Por que as provas da OAB de ontem foram tão difíceis?

Segunda, 28 de março de 2011

Durante todo o desenrolar do "causo" que envolveu as 5 questões de Direito Humanos, os inúmeros mandados de segurança e as 2 ações civis públicas, eu imaginei que a prova seria mais difícil que a prova anterior.

Antes da história ganhar corpo, escrevi aqui no Blog que a prova da 2ª fase seria mais fácil em função do percentual menor de aprovados na 1ª etapa. Essa é uma lógica do Exame: Exame de Ordem 2010.3 ? Resultado preliminar ? Dados estatísticos da 1ª fase

Mas veio todo o questionamento em torno da questões de Direitos Humanos e as ações da DPU/RJ e do MPF/PA contra a prova.

Imaginei, caso uma das liminares fossem bem-sucedidas, a inevitabilidade do adiamento da prova, e, como via de consequência, a redação de uma prova mais difícil para compensar a inclusão de mais candidatos decorrente da concessão dos 5 pontos para todos.

Não sei se vocês se lembram, mas no dia 16 último, quando a OAB só anulou uma questão, escrevi aqui um post tratando, na hipótese daqueles pontos serem deferidos, que o número de aprovados subiria para mais 29.530 candidatos, totalizando, em tese, 56.070 aprovados na 1ª etapa - Exame da OAB 2010.3 ? Nova lista de aprovados e dados estatísticos finais da 1ª fase

Eu errei o número, mas foi por pouco (não tinha mesmo como acertar, apenas especular). Na decisão da última sexta-feira, em que o desembargador presidente do TRF-1 derrubou dezenas de liminares, e o fez citando o Portal Exame de Ordem como fundamento por conta de sua audiência - Atenção!! TRF-1 acaba de derrubar DEZENAS de liminares contra o Exame de Ordem 2010.3, na decisão ficou consignado que o número de candidatos que ficaram entre 45 e 49 pontos foi de 23.799.

Isso representaria um número final REAL de candidatos aprovados de 50.339. E tal como a própria OAB alegou em sua defesa, a inclusão destes candidatos afetaria a logística de aplicação da prova. Isso era óbvio demais - MPF ajuiza ACP visando conceder 5 pontos para os candidatos do Exame da OAB 2010.3 ? Prova do próximo domingo (27) pode ser adiada

E então porque a prova de ontem foi tão difícil?

Já pensaram se ela foi concebida com antecedência sob a previsão de que os 5 pontos seriam deferidos aos candidatos?

Dizem que cautela e caldo de galinha não matam ninguém. Foi no que a OAB pensou.

Como o resultado das ACP"s eram imprevisíveis, a OAB, para evitar um adiamento muito longo da prova, ou mesmo simplesmente elidir qualquer possibilidade de adiamento, determinou a redação de provas imaginando que seriam 50.339 candidatos, e não os 26.540 aprovados após a anulação de uma única questão.

Era para a prova ter sido mais fácil! A lógica não estava errada!! Só não considerei, e nem tinha como fazê-lo, o fato da OAB ter se preparado para se defender dessa forma.

O resultado é que teremos um RECORDE HISTÓRICO de reprovações...

E não escrevo isso para fazer terrorismo, com alguns costumam reclamar. Apenas considerando o percentual de reprovações no Exame passado na 2ª fase - Percentuais de aprovação por disciplina do Exame de Ordem 2010.2, tal como lembrei ainda ontem, e considerando que as provas foram no mínimo igualmente difíceis (se bem que esta última, para mim, foi mais, descontando ainda o rolo do padrão de resposta e dos espelhos) esse raciocínio guarda sua pertinência.

Vejam novamente os números de algumas disciplinas da prova passada (2010.2):

Total de aprovados para a 2ª fase - 46.962

Direito do Trabalho

Aprovados na 1ª fase - 21.794 (46% do total de aprovados na 1ª fase)

Aprovados na 2ª fase - 5.603 (25,7%)

Direito Penal

Aprovados na 1ª fase - 12.803 (27,26% do total de aprovados na 1ª fase)

Aprovados na 2ª fase - 1.412 (11%)

Direito Civil

Aprovados na 1ª fase - 4.721 (10,05% do total de aprovados na 1ª fase)

Aprovados na 2ª fase - 2.052 (43,5%)

Dos 105.315 candidatos do exame, só 12.634 (12%) foram aprovados (sem contabilizar o resulta dos recursos).

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Com esses percentuais de reprovação eu realmente não tenho como não ficar com o pé atrás.

A coisa vai ser feia...

Obra e graça de quem não consegue fazer uma prova sem qualquer tipo de polêmica.

E, sinceramente, nem tem como mesmo ser diferente, pois a prova não é feita para avaliar, e sim para reprovar.