Ser aprovado no Exame de Ordem é mérito ou obrigação?

Quarta, 4 de maio de 2011

Ser aprovado no Exame de Ordem é mérito ou obrigação?

Para a grande maioria é a mais pura obrigação. Aliás, muito da pressão sobre os candidatos decorre da percepção de que a aprovação no Exame de Ordem não é mais do que uma obrigação, pois o examinando, afinal, passou 5 anos dentro de uma faculdade e TEM de saber o Direito.

Está é provavelmente a maior fonte de pressão sobre os candidatos, e razão para toda uma série de traumas que acompanham o Exame de Ordem.

O pior é que essa "obrigação" não é exclusivamente externa: a cobrança pessoal, interna, provavelmente é mais intensa, gerando ansiedade nos candidatos e grande frustração nos reprovados.

Eu poderia discorrer aqui que na verdade, hoje, passar no Exame é mais mérito do que obrigação, mas seria repetir o tema - A cruel realidade com quem reprova na OAB.

E aqui surge uma armadilha!

Sempre recebo e-mails de candidatos que já tentaram passar no Exame em 3 ou 4 oportunidades. Tentam, estudam, se entregam e não compreendem as razões do fracasso.

E a percepção de que a aprovação no Exame é uma obrigação e não mérito gera uma armadilha: o candidato estuda para passar e não para aprender.

Aliás, é raríssimo ver alguém estudando para aprender quando o assunto é Exame de Ordem. A prova acontece em intervalos relativamente curtos de tempo, a pressão pela aprovação é grande e o resultado está acima de qualquer outra prioridade ou parâmetro. A aprovação é o que conta!

Mas...se o candidato mudar de ponto de vista ? Se a aprovação deixar de ser uma obrigação?

E se a aprovação deixar de ser uma obrigação e se tornar apenas um resultado? O processo natural de se estudar?

No fundo as infindáveis perguntas sobre a data da prova demonstram uma preocupação que vai além apenas do tempo restante de estudo, e sim a precupação com o resutlado em si.

Que tal mudar o foco? Que tal despreocupar-se com a prova? Considerá-la apenas um momento dentro de um processo mais amplo e não o objetivo?

O foco do candidato não ser a prova em si, e sim um patamar de conhecimento suficiente e necessário para lhe dar a convicção de que seu desempenho em uma futura prova será positivo.

Saliento o detalhe: A meta não é a aprovação, a meta é a preparação. São coisas distintas, e isso faz muita diferença.

Transcrevo aqui um texto do professor Rogério Neiva exatamente sobre essa abordagem:

"candidato que se mobiliza com o foco no resultado está a todo momento preocupado com a aprovação. Está sempre pensando, em algumas ocasiões até com certo desespero e angústia, na próxima prova. Está se questionando o motivo de ainda não ter passado. Está fazendo planos de curto prazo, contando com a aprovação também numa perspectiva de curto prazo. O seu foco geralmente não é centrado na execução do seu plano de estudosnão envolve as matérias e conteúdos que está estudando. Também não consiste nas metas de estudos que possa ter estabelecido, se é que estabeleceu alguma meta de estudo de forma mais precisa.

Por outro lado, já o candidato que tem o foco centrado no processo não está tão preocupado com o resultado. Está mais preocupado com a execução do seu plano de estudosSe tem alguma angustia, é com as matérias e conteúdos que se propôs a estudar numa determinada semana e eventualmente não conseguiu. Está mais atento à conclusão do seu planejamento de estudos do que com a prova. Este candidato pensa na aprovação e faz planos para o futuro. Mas não encara estes planos numa perspectiva de curto prazo. Está mais mobilizado pela conclusão dos estudos planejados do que com as provas e resultados.

Ou seja, um candidato foca no resultado, ao passo que outro foca no processo.

Neste sentido, a tese que venho sustentando é de foco no processo.

O foco no processo alivia tensões. O foco no processo faz o candidato viver e até curtir o momento. Estudar consiste numa atividade humana que tende a ser prazerosa. Naturalmente a depender da maneira como é trabalhada."

Fonte: Tuctor

A dica a ser passada está na conjunção entre a soma dos conceitos de aprovação por mérito e foco no processo. Se o foco é o resultado, passar no Exame de Ordem é uma obrigação, com seus naturais desdobramentos, se o foco é no processo, passar no Exame é mérito, e sua preparação será muito mais leve, centrada e eficiente.

Claro que mudar ideologias de uma hora para outra não é algo fácil de se fazer, muito menos jogar para o escanteio certezas e hábitos há muito arraigados. Mas ao menos tenham conciência de suas próprias ambições e reações ao desafio. A partir daí será possível mudar o foco, e colher os frutos disso.

Transforme sua aprovação em mérito e não em uma obrigação.

Só depende de você!