Quarta, 23 de novembro de 2016
Publiquei mais cedo aqui uma entrevista com Lara Selem, sobre prospecção de mercado, até como uma forma de auxiliar os advogados a pensarem fora da caixa e tentarem novos caminhos éticos para conseguir espaço no mercado, quando me deparo com a notícia abaixo.
Mais uma, aliás, para manchar a imagem da classe.
Hackers teriam invadido o banco de dados da BV Financeira, retirado as informações dos clientes e os vendido para escritórios de advocacia. Com essas informações os escritórios convidavam os clientes da financeira para propor ações de revisão dos contratos. E com isso, é claro, estavam fazendo fortuna. A explosão de novas ações despertou a suspeita da venda de dados. Nos últimos seis meses foram cerca de 5.600 ações contra a BV Financeira, partindo de dois grandes escritórios de Belo Horizonte.
Sabem o que a financeira vai fazer agora? Matar TODAS as ações contra ela, exatamente porque as provas foram colhidas de forma criminosa. Os escritórios, caso seja efetivamente comprovada a fraude, teriam acabado com o direito de milhares de pessoas.
Esas pessoas, evidentemente, podem pedir uma indenização dos escritórios por isso.
Operação Black Hat apura venda ilegal de informação de Financeira
Após seis meses de investigações, a Polícia Civil desencadeou, nessa segunda-feira (21), a operação ?Black Hat?, que tem por objetivo apurar a venda ilegal de dados de clientes de uma financeira atuante em todo o país.
Foram cumpridos mandados de busca e apreensão e de condução coercitiva para interrogatórios em oito locais, sendo sete em Belo Horizonte e um na cidade de Itaúna. São alvos da investigação dois escritórios de advocacia, onde foram apreendidos vários HDs externos que serão analisados pela perícia técnica. Cinco advogados e um suspeito de coordenar um escritório de advocacia de fachada foram conduzidos coercitivamente à delegacia para serem ouvidos no inquérito que apura o caso. Também foram cumpridos mandados de busca nas residências dos advogados.As investigações tiveram início a partir de reclamação fundada pela própria financeira, que acusou uma possível invasão do banco de dados dos clientes. A partir dos indícios, a polícia apurou que os escritórios de advogacia tinham acesso aos dados cadastrais dos clientes e os procurava para abertura de ações judiciais para propor revisão contratual com a financeira. Em apenas seis meses, houve representação de aproximadamente 5600 ações judiciais ?O rastreamento dos números de IP nos permitiu chegar até os alvos revelando a ação de uma possível organização criminosa?, explicou o delegado responsável pelo inquérito, Alex Machado.
Conforme destacou o delegado Márcio Lobato, o crime em questão é previsto na recente Lei 12.737, que ficou conhecida popularmente como ?Lei Carolina Dieckmann?. ?Os autores poderão responder pelo crime de invasão de dispositivo privado, previsto na Lei 12.737, cuja pena varia de seis meses a dois anos de prisão. Mas caso haja realmente comprovação de grupo por trás das ações criminosas, os responsáveis podem responder também pelo crime de organização de criminosa, com pena que vai até 12 anos de reclusão?, informou o Lobato. As investigações ainda estão em andamento, e Polícia Civil trabalha agora para elucidar a dinâmica da subtração de dados. ?Ainda não podemos afirmar que se trata da ação específica de hackers, uma vez que há a possibilidade dos escritórios terem obtido as informações por meio de alguém com acesso restrito ao banco de dados?, salientou Machado. O Delegado-Assistente da chefia da Polícia Civil, Antônio Carlos de Alvarenga Freitas, que também acompanhou os trabalhos, frisou a importância da operação para segurança digital. ?Estamos aqui dando garantia ao bem jurídico da segurança à intimidade e impedir a invasão da privacidade, que é potencializada no meios digitais?, disse. A operação teve o apoio de seis membros da Comissão de Prerrogativas da Ordem dos Advogados do Brasil em Minas Gerais (OAB-MG), que acompanhará o desenrolar do inquérito quanto a eventuais desvios de conduta na profissão.Fonte: PCMG