Quarta, 28 de setembro de 2011
O Portal IG publicou hoje outra matéria sobre o Exame de Ordem, que só veio a corroborar os dados que o Blog já havia declinado há mais tempo sobre o melhor desempenho dos ainda estudantes em relação aos bacharéis.
De acordo com o IG, a aprovação foi de 20,9% entre os estreantes (20,56% nos meus cálculos), representando o DOBRO em comparação com aqueles que já tentaram mais de duas vezes passar na prova, que seria de 10,8% (10,58% no meus cálculos).
E aqui vem o dado mais impressionante: quase a metade dos 121.380 inscritos fez a prova pela terceira ou mais vezes!
Seriam 57.497 candidatos nessa situação, e, dentre estes, apenas 6.092 conseguiram a aprovação final dentre os 18.011 aprovados.
Para o secretário-geral da OAB, a repetência acumulada por candidatos mal preparados prejudica os dados estatísticos do Exame: ?Queremos provar que o índice de reprovação é grande entre os que já têm repetência acumulada. São pessoas que, às vezes, insistem por anos, mesmo tendo sido reprovados em muitas edições?.
Ainda na avaliação do Dr. Marcus Vinícius, os recém-formados ou os estudantes em fim de curso são os responsáveis pelas estatísticas de quem fez a prova pela primeira vez, e eles estariam mais preparados para o Exame. Dos 36.831 estreantes inscritos na última edição, 7.574 receberão a carteirinha de advogado. Outros 4.336 candidatos que declararam estar fazendo o exame pela segunda vez foram aprovados.
Então temos o seguinte quadro:
Total de inscritos no Exame: 121.380
Total de aprovados: 18.011
Candidatos estreantes: Inscritos: 36.831 / Aprovados: 7.574 (20,56% dos inscritos nessa condição são aprovados)
Candidatos pela 2ª vez: Inscritos: 27.052 / Aprovados: 4.336 (16,02% dos inscritos nessa condição são aprovados)
Candidatos pela 3ª ou mais vezes: Inscritos 57.497 / Aprovados 6.092 (10,59% dos inscritos nessa condição são aprovados)
O professor Paulo Blair, da Universidade de Brasília (UnB), fez uma interessante observação sobre esses dados: ?Em vez de imaginarmos que consequentes reprovações tornariam esses candidatos mais preparados para a prova, acredito que a repetição não vai fazer com que o aluno tenha mais chances, mesmo com cursinhos. Eles não suprem uma formação universitária de cinco anos. Se ela foi mal feita, provavelmente o aluno terá chances pequenas de superá-la ao longo do tempo?.
Para ele, as primeiras tentativas de aprovação no exame selecionam os candidatos mais aptos. Os candidatos carentes de uma boa formação acadêmica são os que tentam passar inúmeras vezes sem sucesso.
Com informações do Portal IG
A informação de que os estudantes têm um melhor desempenho que os bacharéis é conhecida desde o final do Exame de Ordem 2010.3.
Entretanto, não consegui imaginar um motivo, uma justificativa para esse fato. Agora, com os novos dados trazidos pelo Portal IG, já é possível projetar ao menos uma razão para essas diferenças de desempenho: O bom candidato, com bom aproveitamento da faculdade, consegue logo a sua aprovação.
As causas da reprovação, como já abordei várias vezes aqui no Blog, são multifatoriais, indo desde provas e correções injustas, fatores emocionais, alunos desinteressados e faculdades ruins, descompromissadas com um ensino de qualidade.
Dentre todos os fatores, o ensino de má-qualidade e processos seletivos deficitários (vestibular), face os dados apresentados, efetivamente apresentam-se como as razões pelo fraco desempenho dos estudantes no Exame.
Massificação do ensino jurídico, excesso de faculdades, vestibulares ineficazes, ensino deficitário, ou, resumindo tudo, a mercantilização quase que absoluta do ensino superior (privado, diga-se de passagem), são os elementos responsáveis pelos elevados percentuais de reprovação no Exame de Ordem.
Há de se considerar também, por óbvio, a inexistência de qualquer determinismo neste quadro. É possível passar no Exame! Se é para uns, é para todos.
Todos!
O primeiro passo, no caso de reprovações sucessivas, é identificar as razões das deficiências. Admitir que elas existem é o primeiro passo para sair do ciclo de reprovações.
Ademais, não é possível abordar o assunto sem repetir o mesmo mantra: é preciso planejar os estudos!
E o planejamento envolve a delimitação das disciplinas a serem estudadas, a constatação, com a mais absoluta certeza, de que o conteúdo foi apreendido (e métodos de verificação dessa apreensão) e a alocação de TEMPO para o completo esgotamento do projeto de estudo.
É inevitável! O candidato que reprova uma vez, duas ou três, faz todas as provas em sequência, uma após a outra.
Isso é um IMENSO erro!
Acaba-se criando um ciclo vicioso de pouco tempo dedicado aos estudos (entre um exame e outro geralmente passam-se 4 meses) e nunca o conteúdo programático consegue ser devidamente esgotado e aprendido.
O resultado é a criação de um círculo vicioso de reprovações, que ao fim alimentam os dados agora trazidos pela OAB.
É possível passar, mas antes é preciso planejar, e mais do que planejar, botar em prática, de forma efetiva, o planejamento. Ou seja, comprometimento e dedicação.
Lembrem-se: ninguém é melhor do que ninguém. Se uns podem, todos podem.
Pensem nisso.