Quarta, 26 de janeiro de 2011
Todo candidato inscrito no Exame de Ordem se pergunta: A prova vai ser muito difícil?
Difícil toda prova é.
Alguns dizem que basta estudar, que a prova é fácil, etc, etc.
Não é bem assim...
Considerando o grau de conhecimentos médios daqueles que estão terminando o curso de Direito, ou que acabaram de se formar, e, a falta de uma certa maturidade e vivência profissional, o Exame de Ordem efetivamente se apresenta, para este específico momento da vida da maioria dos candidatos, como um desafio sério.
Aliás, muito sério.
A questão é: a prova vai ser difícil ou muito difícil?
Eu acredito que a FGV vai pesar a mão desta vez.
A prova objetiva do Exame passado foi uma prova boa, justa, bem construída e inteligente. Provavelmente a melhor prova objetiva feita até hoje.
E isso gerou uma consequência: Recorde absoluto de aprovados na 1ª fase - 47.516 candidatos.
E este enorme número de aprovados gerou uma série de problemas e muita, mas muita dor de cabeça para a OAB.
Por quê?
Observem os dados abaixo sobre a evolução do número de aprovados nos Exames passados:
2008.1 - 39.357 inscritos
Percentual de aprovados em relação ao número de presentes: 28.87%
2008.2 - 39.732 inscritos
Percentual de aprovados em relação ao número de presentes: 30,22%
2008.3 - 47.521 inscritos
Percentual de aprovados em relação ao número de presentes: 27,35%
2009.1 - 58.761 inscritos
Percentual de aprovados em relação ao número de presentes: 19,48%
2009.2 -70.094 inscritos
Percentual de aprovados em relação ao número de presentes: 24,45%
2009.3 - 83.524 inscritos
Percentual de aprovados em relação ao número de presentes: 16,50%
2010.1 - 95.764 inscritos
Percentual de aprovados em relação ao número de inscritos: 14,03%
2010.2 - 106.041 inscritos
Percentual de aprovados em relação ao número de inscritos: 16,00%
Vejam um aspecto interessante.Do Exame 2008.1 até o Exame 2010.2, o número de inscritos no Exame Unificado subiu 169,43% em decorrência não só da inclusão paulatina das seccionais como também da permissão para que acadêmicos do 9º e 10º semestres pudessem fazer a prova.
Entretanto, o percentual de aprovados em cada Exame oscilou para baixo. Em números absolutos isso significa que cada Exame aprovou, em média, um número muito assemelhado de candidatos. Confiram:
2008.1 - 11.063
2008.2 - 11.668
2008.3 - 12659
2009.1 - 11444
2009.2 - 16507
2009.3 - 13781
2010.1 - 13435
2010.2 - 16.974
Apenas os Exames 2009. 2 e 2010.2 destoaram um pouco dos demais, mas, na média, o número absoluto de aprovados é muito semelhante, oscilando lentamente para cima, dos 11 mil até os 13 mil candidatos entre o Exame 2008.1 até o 2010.2, na média.
Ou seja: O número de inscritos mais do que dobrou, mas o número de aprovados cresceu de forma insignificante.
A constatação é óbvia - O número de aprovados segue um padrão independente do número de inscritos.
Pois bem!
O que acontece quando você aprova na 1ª fase 47.516 candidatos e precisa jogar o patamar de aprovados para algo em torno de 12 a 16 mil aprovados, exatamente para manter a "média"?
Simples! Faz uma prova muito difícil na 2ª fase.
E as provas da 2ª fase foram difíceis. Mais do que difíceis: foram muito cansativas.
E aparentemente isso não foi o suficiente para derrubar muitos candidatos.
A alternativa foi estabelecer critérios de correção absurdos responsáveis pela reprovação de dezenas de milhares de candidatos. Tais critérios suscitaram a maior batalha jamais vista em torno de um Exame de Ordem.
Os reflexos disso, em apertada síntese, são 4 Ações Civis Públicas ajuizadas pelo MPF contra os critérios de correção da prova subjetiva 2010.2:
MPF/GO também move Ação Civil Pública visando recorreção do Exame de Ordem 2010.2
MPF/DF ajuiza nova Ação Civil Pública contra correção do Exame OAB/FGV 2010.2
MPF/SC move a quarta Ação Civil Pública contra correção do Exame de Ordem 2010.2
Ministério Público Federal ajuiza Ação Civil Pública contra OAB e FGV
Essas ACP"s são apenas a ponta final de uma confusão bem maior que originou-se no dia seguinte a da publicação do resultado preliminar de aprovados no Exame:
Prova aplicada pela FGV foi um FRACASSO
Exame de Ordem 2010.2 ? OAB/FGV ? Correções das provas subjetivas precisam ser ANULADAS
Por que recorrigir a prova da OAB? Uma análise sobre o Provimento 136/09
Em suma: Uma imensa dor de cabeça para a OAB e para a FGV, e a história toda ainda está se desenrolando.
É natural que a Ordem não queira nem sonhar com outro problema desse.
E como evitá-lo?
Reprovando mais na 1ª fase.
E é isso que vai acontecer.
Os dois Exames Unificados mais problemáticos foram o 2009.2 e 0 2010.2. Ambos aprovaram muitos candidatos na 1ª fase, e ambos geraram imensas controvérsias nas provas da 2ª fase.
Como a OAB sempre mantém um padrão de aprovação, aprovar muitos candidatos na 1ª fase representa a criação de uma dificuldade técnica para reprová-los depois.
Não tenho dúvidas: A Ordem NUNCA MAIS vai aprovar 47.516 candidatos em uma prova objetiva.
Nunca mais...
O quão difícil será a prova?
É impossível antever.
Mas será difícil o bastante para aprovar um número bem menor de candidatos. Talvez, em uma tentativa de chute, algo em torno de 20 a 30% dos inscritos.
É mais do que razoável esperar isso.
Imaginem o problema de logística (e seu corolário lógico: custo) responder aproximadamente 30 mil recursos dos reprovados na 2ª etapa, estimativa essa da própria OAB.
É muito trabalho.
Infelizmente não existe um consenso sobre o que é o mínimo necessário de conhecimentos para um bacharel ser advogado. Quanto mais candidatos se inscrevem, mais são reprovados. E esse mínimo necessário vai se transformando em um "máximo necessário" para se poder advogar.
E como estudar é a ordem do dia, não deixem de se inscrever no simulado do Portal Exame de Ordem - Segundo simulado para a 1ª fase do Exame de Ordem 2010.3