Quinta, 24 de setembro de 2020
Preso em 2002, por envolvimento no assassinato do jornalista Tim Lopes, da TV Globo, Elias Maluco também era apontado como um dos líderes do CV (Comando Vermelho), a maior facção criminosa do Rio de Janeiro.
Segundo consta no documento do TRF do Paraná, ao qual a coluna do UOL teve acesso, além dos 42 advogados ativos, o presidiário chegou a contar também com outros 24 defensores inativos até 2017 no sistema penitenciário federal.
O serviço de inteligência federal apurou que os 24 advogados inativos foram destituídos "em um único dia, em 12 de janeiro de 2017, após ficar evidenciado em extratos os altos custos que essa estrutura demandava".
O UOL telefonou para o escritório do advogado Paulo César de Almeida Júnior, no Rio de Janeiro, defensor de Elias Maluco, para saber se procedem as informações do serviço de inteligência federal, mas ele estava em compromisso externo.
Número de advogados gerou suspeita de que CV financiava Elias
Os analistas do serviço de inteligência concluíram que a exigência financeira para custear tais despesas era incompatível com a situação de Elias Pereira da Silva.
"Isso indica a possibilidade de o preso estar sendo financiado com recursos de atividades ilícitas", diz o documento. Para os analistas, o CV é um grupo criminoso que auxilia os reclusos integrantes da facção criminosa, assim como o PCC (Primeiro Comando da Capital).
O traficante ingressou no sistema penitenciário federal em 5 de janeiro de 2007. Pouco mais de 10 anos depois, em 26 de outubro de 2017, Elias Maluco foi transferido para a Penitenciária de Catanduvas.
A remoção, a princípio, foi feita em sistema de rodízio, possibilitando assim a passagem do presidiário por outras penitenciárias federais, como a de Campo Grande, Mossoró (RN), Porto Velho e Brasília.
Para o Depen, em prisão comum, Elias voltaria a agir no crime
A permanência de Elias em Catanduvas foi prorrogada por 360 dias a contar do dia 23 de novembro de 2018. O prazo venceu e havia sido renovado por mais um ano.
Para o Depen (Departamento Penitenciário Nacional), Elias Maluco não demonstrava aptidão para cumprir pena em regime menos rigoroso, pois exercia papel de liderança em organização criminosa e, se fosse transferido para um presídio do Rio de Janeiro, poderia voltar a delinquir.
Segundo o CNJ (Conselho Nacional de Justiça), as condenações do traficante somavam 53 anos, nove meses e 15 dias de prisão. A pena dele terminaria em 3 de julho de 2056.
O prisioneiro tinha extensa ficha criminal e, de acordo com o CNJ, foi condenado por tráfico de drogas, homicídio, ocultação de cadáver, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro.
Elias acionou CIDH em 2017
Há três anos, Elias Maluco acionou, junto a outros chefes do tráfico no Rio, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, da OEA. Eles protocolaram uma petição classificando como "tortura e pena cruel" o fato de estarem detidos em presídios federais de segurança máxima por dez anos.
Além de Elias, também assinaram o documento Marcinho VP (Márcio dos Santos Nepomuceno), My Thor (Marco Antônio Pereira Firmino da Silva) e Tchaca (Márcio José Guimarães). My Thor também permanece preso na Penitenciária Federal de Catanduvas, a mesma em que estava Elias.
Fonte: UOL