Quarta, 16 de outubro de 2013
Ao negar provimento à apelação interposta pela OAB/BA, a 7ª Turma Suplementar do TRF da 1ª Região determinou, por unanimidade, que a Ordem dos Advogados do Brasil da seccional da Bahia (OAB/BA) proceda à isenção de taxa de inscrição no exame de ordem dos bacharéis que se declarem pobres.
O juiz de primeiro grau julgou procedente o pedido interposto, em ação civil pública, pelo Ministério Público Federal (MPF), para determinar que a Ordem concedesse isenção da taxa de inscrição dos bacharéis que se declarassem pobres, nos exames de ordem convocados a partir de setembro de 2005, data da sentença.
Inconformada a OAB/BA recorreu da sentença.
A apelante sustenta que não cabe ao MPF propor ação dessa natureza e que o mandado de segurança não é adequado para a discussão da questão. Além disso, que quem deve responder é o Conselho Federal da OAB e não a seccional da OAB na Bahia. No mais, combate a decisão prolatada, alegando não ser aplicável o disposto na Lei 8.112/99, por estar regulamentada a matéria na Lei nº 8.906/94.
De acordo com o voto do relator, juiz federal convocado Carlos Eduardo de Castro Martins, o MPF possui legitimidade ativa para propor ação civil pública com o objetivo de proteger interesses difusos, coletivos, interesses sociais e individuais indisponíveis ou individuais homogêneos de consumidores, conforme os arts. 127 e 129 da Constituição Federal e Leis n.ºs 7.347/85 e 8.078/90, o que é o caso da presente ação.
O magistrado alega que ?em relação à preliminar de ilegitimidade da OAB/BA, cabe aos Conselhos Seccionais o estabelecimento da taxa de inscrição no exame de ordem, as Seccionais têm competência para estipular os valores desta?.
O relator afirmou que não há que se falar em inadequação da via eleita, confirmada a legitimidade do MPF para propor a presente ação, cabível ação civil pública, meio apropriado para a tutela de direitos individuais homogêneos.
Segundo o juiz federal Carlos Eduardo Martins, ?São vários os julgados deste Tribunal em que ficou consignado que a ausência de previsão, no edital do exame de ordem, de hipótese de isenção de inscrição ao candidato que não possa arcar com o pagamento, sem prejuízo de seu próprio sustento ou de sua família, fere os princípios da isonomia e do livre exercício da profissão?. Entre outros, citou o REOMS n.º 2009.36.00.020097-0/MT, de relatoria do desembargador federal Reynaldo Fonseca, da 7ª Turma, publicado no e-DJF1 de 14/10/2011.
Por fim, entendendo que a sentença está em conformidade com o entendimento do Tribunal, o relator confirmou a decisão recorrida.
A decisão foi unânime.
0013899-55.2004.4.01.3300
Fonte: TRF1
Seguinte: pela decisão, quem se declarar pobre, nos termos da lei, ganhará a isenção da taxa de inscrição.
É isso mesmo?
Aparentemente sim!
A decisão, claro, ainda não ganhou o trânsito em julgado, mas se ao fim do processo for confirmada, vai certamente gerar um belo de um impacto nas contas da OAB/BA.
Uma consequência possível é a de esse impacto ser subsidiado pelas demais seccionais, e, como via de consequência, o valor da inscrição no Exame de Ordem sofrer um aumento.
É aquela história: não existe almoço grátis, alguém sempre paga a conta. Os demais examinandos de outras seccionais correm o risco real de arcar com esse custo.
O tempo dirá.