Qual será o grau de dificuldade da próxima prova da OAB?

Terça, 24 de janeiro de 2012

Há muitas edições do Exame, antes da prova da 1ª fase, escrevo sobre a futura prova, e, naturalmente, seu grau de dificuldade.

Nesse momento eu não costumo dourar a pílula e falo sobre o que efetivamente penso, se ela será mais fácil ou mais difícil em relação a prova passada.

E geralmente acerto.

Mas, quando se escreve geralmente, é porque o grau de acerto não é de 100%. Eu errei a previsão na prova passada...

E qual foi a razão para o erro?

Devo ressaltar antes que o grau de dificuldade de qualquer coisa tem um imenso componente subjetivo, pois depende muito de avaliações pessoais. Quando trato do grau de dificuldade do Exame, baseio-me integralmente na análise de números e percentuais. A lógica é simples: quanto maior o percentual de reprovação, pior é a prova.

Pois bem!

O IV Exame de Ordem conseguiu uma proeza: foi a 1ª prova sem grandes polêmicas dede o Exame 2009.2. Foram 6 edições problemáticas e isso colocou a OAB e sua prova na berlinda, principalmente nas edições 2009.2 e 2010.2, ambas com graves problemas na segunda fase.

No IV Unificado tivemos, com divulgação da lista preliminar de aprovados na 2ª fase, 18.011 candidatos aprovados (dentre 121.380), representando 14,83% do total candidatos inscritos (85,17% de reprovação) e 81,97% entre os aprovados na 1ª fase.

Na lista final de aprovados o número de aprovados saltou para 18.234 candidatos, ou 15,02% de aprovação final.

A fórmula parecia simples: a OAB reprovaria maciçamente na 1ª fase e aplicaria uma prova palatável na 2ª fase, minimizando o risco de problemas. Lembrando que os grandes dramas do Exame de Ordem sempre ocorrem na 2ª fase (exceto o 2009.3, quando ocorreu a fraude e a prova foi anulada).

Imaginei: se o IV Exame não deu problemas, a OAB e a FGV vão repetir no V Exame a mesma fórmula: prova da 1ª fase complicada e provas da 2ª fase amenas.

Projetei uma prova TÃO DIFÍCIL como sua antecessora baseado nessa lógica.

Mas nem tudo segue padrões lógicos...

No V Exame Unificado tivemos 108.355 inscritos e 50.624 aprovados na 1ª fase (46,72%). Recorde absoluto de aprovação em um Exame de Ordem.

Fiquei me perguntando: por qual razão a prova da 1ª fase aprovou tantos candidatos? Surgiram 3 respostas possíveis:

a) os candidatos estão mais preparados;

b) a FGV aliviou na elaboração da prova por desatenção;

c) a OAB queria mesmo mais candidatos aprovados.

Qual seria a resposta correta?

Candidatos mais preparados? Acho cedo sugerir isso. Um ponto fora da curva não é sinônimo de mudanças até se apresentar como uma constante.

FGV aliviou na preparação da prova? É possível. Eu achei a prova do V mais simples do que a IV Unificado.

A OAB quer mais advogados? Pode ser também. O Exame tem estado sob constantes críticas e a Ordem pode querer mudar esse quadro alterando os percentuais de aprovação.

Refletindo sob estes prismas, não consigo, como conseguia antes, projetar um hipotético grau de dificuldade.

Se os candidatos estão mais preparados, a FGV vai "corrigir a rota" e dar uma apertada (como já deu na 2ª fase do V Unificado). Se a FGV falhou na hora de determinar o grau de dificuldade, agora irá corrigir a falha, e teremos então uma perspectiva mais sombria. Ou, se realmente o Exame está recebendo um outro tratamento e a OAB realmente quer "mudar a cara" das estatísticas.

E agora? Qual é a resposta?

Sempre foi razoável projetar um determinado grau de dificuldade das provas em função da ESTABILIDADE dos percentuais de aprovação desde o Exame 2009.3:

2009.3 - 16,50%

2010.1 - 14,03%

2010.2 - 16,00%

2010.3 - 11,73%

IV Unificado - 15,02%

V Unificado - 24,01%

A média de 15% de aprovação, prova após prova, foi quebrada exatamente na última edição.

Será uma tendência?

Impossível predizer, assim como, depois de muito tempo, não me animo a projetar um eventual grau de dificuldade para a prova objetiva.

Deixo uma sugestão óbvia: estudem para o pior dos cenários. Se a prova for muito difícil, vocês darão conta, se for fácil, vocês darão um passeio.

Mais não pode ser dito.