Terça, 26 de outubro de 2010
Uma frase dita por um professor ressoa na minha cabeça: ?Quem não tem tempo para estudar não tem tempo para aprender?.
Que tempo tem para estudar e consequentemente aprender o aluno do ensino superior dos cursos noturnos? Que tempo tem o aluno que trabalha o dia inteiro e chega à noite, já cansado, a uma instituição de ensino superior? Que tempo tem aqueles que após um dia de trabalho ainda necessitam se deslocar entre bairros distantes ou mesmo entre cidades para buscar uma educação superior?
Estes alunos que procuram os cursos superiores noturnos das instituições privadas de ensino, que pouco tempo têm para estudar, que na maioria das vezes trabalham para pagar seus estudos e que percebem no ensino superior a sua única opção de ascensão social constituem atualmente 71,2% dos alunos matriculados no ensino superior privado brasileiro.
Estes alunos, os que não têm tempo para estudar, que não tem tempo para aprender que já chegam cansados, que não tiveram um bom ensino médio, não interessam às instituições públicas. Conseguir um bom resultado nas avaliações com alunos que fizeram um bom ensino médio e que podem se dedicar em tempo integral aos estudos certamente é muito mais fácil. Conseguir excelentes indicadores de regime de trabalho e titulação quando não existe preocupação com folha de pagamento, custos e impostos também é muito mais fácil.
É bem verdade que o ensino é patrimônio do docente, mas a aprendizagem é patrimônio do aluno e a questão que se coloca é certamente sobre a qualidade da aprendizagem. Como promover um ensino de qualidade, uma verdadeira aprendizagem em situações tão adversas como as dos 2.667.449 alunos do ensino superior privado noturno?
Os modelos pedagógicos centrados na ?atividade aula? não são capazes de atender às necessidades da verdadeira aprendizagem. O momento da aula não é suficiente, não garante a boa aprendizagem.
Aprendizagem, como patrimônio do aluno que é, exige deste aluno verdadeiro esforço e este esforço demanda orientação e acompanhamento permanente de docente.
Urge rever os modelos pedagógicos garantindo a estes alunos além da boa ?aula?, atividades que promovam uma melhor aprendizagem. Atividades centradas no aluno certamente produzirão melhores resultados mas podem implicar em maiores custos. Equilibrar qualidade e sustentabilidade certamente e o grande desafio e neste desafio é que se revela o quanto a Responsabilidade Social das instituições privadas é certamente muito maior que o das instituições públicas de ensino.
Autor: Urias Barbosa Especialista em Educação Consultor associado do Grupo Hoper
Fonte: ABMES Educa