Representantes do INEP e de instituições pública e privadas discutem dados do Censo da Educação Superior 2010

Sexta, 9 de dezembro de 2011

A Associação Brasileira de Mantenedores do Ensino Superior (Abmes) e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) realizaram seminário sobre o Censo da Educação Superior 2010 na manhã desta terça-feira. Desde que o ministro da educação Fernando Haddad divulgou oficialmente o Censo, em 7 de novembro, representantes do Inep têm percorrido o país para discussão com as instituições de ensino superior.

No auditório da Abmes, em Brasília, os participantes do seminário buscaram aprofundar os dados. O debate foi centrado nos cursos de graduação e sequenciais de formação específica do país, como número de matriculados, ingressantes, vagas, evasão, ensino presencial e a distância, perfil do aluno e do docente.

Christyne Carvalho da Silva, coordenadora de planejamento do Censo (Inep/MEC), falou sobre as inovações no levantamento de 2010 e 2011. De acordo com ela, no último ano, eles buscaram integrar o Censo com o e-MEC (sistema de cadastro das instituições), para relacionar os dados coletados e os programas de educação superior, como Fies, ProUni, Enade, Sinaes e Sisu.

Para 2011, o Inep pretende garantir maior exatidão com a coleta por meio do CPF dos estudantes. ?Esse é o nosso maior desafio porque sabemos que as instituições têm dificuldade em obter esse documento do aluno. Acreditamos que vai dar certo até porque estabelecemos parcerias com as instituições públicas e privadas.?

Números

O técnico da Coordenação de Controle de Qualidade e Indicadores da Educação Superior (Inep/MEC), Renan Dourado, relembrou os dados do censo. Na última década, o número de matrículas no ensino superior mais que dobrou. Em 2010, 6 milhões e 552 mil estudantes estavam matriculados na graduação e pós-graduação. Registraram-se 2 mil e 377 IES, sendo 88% privadas e 12% públicas.

Foram 2 milhões e 182 mil ingressantes e 973 mil concluintes. A relação entre os que entram e os que terminam ainda é baixa, mas o crescimento no número de concluintes é expressivo, pois em 2001 eram apenas 400 mil. A Região Norte e Nordeste aumentaram a participação no ensino superior. O Norte, que tinha 4,7% do total de matrículas em 2001, passou para 6,5% em 2010; e o nordeste, de 15,2% foi para 19,3%.

A percentagem de concluintes pelo ensino a distância (EaD) também chama a atenção. A modalidade corresponde a 14,8% dos que terminam a graduação no país. ?O Inep vê com bons olhos o crescimento da educação a distância. É bom ter a tecnologia inserida no ensino?, defende Dourado.

A fragilidade do ensino particular foi tema de discussão quando o técnico ressaltou que das 2.099 instituições privadas, cerca de 1.613 (76,8%) oferecem menos de dez cursos. Apenas 15 têm 100 ou mais cursos. A comparação com a rede pública abrangeu a formação dos docentes, já que os doutores concentram-se nas instituições governamentais, enquanto na rede privada os professores têm especialização.

Rodrigo Capelato, diretor executivo do Sindicato das Entidades Mantenedoras de Ensino Superior no Estado de São Paulo (Semesp), alertou para o perfil do aluno. Segundo o especialista, o crescimento das matrículas no ensino superior acompanhou o crescimento das classes C e D. Além disso, os cursos de tecnólogo tiveram crescimento de 497% nas IES privadas de 2003 a 2010. ?É preciso pensar nas consequências, como lidar com esses alunos, como retê-los e que cursos oferecer??, questiona.

Ele afirma que os números cresceram principalmente nas instituições com preços mais acessíveis, em que registram maior evasão. ?A classe C e D está entrando, mas ainda têm muitos problemas para se manter no sistema?, Capelato alertou.

Falhas e acertos

Os técnicos do Inep reconhecem os problemas do Censo. ?Encontramos inconsistências decorrentes do volume de informações. Teve o caso de uma faculdade em que todos os alunos constavam como mortos. Nas privadas, temos mais facilidade para confirmar os dados, nas públicas, o processo é mais demorado?, explica Christyne. Dourado relativiza. ?É importante saber que o Censo é um retrato. Em um universo de mais de 6 milhões de alunos. A pró-reitora da Universidade Tuiuti, no Paraná, Carmen Luiza da Silva confirma a importância do Censo para análise do mercado. ?Com o cruzamento dos números, verificamos demandas, possibilidades de ações, de abertura e fechamento de cursos, se você está alinhado com o que o mercado está pedindo?, acredita.

Fonte: Eu, estudante