Será que a prova da 1ª fase do XVII Exame da OAB será tão difícil como a prova do XVI?

Quinta, 16 de julho de 2015

1ª fase do XVII Exame da OAB será tão difícil como a prova do XVII 2

Recebi ontem* a seguinte pergunta, que talvez esteja no imaginário de 10 entre 10 candidatos inscritos no XVII Exame de Ordem:

"Olá Maurício. O XVII Exame da Ordem será o meu primeiro, e tendo em vista que o XVI foi taxado como um dos mais difíceis, senão o mais difícil de todos, gostaria de saber a sua opinião sobre o que esperar da primeira fase do XVII, ou seja, se a banca tende a manter o nível da prova passada, ou "pegará mais leve" dessa vez. Obrigada desde já e fico aguardando um post sobre este assunto!!!"

Tentar antecipar o futuro não é exatamente uma tarefa fácil, e volta e meia as previsões são desfeitas pela realidade. Querem um exemplo? A falta de anulações exatamente na prova passada, que teve uma lata reprovação na 1ª fase.Esperávamos pelo menos umas duas, questões viciadas para tanto existiam, eram muito evidentes, mas mesmo assim a banca resolveu não anular nada!

1ª fase do XVII Exame da OAB será tão difícil como a prova do XVII 3

 E pela sexta vez a OAB não anula nada na prova da 1ª fase...

 Pois é! Foi verdadeiramente escandaloso face à pertinência mais absoluta de vários recursos e da expectativa geral pelas anulações.

Mas, apesar do imponderável, é possível ao menos fazer uma projeção aproximada do que pode vir a ser a futura prova.

Para pensarmos o futuro temos que entender o passado.

Como foi, afinal, o XVI Exame de Ordem?

No XVI Exame de Ordem nós tivemos 111.816 inscritos (consegui essa info, em primeira mão, hoje), com 26.836 aprovados, o que dá um percentual de aprovação de 24%.

Ou seja, apenas 2,5 candidatos aprovados em cada 10.

Ainda assim este percentual de 24% ficou um pouco longe das piores edições da prova.

No XII o percentual de aprovados na 1ª fase foi de 21%.

No IX Exame o percentual foi de 16,67%, e aqui precisamos mencionar que tivemos 3 anuladas na 1ª fase! Sem elas a aprovação teria sido de 10,3%. Tanto é que nesta edição, pela 1ª vez, a OAB não publicou a lista de aprovados, certamente temendo um exacerbamento extremo das críticas (que na época foi imensa).

Estatisticamente, portanto, a 1ª fase do IX Exame foi a mais devastadora de todas as provas objetivas.

No IV Exame de Ordem o percentual foi de 18,48% na 1ª fase.

No 2010.1 o percentual foi de 19,95%, e isso porque tivemos 5 anulações. Sem elas o percentual teria sido de 10,43%.

No 2009.1 o percentual de aprovação na 1ª fase foi de 21,88%.

Ou seja: Tivemos 5 edições onde os candidatos tiveram desempenhos piores comparadas com a atual, além de outras duas cujos percentuais também ficaram na casa dos 24%.

O XVI não foi o pior Exame, mas deixou suas sequelas.

E por que a FGV apertou tanto naquela prova?

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A pergunta tem um fundamento estatístico.

O número de candidatos da repescagem subiu muito, e era preciso estabelecer uma espécie de "corte" para equilibrar a prova.

Observem a evolução do número de candidatos advindos da repescagem desde o seu início, em dados exclusivos do Portal:

XIII Exame (foi a primeira prova da 2ª fase com candidatos de repescagem, oriundos do XII Exame):

Aprovados na 1ª fase: 30.150

Candidatos da repescagem: 7.864

Total na 2ª fase: 44.835

XIV Exame

Aprovados na 1ª fase: 38.014

Candidatos da repescagem: 17.185

Total na 2ª fase: 55.199

XV Exame

Aprovados na 1ª fase: 53.330

Candidatos da repescagem: 17.024

Total na 2ª fase: 70.354 (recorde de candidatos em 1 segunda fase)

XVI Exame:

Candidatos que já estão na repescagem: 29.783

No XIII Exame tivemos a mais na 2ª fase 7.864 candidatos, exatamente aqueles reprovados na 2ª fase do XII. Três edições depois nós já tivemos na 2ª fase do XVI Exame 29.783 candidatos na repescagem do XVI Exame, ou seja, um crescimento imenso de candidatos se compararmos com o XIII Exame.

Esse crescimento se deveu, principalmente, ao enorme número de aprovados na 1ª fase do XV Exame, gerando um grande número de candidatos já na repescagem do XVI.

Teorizando aqui, se na 1ª fase do XVI Exame fossem aprovados uns 50 mil candidatos, a 2ª fase seria ainda maior do que foi a 2ª fase do XV Exame.

Logo, foi por isso que a 1ª fase do XVI foi tão ruim assim!

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Meio óbvio até entender o grau de dificuldade daquela prova. A FGV estava exercendo um controle para "equalizar" o número de candidatos nesta e na próxima 2ª fase.

E ela faz isso para manter um percentual "padrão" de aprovados ao final de cada Exame.

Como a reprovação na última 2ª fase foi alta, a próxima repescagem terá um percentual menor de candidatos da repescagem.

Exclusivo: 2ª fase do XVI Exame foi, estatisticamente falando, a PIOR de todos os tempos!

O que esperar então da próxima prova objetiva?

Não acredito que, após ter "equalizado" a repescagem com uma 1ª fase terrível, que a FGV vai facilitar muito na próxima 1ª fase. A equalização deverá permanecer, mas não será, contudo, no mesmo padrão que foi a prova anterior.

No XVI Exame nós tivemos um "ajuste", agora, deveremos ter a manutenção, e a manutenção em regra não é tão rigorosa como o ajuste.

Isso já é um conforto!

Bom, em termos...

A prova sempre deve ser vista como difícil. A preparação deve ser encarada desta forma.

*Republicação do dia 23/06