Quarta, 8 de fevereiro de 2012
Dentre os 1.119 entrevistados, 25% consideram o exame inapto ou pouco apto para avaliar os futuros advogados; para 71%, a massificação do ensino explica baixos índices de aprovação
De acordo com a pesquisa "Percepção de Advogados do Brasil sobre o Exame da Ordem", divulgada hoje (7/02) pela Fundace, Fundação para Pesquisa e Desenvolvimento da Administração, Contabilidade e Economia, criada por docentes da FEA-RP/USP, 94% dos advogados brasileiros concordam com a obrigatoriedade do Exame de Suficiência da Ordem dos Advogados do Brasil para o exercício da profissão.
A pesquisa, coordenada pelos professores Cláudio de Souza Miranda e Marco Aurélio Gumieri Valério, do Departamento de Contabilidade da FEA-USP/RP, consultou 1.119 advogados de todos os estados Brasileiros e do Distrito Federal. Seu nível de confiança é de 95% e a margem de erro de 3%. Um dos motivos que levou à realização da pesquisa, foi a ação movida por um bacharel em Direito, que chegou a ser analisada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), questionando a necessidade do exame.
Além de perguntar sobre a obrigatoriedade, a pesquisa também questionou os advogados quanto à capacidade de avaliação do exame. De forma geral, 50% o consideram um instrumento apto e 16% o consideraram muito apto. Por outro lado, 25,6% dos entrevistados avaliam o exame inapto ou pouco apto (5,2% e 20,4% respectivamente). Separando os advogados por grupos, de acordo com área de trabalho, os docentes são os que mais consideram o exame apto ou muito apto (76%) seguido por sócios de escritórios de advocacia. Já os empregados dos escritórios formam o grupo que pior avalia o exame: 32,7% o consideram inapto ou pouco apto.
Os advogados também foram questionados, em pergunta fechada, sobre quais as prováveis causas dos baixos índices de aprovação no exame - 24% no último exame e 15% na edição anterior. As principais causas apontadas foram: a massificação do ensino do Direito, lembrada pro 71% dos entrevistados, a má qualidade do ensino em função de professores despreparados (37,3%) e má qualidade do ensino em função da falta de estrutura (36,1%). Causas menos apontadas foram a unificação nacional da prova (1,2%), a incompatibilidade com as diretrizes curriculares dos cursos (6,1%) e o elevado nível de exigência da prova (6,8%).
Fonte: Fundace
A pesquisa mostra três dados interessantes.
O primeiro, já sabido, é o apoio da classe ao Exame de Ordem. O interessante aqui é o tamanho do apoio: 94% dos advogados concordam com a prova.
O segundo aspecto está na percepção da culpa em torno dos elevados percentuais de reprovação. Os principais culpados são a baixa qualidade do ensino, má qualidade dos professores e a massificação do ensino jurídico. Ou seja, a culpa foi jogada no colo das faculdades PRIVADAS.
O terceiro e último está na população de entrevistados. Desses, 30.7% têm 5 ou menos anos de OAB; 24,9% têm entre 5 e 10 anos; 15,9% têm entre 10 e 15 anos e 28,5% têm mais de 15 anos de carteira. Logo, a imensa maioria dos entrevistados certamente já fez o Exame de Ordem e se a população entrevistada é um reflexo de toda a população de advogados do país, o apoio da classe ao Exame com conhecimento de causa é muito grande.
Isso sem considerar o enorme peso do chamado jovem advogado. Com certeza decisivo dentro de um processo eleitoral na OAB.
Vejam o resultado da pesquisa: