Quinta, 31 de março de 2022
Fazer 36, 37, 38 ou 39 pontos na 1ª fase é um desafio não só para o intelecto como também para a própria alma. Para o intelecto porque a percepção de que é possível é bastante real, tangível, mas não foi o suficiente. Para a alma porque dói ver que todo o processo de estudar para a prova objetiva terá de ser refeito, e a sensação de desperdício atraso e mesmo de incapacidade tomam o corpo.
Essa sensação de bater na trave é bem incômoda, dá uma agonia em ver que a aprovação está ali, bem pertinho, ao alcance dos dedos, mas ainda assim impossível de ser superada.
Mas não tem "mas" nenhum! Se bater na trave, não entra para a 2ª fase, e não tem o que fazer. O "mas" não assegura nada para ninguém e a frustração toma forma.
Vencer as pequenas limitações, os pequenos detalhes que fazem o candidato ficar com 38 ou 39 pontos é FUNDAMENTAL, e o trabalho para isto deve começar agora! Chegou a hora de reescrever o planejamento para enfrentar novamente a OAB!
Para isto é preciso seguir alguns passos importantes visando reescrever a forma como se prepara para a primeira fase.
Vejamos o primeiro:
Uma ou mais reprovações podem gerar a impressão de que o candidato NÃO tem capacidade de ser aprovado na OAB. Uma sucessão de reprovações é efetivamente lesiva ao ego e atrapalha não só os estudos como também o próprio emocional.
E um emocional abalado produz um estrago considerável na capacidade de se reerguer.
Mas, acreditem, várias reprovações NÃO SÃO um indicativo de falta de capacidade intelectual. Na realidade, são um indicativo de que o candidato não sabe estudar direito.
Em regra é isto: não saber estudar!
Por que digo isto?
Porque a base neurofisiológica de todos as pessoas é igual, seguindo os mesmos processos em um órgão (o cérebro) que é compartilhado por todos. Se aqueles que são aprovados conseguem, os que são reprovados possuem a mesmíssima capacidade.
Curso de Questões e Cronograma para o XXXV Exame de Ordem
E, de fato, muitos candidatos que conseguem a aprovação após 5, 6 ou mesmo mais de 7 tentativas só o conseguiram porque MUDARAM de postura (ou na técnica de estudo, ou no empenho ou na gestão emocional) e lograram finalmente a aprovação.
Quem fica com 38 ou 39 pontos precisa se perguntar:
1 - Usou uma técnica de estudo adequada, apta a formar uma memorização razoável?
2 - Estudou com o empenho necessário?
3 - Começou a estudar com antecedência?
O processo de autocrítica sério, feito sem ressalvas, geralmente aponta para um dos problemas elencados acima. Quem reprova simplesmente reprova porque teve uma preparação falha, insuficiente para ser aprovado.
A reprovação não é, em regra, resultado de uma incapacidade pessoal, mas sim resultado de falhas na gestão dos estudos.
A dificuldade está em reconhecer as falhas.
O que teria a dizer um candidato que reprovou umas 4 vezes na 1ª fase ficando sempre ali com 37, 38 ou 39 pontos? O que ele fez de diferente após cada reprovação?
Em regra, ele volta a estudar do mesmo jeito, e colhe o mesmo resultado sempre.
Ou seja: potencial para a aprovação todos tem, mas nem todos trabalham dentro dos limites da própria capacidade, colhendo com isso a reprovação.
Reprovou? Então o que você fez para colher esse resultado PRE-CI-SA ser alterado.
Curso OAB OMNIA - Curso completo com Mentoria individualizada
Todo o processo de preparação previamente utilizado precisa ser descartado. Outro, mais eficiente, deve agora ser pensado e implementado.
Isso porque o resultado deriva da ação. Se a ação não foi boa, o resultado a denuncia.
Uma afirmação importante: estudar é um processo com várias etapas, sendo que uma etapa está ligada a outra.
Por quê?
Porque o estudo guarda correlação com a forma como se forma a memória, e a memória ligada a ideias, letras e conceitos.
Para fixarmos esse tipo de conteúdo, presente em aulas ou em livros, precisamos colocar o cérebro para processar as informações de várias formas distintas. Ou seja, o trabalho com a informação passa a ser multidirecional. Dessa forma, a informação fica retida com consistência, e é isso que faz a diferença na hora da prova.
Só ler ou só acompanhar uma aula não é o suficiente para estudar e aprender. Apenas resolver questões também não.
Primeiro o estudante deve ler ou ver uma aula, que representa o contato inicial com a informação, depois ele deve fazer um resumo, de cabeça, do que viu, exatamente para "puxar" a informação da cabeça, forçando em parte a sua retenção prévia, depois ele deve resolver questões para, novamente, mas de uma outra forma, trabalhar com o conteúdo, e, por fim, deve repetir esse processo em outras oportunidades (no caso, reler o resumo e resolver novamente as questões) por duas ou 3 vezes.
A informação, assim, é trabalhada de diferentes formas, demandada sob ângulos diferentes. É isso que forja a retenção da informação.
Abandone a atual forma de estudo e recomece o processo da forma correta.
Disciplina é, simplesmente, um elemento-chave neste processo.
Isso significa dizer que a preparação tem de ser respeitada de forma religiosa, sem concessões fora do planejamento.
Não estou dizendo que o estudante tem de renunciar a tudo. Não é isso!
Estou dizendo que a preparação deve seguir um roteiro, incluindo aí períodos de descanso, e o roteiro deve ser RESPEITADO!
Disciplina nada mais é do que o respeito a um procedimento. Um rígido respeito a um processo que precisa ser cumprido para que os resultados apareçam.
Sem disciplina a preparação fica comprometida.
Obviamente, a disciplina é um componente de ordem emocional. E como tal é preciso trabalhar a sua formação, trabalhar a sua implementação, pois todos nós somos sujeitos a fraquezas.
Disciplina não cai do céu...
Existem muitas formas de se criar uma disciplina, mas talvez o componente mais importante de sua implementação seja adotar em relação a ela uma preocupação.
Ou seja: ser disciplina deve ser o foco de quem quer estudar. Se preocupar com a agenda, se preocupar com as atividades que serão feitas antes de iniciar os estudos, exatamente para não prejudicar o horário destinado à preparação.
Fazer com que o estudo seja a coisa mais importante para a própria vida, a prioridade central das atividades.
Isso demanda não só uma série de ações (como dormir na hora certa e deixa tudo pronto para a hora de estudar) como também implica em adotar um forte compromisso emocional com o projeto de estudos.
É preciso acreditar que se está fazendo a coisa certa e todo sacrifício feito para isto será devidamente recompensado com a aprovação.
Sem disciplina não há chance de sucesso na empreitada.
Sabem quem se importa com suas dificuldades e dissabores perante a vida?
Ninguém!
Bom, vamos lá! Seu pai, sua mãe e mais alguém próximo se importarão. E só!
O mundo não se importa com as pessoas que não atingem seus objetivos. O mundo só gosta e sorri para quem se dá bem, para quem está no topo, para quem tem sucesso.
Infelizmente é assim. Aquela máxima "os amigos querem ver você bem, mas não melhor do que eles" é de uma verdade profunda, e revela o que vai no coração do ser humano.
Sentir pena de si mesmo não produz, objetivamente falando, resultado positivo nenhum.
Sim, é preciso endurecer. É preciso ser rígido na resposta às circunstâncias. E sim, é preciso ter uma atitude proativa perante a adversidade.
Abaixar a cabeça não é uma opção.
E não é porque o mundo não perdoa quem abaixa a cabeça.
E, vamos combinar, não é tão difícil assim ser duro consigo mesmo e duro com as circunstâncias, não permitindo que a força de vontade fraqueje. Automotivar-se é essencial, e acreditar na própria capacidade (que existe) é o elemento central neste processo.
Acreditem que há um futuro e que ele pode ser alcançado por suas mãos. E acreditem que ninguém lhes retirará esse direito.
E LUTEM por isso!
Levante a mão quem nunca caiu!
Todos caem!
Eu caio. Aliás, eu já caí várias vezes, e algumas quedas foram estrepitosas!
Mas estou aqui, vivendo as minhas dificuldades, dificuldades que vocês nem fazem ideia.
Mas ainda estou aqui.
E eu sei que um dia vou olhar para trás, como já olhei em outras oportunidades, e vou me parabenizar por ter sido resiliente e engenhoso.
E isso é uma regra que se aplica a todo mundo.
Hoje é tristeza, amanhã será determinação. O tempo cura tudo!
Daqui uma semana vocês estarão com um estado de espírito completamente diferente do de hoje, e isso é essencialmente bom.
Sabendo disto, NÃO tomem decisões "definitivas" agora. Não desistam quando exatamente o emocional não está em seu melhor momento.
O dia mau não é para tomar decisões e sim POSIÇÕES.
Deem tempo ao tempo, e a cura para a alma virá. Isso é uma regra da vida, e não uma mera opinião.
Vocês escolheram uma profissão em que estudar é a principal atividade.
Nunca vão fugir disto, exceto se abandonarem o Direito.
Encontrem, portanto, para o bem ou para o mal, o prazer em estudar.
Tudo que é feito com prazer é bem feito.
Encontrem o prazer em saber que o conhecimento está sendo retido, em que o processo de aprendizagem é mais importante do que o resultado por ele a ser entregue.
Acreditem: aprender o conteúdo do Exame é mais importante do que ser aprovado. Pois se o foco está em saber, a aprovação torna-se mera consequência.
Não há, portanto, NENHUM fardo a ser carregado de agora em diante. Vocês têm uma missão, tão somente, mas não um peso a transportar.
Recomecem, e recomecem leves para o próximo Exame.
Eu tenho a certeza de que o próximo resultado será bem diferente.