é vê-lo, efetivamente, como uma preparação para uma futura ação.

Quem quiser trocar idéias sobre os recursos, certamente encontrará candidatos com os mesmos problemas na nossa comunidade no Orkut. Entrem lá e busquem ajuda mutuamente. Todo mundo se ajuda nessa hora!

Lá não faltarão subsídios para estruturar qualquer tipo de recurso. Tudo têm sido debatido intensamente nas últimas semanas.

Lembrem-se: Cada recurso possui sua própria história, pois cada recurso nasce de uma fundamentação distinta das demais. Façam seus próprios recursos, de acordo com cada peça prática tomada individualmente.

Não copiem recursos de ninguém, sob pena de vê-los indeferidos, além de se prejudicar a via judicial no futuro, fulminando um hipotético mandado de segurança.

No mais, tenham em mente que sempre muitos candidatos conseguem se salvar com um recurso. Isso decorre do fato de que sempre ocorrem erros nas correções. Dispam-se de suas paixões, medos e frustrações naturais nesse momento de reprovação preliminar e trabalhem seus recurso com frieza e calma.

Eu aconselho também a não deixar para enviar o recurso no último dia, mas também não é bom protocolá-lo no primeiro. Tal como indiquei mais acima, não é raro que nos debates com outros colegas surja uma boa idéia para se usar no recurso.