Sexta, 23 de março de 2012
Hoje, antevéspera da prova, publico o depoimento de dois advogados e suas experiências com o Exame de Ordem. O interessante é que ambos resistiram às adversidades impostas pelo Exame de Ordem e ao fim triunfaram!
Não é fácil para ninguém, mas a persistência leva ao resultado almejado.
1 - Nome
Michelle de Mentzingen Gomes
2 - Quando e onde se formou?
12/2009 no Centro de Ensino Superior dos Campos Gerais (CESCAGE), em Ponta Grossa/PR
3 - Como foi seu emocional na véspera da prova?
Foi uma época pesada em termos emocionais na minha vida, muito em razão do ocorrido no Exame anterior (2009.2, que fiz no último ano da faculdade). Saí da 2ª fase chorando pois sabia que a peça prática daria encrenca (durante a prova pedi para ir ao banheiro e, na volta, vi que um rapaz fazia Anutória e a moça ao lado fazia Objeção, ou seja, nervosa³) e assim fiquei em casa depois que vi os gabaritos extraoficiais, chorei a noite toda, sem exagero.
Fiz 2ª fase em Tributário e, na correção, colocaram no Padrão de Respostas a peça Ação Anulatória c/c Pedido de Tutela antecipada; todavia, além dessa peça, a banca aceitou Mandado de Segurança, Objeção de Pré-Executividade e Embargos à Execução (sendo que quanto ao MS já havia escoado o prazo de 120 dias e quanto aos Embargos não haviam os requisitos necessários).
Só que só aceitaram de alguns examinandos, o que provocou aquela recorreção. Eu tinha conseguido já espelhos de peças idênticas a minha (Objeção de Pré Executividade), com todos os requisitos (eu tinha acertado todas as teses, pedidos, competência, etc) e por isso fiquei com esperança de que na dita recorreção reparassem o erro e validassem a minha peça. A resposta saiu na véspera da minha Colação de Grau, e foi negativa. Nem querer ir na minha própria Colação eu queria, mas acabei indo, claro, momento único da vida...
Enfim, tinha feito também um "Recurso de Reconsideração" e enviado para a OAB Nacional, que simplesmente "lavou as mãos, dizendo que nada poderia fazer" - tudo comprovado e eles não fizeram nada! Deixei para fazer a inscrição no último dia para o Exame 2009.3 e fui fazer a prova irritada, não me preparei, não estudei, nada.
Passei com a mesma pontuação da prova 2009.2 (67 pts) e, de novo, 2ª fase em Tributário. Como eu sabia que o "Recurso de Reconsideração" não tinha logrado êxito, estudei sozinha em casa, como da primeira vez, e tinha feito uma prova para não me preocupar, aprovação certa... até que veio a notícia da anulação da 2ª fase para todo o Brasil, em todas as disciplinas. Claro que pensei que era muita coisa para uma pessoa só aguentar, pensei em desistir, achei injusto, mas fui fazer a prova de novo, uma pilha de nervos. Diferente da anterior a anulação, não saí confiante da prova, não por não ter acertado a peça, mas sim porque o nível de dificuldade foi muito maior e foi a primeira prova sem consulta a doutrina.
4 - Como você recebeu a notícia da aprovação e como você reagiu a ela?
Depois de tudo o que tinha acontecido, a ansiedade era gigante. O resultado da 2ª fase saiu no dia de um show da Ivete Sangalo aqui em PG, e eu já tinha comprado o ingresso para ir, mas comprei antes de saber da data de divulgação do resultado. Pensei "dependendo do resultado eu não vou no show, claro que não" e quando de 18hrs não saí da frente do computador, F5 direto e nada de sair o bendito resultado... a ansiedade aumentando, o nervoso e a irritação já tinham tomado conta de todos em casa, não só de mim. O resultado saiu já passava das 21hrs da noite e quando vi meu nome na lista tive uma crise de choro muito intensa, era um misto de alívio, de "missão cumprida", de raiva por ter passado por tudo aquilo, por ter que ter esperado tanto... mas depois do chororô, fui comemorar a minha aprovação no show!
1 - Nome
Osvaldo Rabelo de Queiroz
2 - Quando e onde se formou?
Fiz o curso de Direito em três faculdades diferentes, por motivos financeiros e por motivos de logística. Iniciei o curso no UNICEUB, que após 5 semestres tornou-se inviável financeiramente, o que me fez optar pela mudança para o IESB. Após 3 semestres tive a grata surpresa de saber que minha namorada estava grávida e decidimos morar juntos, e a distância de onde eu morava até o IESB tornou a estada nesta faculdade inviável, o que me fez optar por me matricular na UNIEURO.
Ter estudado nas três faculdades foi uma excelente oportunidade para conhecer de perto a realidade das instituições particulares de ensino superior do Distrito Federal. Afirmo categoricamente que a única diferença entre o UNICEUB, que possui o selo de qualidade da OAB e as outras duas faculdades é a biblioteca, o que nas outras duas outras instituições são pífias, se comparadas à primeira.
3 - Como foi seu emocional na véspera da prova?
Quando estava no décimo semestre do curso de direito, em meio a monografia, a choros de um recém nascido, o hoje grande José Afonso, me aventurei no meu primeiro Exame de Ordem. Me aventurei pois não estudei, fui para prova arrogantemente, achando que era fácil, e não admitindo em hipótese nenhuma a possibilidade de não passar. Esqueci a regra básica de Sun Tsu: "para sair vitorioso em uma guerra, é necessário conhecer o inimigo". Resultado, na época tirei 33 no Exame de Ordem 2010.2, quando a prova de primeira fase era composta por 100 questões.
Terminado o curso, encarei o segundo Exame, 2010.3, mais uma vez não me preparei adequadamente para primeira fase, não fiz cursinho, apenas assisti alguns vídeos no youtube e no CERS. Conheci o CERS no fatídico dia do Exame 2010.2, quando acompanhei ao vivo a correção da prova. Na semana que antecedeu a primeira fase foi um caos total, meu sogro estava na UTI, e não me concentrei pra prova.
Mas para minha surpresa, as poucas aulas assistidas no youtube e as dicas do Portal Exame de Ordem foram de fundamental importância para que obtivesse exatamente 50 na prova, que após a anulação de uma questão virou 51. Já com a correção feita ao vivo no CERS, com os gabaritos do Damásio e do LFG tive a certeza de estar aprovado pra segunda fase e já na segunda-feira pela manhã me matriculei no curso de segunda fase do CERS com os professores Renato Saraiva, Aryanna Manfredini e Rafael Tonassi. A partir daquele dia foram 14/15h de estudo por dia, e isso trabalhando mais umas 5h por dia pra sustentar a família, dormia pouco, vivia estressado, comecei a engordar feito um porco.
Só lembro da minha esposa me dizer que eu nem tirava o prato da mesa, após o almoço, até porque eu almoçava com o livro do lado, estudando, escrevendo, escrevendo, para se ter idéia consegui pela primeira fez na vida terminar uma caneta BIC, uma não 4 canetas BICs foram embora, mais 2 resmas de papel só escrevendo petições e resolvendo questões.
Não me lembro de nada da semana da prova, sei que o stress era alto, e a essa altura já tinha ido a uma médica que já tinha me passado ansiolítico, remédio pra pressão e para dormir. Na prova foi aquele desastre, não por não estar preparado, mas porque a FGV caprichou na prova, colocou na prova trabalhista um RO com 13 itens para recorrer, resultado, não deu tempo para fazer a prova com cuidado e atenção, errei coisas ridículas que havia estudado e fui reprovado com a nota 5.7.
Enfim, respirei fundo e parti para terceira e derradeira tentativa. Dessa vez me planejei, tirei a pressão de cima de mim, comecei a estudar já para primeira fase, mas com o intuito de me preparar para passar no VI Exame de Ordem. Não tinha a menor pretensão de passar no IV e nem no V, o meu objetivo era o VI.
Na véspera da primeira fase um grande amigo faleceu, e no dia do exame foi o sepultamento, fui pra prova totalmente desconcentrado, mas com a tranqüilidade de que aquele não era o meu Exame, aquele era apenas mais uma fase de preparação. Final do dia, assisti as correções na internet e a discrepância nos gabaritos eram tão fortes que o resultado se tornou uma incógnita, tanto eu poderia ter passado como não.
Quando saiu o resultado preliminar havia tirado 39, ou seja, não tinha passado. Não desanimiei, continuei meu planejamento de estudos para o VI Exame de Ordem, mas com ênfase em Direito do Trabalho, pois em caso de anulação de questão eu estaria na segunda fase. E as chances eram altas, pois houve naquela prova uma questão bem polêmica em Processo do Trabalho que eu sabia, tinha que ser anulada, até fiz o recurso, mesmo porque se eu não o fizesse a Aryanna ia me matar.
Foi nessa época que comecei a usar o TUCTOR do Rogério Neiva, a freqüentar com mais freqüência o site da Tânia Faga e aporrinhar esse pessoal no twitter e no facebook. Comecei a usar a internet como ferramenta de estudo. Não queria gastar mais uma vez com um cursinho, pois não tinha certeza das anuladas.
Mas pra minha surpresa a OAB anulou não apenas a questão de trabalho me colocando dentro da segunda fase, como anulou outras duas questões e de 39 pulei para 42 e eu estava de novo na segunda fase.
Adquiri o curso do CERS outra vez, mas estudei de forma mais tranqüila, busquei novas fontes, assisti uns vídeos no youtube, li um texto de dicas do professor Rogério Neiva postado no site da Tânia Faga. Mas na semana da prova foi aquele stress, sem dormir, tomei umas cachaças para relaxar, mas de nada adiantou, cheguei na prova tenso.
Pra piorar e pro meu azar meia hora antes da prova me encontrei com um tal de Vascaíno que fica ajudando os examistas, Maurício Gieseler, que apostou numa Reclamação. Mas como ele é feio e a Aryanna é linda, confiei no palpite dela, contestação, e fui com contestação na cabeça.
Chego na prova, contestação, muito parecida com a de 2010.2, que havia feito e refeito umas 10 vezes, e em uma das questões, o assunto estava muito bem comentado no texto de dicas do Rogério Neiva. Resultado, minha estratégia de tirar a pressão de cima de mim, colocando o VI Exame de Ordem como objetivo deu resultado, passei com 6.7. E assim terminou a dureza de conseguir a tão sonhada vermelhinha.
4 - Como você recebeu a notícia da aprovação e como você reagiu a ela?
Logo que comecei a estagiar, um amigo, que à época era meu chefe me falou que se eu optasse por ter meu próprio escritório eu deveria ralar por pelo menos dez anos até que eu me estabelecesse na profissão e começasse a ser um profissional respeitado e reconhecido.
E ele me falou isso para me propor uma parceria, afim de que eu iniciasse na profissão de advogado com dois ou três anos antes de obter a Carteira Profissional. A parceria consistia em captarmos clientes juntos e atuassemos em processos juntos, ele faria as questões exclusivas de advogado e eu o ajudaria naquilo que não era exclusivo.
Foi quando comecei a escrever minhas peças, sempre corrigidas por este parceiro, comecei a ralar no balcão dos tribunais, a conhecer enfim o ofício da profissão. E falo logo, nunca nada foi fácil. A advocacia não é pra qualquer um.
Além de advogado é necessário ser vendedor, psicólogo, administrador, estudante, enfim temos que fazer de tudo, temos que estar antenado no que ocorre a nosso redor para encarar essa difícil profissão.
Achei que, com a Carteira em mãos, meus problemas tinham acabado, havia me tornado Advogado e agora era só curtir as benesses da profissão. Ledo engano, os problemas só haviam começado. O início da carreira é de fato muito complicado.
Felizmente ou infelizmente nossos primeiros clientes são amigos ou familiares, o que aumenta a responsabilidade e as aporrinhações da profissão. Mas no geral, apesar de toda a dificuldade tenho conseguido obter bons resultados, longe do que gostaria, mas por enquanto tenho conseguido pagar as contas.
Com isso já cumpri pelo menos três anos dos dez almejados para me estabelecer, mas todo dia é um leão para se domar. É difícil lidar com o clientes, é difícil lidar com os parceiros, é difícil lidar com as contas para pagar.
Mas com tudo isso, já obtive boas vitórias nos tribunais para meus clientes, também já colecionei algumas boas derrotas, mas me orgulho de sempre ter brigado e brigado bem para chegar ao melhor para meus clientes.
Clientes, que apesar de serem nosso maior patrimônio às vezes dá vontade de falar umas poucas e boas para uns e outros, e essa é a hora de nos controlarmos, colocar um sorriso no rosto e fazer o nosso melhor trabalho.
Até hoje não defini minha área, tenho feito de tudo um pouco e isso ocorre, conforme um outro amigo meu, advogado de anos, me disse certa feita, no direito você não escolhe a área que vai atuar, você escolhido.
Já fiz de tudo um pouco, mas a minha área de concentração é efetivamente os Tribunais Superiores, é o que eu realmente gosto de fazer, o que entendo, e o que eu tenho me especializado, mas como tenho que sustentar uma família e um escritório não me furto a fazer trabalhistas e cíveis nos tribunais locais.
Posso afirmar categoricamente que o início de carreira, apesar de alguns altos e baixos, no geral, até por morar em Brasília, o coração do Direito nacional, a avaliação é a melhor possível. E encerro usando uma palavra do mestre Luiz Fernando Gomes, uso-a todos os dias: AVANTE!!!