Terça, 21 de julho de 2020
A Polícia Civil do RJ prendeu nesta nesta terça-feira (21) nove pessoas na Operação Black Hawk, contra pirataria de materiais de cursinhos preparatórios para concursos públicos.
Segundo as investigações, a quadrilha invadia sistemas há pelo menos 20 anos e faturou R$15 milhões anunciando apostilas e videoaulas pirateadas -- vendidas por valores menores.
Os prejuízos das empresas cujo conteúdo foi hackeado chegam a R$ 67 milhões. Os cursos pirateados eram para a área de segurança pública -- como Polícia Civil, Polícia Federal e Rodoviária Federal -- e para carreiras fiscais e jurídicas.
Presos
Os suspeitos vão responder por associação criminosa, lavagem de dinheiro e crime contra a propriedade imaterial.
A Justiça expediu ainda 19 mandados de busca e apreensão.
Equipes saíram para endereços na capital, Nova Iguaçu, Niterói, São Gonçalo, Saquarema, Araruama e nas cidades mineiras de Juiz de Fora e Borda da Mata -- onde Lothar foi preso.
A Polícia Civil afirma que Lothar possui conhecimentos avançados em Tecnologia da Informação e conseguia até quebrar a criptografia do streaming de vídeo dos cursos oficiais.
Ou seja, conteúdos que eram protegidos por senha e em geral não podiam ser baixados -- apenas vistos -- eram desviados e salvos por Lothar.
As videoaulas roubadas eram armazenadas em uma nuvem própria, onde os cursos eram vendidos para os clientes do site pirata.
Cursos por 10% do valor
Segundo as investigações, os cursos preparatórios oficiais custavam entre R$ 500 e R$ 10 mil. A quadrilha os vendia por até 10% desse valor.
A polícia explicou ainda que Antonio usava parentes como laranjas. A mãe, Verônica, e o irmão, Alessandro, eram dois deles.
Discrepância de valores
As investigações chegaram a Alessandro, o irmão PM de Antonio, depois que uma plataforma de compra e venda informou que um dos domicílios bancários vinculados à conta "Concurseiro Paulista" pertencia ao militar.
Uma quebra de sigilo fiscal e financeiro de Alessandro, expedida pela Justiça, encontrou movimentações de R$ 980 mil entre dezembro de 2013 a janeiro de 2019 -- ou R$ 16 mil por mês.
Uma consulta ao Portal da Transparência apontou que o salário do PM era de R$ 3,4 mil -- cerca de um quarto do faturado nas transações.
O inquérito ainda destaca os valores movimentados pela mãe, Veronica. "É assustador perceber que, conforme o Imposto de Renda de 2013, o CPF dela demonstrou ganho líquido de R$ 478 mil em 'operação de bolsas e assemelhados", narra.
"Em nítido contraste, em época próxima, [Veronica] mantinha vínculo empregatício com rendimento anual de R$ 6,7 mil em um salão de cabeleireiros", pontuaram os investigadores.
Fonte: G1