Prova da OAB gera polêmica entre os candidatos

Sexta, 7 de janeiro de 2011

O último exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) é motivo de controvérsia para candidatos e professores de cursinhos preparatórios. É alto o índice de recursos contra o resultado da segunda fase da prova, realizada em 14 de novembro do ano passado. O resultado final deveria ter sido divulgado em 23 de dezembro, já com a correção dos recursos. Porém, a data foi adiada para o próximo dia 14.

O exame pode ser o de maior índice de reprovados das últimas oito edições. Somente 11% dos 106 mil candidatos foram aprovados até agora. Segundo o advogado Maurício Gieseler, autor do blog ?Exame de Ordem?, desde 2008 o índice mais baixo de aprovados foi de 14%, na primeira prova do ano passado ? ao todo, são aplicadas três provas por ano.

Um dos motivos apontados por alunos e advogados foi a mudança da banca que produz e corrige o exame. Segundo eles, o critério de correção mudou com a troca do Cespe/UNB pela FGV. Teriam sido pontuados itens que não eram avaliados antes, e retirados pontos do que não costumava ser relevante.

Valesca Rodrigues, professora de Direito Penal de cursos preparatórios para o exame da OAB há oito anos, também ficou surpresa com a quantidade de alunos reprovados:

? Achei que a prova da primeira fase foi boa, mas não corrigiram a segunda fase direito ? disse ela.

Ordem se pronuncia

O presidente nacional da OAB, Ophir Cavalcante, reconhece que houve um número elevado de recursos, mas atribui isso, em parte, a uma adaptação dos candidatos ao modelo de prova da nova banca. Segundo ele, os recursos estão sendo avaliados com ?cautela e critério?. Ainda segundo Ophir, o número alto de reprovados no exame da OAB é motivado por uma deficiência das faculdades.

? Não tem havido uma preparação adequada por parte das universidades, e isso tem um reflexo no ensino. Lamentavelmente essas pessoas são reprovadas porque são vítimas de um estelionato educacional ? afirmou Ophir Cavalcante.

A professora Valesca Rodrigues contou que, normalmente, ela auxilia entre cinco e dez alunos a entrarem com recurso. Desta vez, o número foi para 40.

? Não ficou claro o tipo de resposta que a banca estava exigindo ? disse ela.

Para o advogado e blogueiro Maurício Gieseler, o exame serve hoje como uma reserva de mercado para os profissionais.

? A OAB nega, mas os índices demonstram isso. Desde 2008, o número de aprovados costuma ficar entre 11 e 13 mil candidatos, mas o número de inscritos subiu 143 % ? afirmou.

Jaqueline Pereira Pacheco, de 25 anos, fez prova específica de Direito Penal e não passou. Ele ingressou com recurso e espera o resultado.

? A correção não foi justa e correta. Tive questões certas que não foram analisadas ? disse ela.

Fonte: Jornal Extra