Terça, 16 de maio de 2023
Quem faz o Exame de Ordem sabe perfeitamente bem o tamanho da pressão em ser aprovado. O mantra "depois de 5 anos de faculdade você tem a obrigação de passar" é profundamente real. Seja a pressão pessoal em conseguir logo a aprovação ou a pressão de familiares ou amigos.
"Ter de passar" é uma espécie de acessório da prova, e produz, é claro, muito stress.
Nós sabemos que a lógica do mundo hoje em dia é pautada pela necessidade de se apresentar resultados, e só os resultados importam. Logo, ser aprovado, para a grande maioria, não passa da mais pura obrigação. De fato, muito da pressão sobre os candidatos decorre da percepção de que a aprovação no Exame de Ordem não é mais do que uma obrigação.
Está é provavelmente a maior fonte de pressão sobre os candidatos, e razão para toda uma série de traumas que acompanham o Exame de Ordem.
O pior é que essa "obrigação" não é exclusivamente externa: a cobrança pessoal, interna, provavelmente é mais intensa, gerando ansiedade nos candidatos e grande frustração nos reprovados.
Sempre recebo e-mails de candidatos que já tentaram passar no Exame em 3 ou 4 oportunidades. Tentam, estudam, se entregam e não compreendem as razões do fracasso.
E a percepção de que a aprovação no Exame é uma obrigação e não mérito gera uma armadilha: o candidato estuda para passar e não para aprender.
Aliás, é raríssimo ver alguém estudando para aprender quando o assunto é Exame de Ordem. A prova acontece em intervalos relativamente curtos de tempo, a pressão pela aprovação é grande e o resultado está acima de qualquer outra prioridade ou parâmetro. A aprovação é o que conta!
Mas...se o candidato mudar de ponto de vista ? Se a aprovação deixar de ser uma obrigação?
E se a aprovação deixar de ser uma obrigação e se tornar apenas um resultado? O processo natural de se estudar?
No fundo as infindáveis perguntas sobre a data da prova demonstram uma preocupação que vai além apenas do tempo restante de estudo, e sim a preocupação com o resultado em si.
Que tal mudar o foco? Que tal despreocupar-se com a prova? Considerá-la apenas um momento dentro de um processo mais amplo e não o objetivo?
O foco do candidato não ser a prova em si, e sim um patamar de conhecimento suficiente e necessário para lhe dar a convicção de que seu desempenho em uma futura prova será positivo.
Saliento o detalhe: A meta não é a aprovação, a meta é a preparação. São coisas distintas, e isso faz muita diferença.
A pressão deriva diretamente da criação de uma EXPECTATIVA. Assim sendo, quem mais contribui para gerar o stress e a pressão é o próprio candidato focado em ser aprovado.
Mas se o foco passa tão somente a ser direcionado em APRENDER?
Quem está focado apenas no processo de aprendizado não está profundamente focado no resultado em si, mas sim em aprender. Suas preocupações estão centradas com o planejamento e execução dos estudos, e, em um último momento, com resultados.
Ou seja: o resultado é consequência e não o objetivo.
Evidentemente, a aprovação é a meta real, mas o foco não está nela, e sim em simplesmente aprender. Pensando desta forma, o foco no processo alivia o stress natural que aflige os examinandos. Estudar pode até mesmo se tornar prazeroso, tal como se fosse um desafio tomado em si mesmo.
A dica a ser passada está na conjunção entre a soma dos conceitos de aprovação por mérito e foco no processo. Se o foco é o resultado, passar no Exame de Ordem é uma obrigação, com seus naturais desdobramentos, se o foco é no processo, passar no Exame é mérito, e sua preparação será muito mais leve, centrada e eficiente.
Claro que mudar ideologias de uma hora para outra não é algo fácil de se fazer, muito menos jogar para o escanteio certezas e hábitos há muito arraigados. Mas ao menos tenham consciência de suas próprias ambições e reações ao desafio. A partir daí será possível mudar o foco, e colher os frutos disso.
Transforme sua aprovação em mérito e não em uma obrigação. Ser aprovado na OAB não é uma obrigação, não para quem trabalhar isso internamente.
Só depende da vontade de cada um.