Perspectivas de anulações de questões na prova da 1ª fase do VIII Exame de Ordem

Segunda, 10 de setembro de 2012

Acabei de receber um e-mail que traduz bem a preocupação de quem ficou por poucos pontos da aprovação. Confiram:

""Mauricio, bom dia!

Pela segunda vez fico com 39 pontos na primeira fase. Da primeira vez houveram anulações porém não serviram pra mim. Logo, venho de uma má experiência. Na última prova houveram 4 anulações e dificilmente ocorrerá a mesma coisa nessa prova. Assim, tendo em vista que você tem boa perspectiva quanto ao quadro de anulações, quais as chances que tenho? Vou me inscrever no curso de segunda fase, porém é difícil passar por essa situação de novo. As duas questões que estão no blog passíveis de anulação eu errei, o que já me dá um certo desespero. Obrigada pela atenção!""

Este é o drama de quem fica por um ou dois pontos da aprovação: a incerteza.

Vejam que a candidata acima precisou de um só ponto na prova passada e, apesar das 4 anulações, nenhuma lhe foi útil. Acertar 39, ver 4 questões serem anuladas e mesmo assim ficar de fora da lista de aprovados é de matar qualquer um.

Mas é possível, bem possível de acontecer...

Quem depende de um mísero ponto tem de botar na cabeça o seguinte: está reprovado!

Nem mais, nem menos, está reprovado. A partir de agora as decisões que forem tomadas envolvem o fator risco. O candidato não mais depende das próprias forças para seguir adiante. Depende agora do que as cabeças coroadas da OAB irão decidir.

É importante tomar consciência disto não só para não se iludir mas também para não se amargurar caso as expectativas não sejam atendidas. Falo isto pois a decisão de fazer um curso para a 2ª fase envolve uma série de custos, tanto de material didático, como de cursinho para a 2ª fase, de tempo e, principalmente, de força emocional.

Investir crendo que se dará bem e depois colher uma frustração é algo doloroso.

Então prestem atenção no que vou escrever agora.

Primeiro: sempre evito vender ilusões mas também não vendo uma visão pessimista da coisa. De um modo geral minhas projeções acabam sendo ratificadas pela realidade.

Não se trata de mágica ou sorte, e sim de uma visão puramente pragmática do quadro apresentado.

No Exame passado nem deu para projetar as anuladas pois o Blog abriu campanha contra as 3 questões repetidas (e que foram efetivamente anuladas). Então tivemos um papel ativo nisso e o contexto foi distinto do convencional. No VI Exame acertamos quantas e quais seriam anuladas, e em edições anteriores nossas previsões se encaixaram com as expectativas, com margem de erro de apenas uma questão, geralmente para mais.

Vamos olhar o histórico atualizado de anulações na 1ª fase:

2006.1 = 3 2006.2 = 8 2006.3 = 3 2007.1 = 2 2007.2 = 4 2007.3 = 4 2008.1 = 3 2008.2 = 3 2008.3 = 6 2009.1 = 3 2009.2 = 2 2009.3 = 0 2010.1 = 5 2010.2 = 1 2010.3 = 1 IV Unificado = 3 V Unificado = 1 VI Unificado = 2 VII Unificado = 4 VIII Unificado = ?

Em relação às questões passíveis de anulação, a única coisa que posso antecipar é que é impossível adivinhar quais serão anuladas.

Impossível!

É possível, evidentemente, imaginar o que a OAB vai fazer, mas acertar na lata é algo bem mais difícil. Isso porque historicamente questões absurdas não são anuladas pela OAB (quem anula é a OAB e não a FGV).

Todo Exame é a mesma coisa: uma infinidade de questões são objeto de recursos e, ao fim, os candidatos saem frustrados porque não conseguem anular aquilo que julgam ser completamente anulável.

De um modo geral a lógica das anulações sempre foi no sentido de que, caso a prova tenha sido difícil, um maior número de questões são anuladas; caso a prova tenha sido mais fácil, menos questões são anuladas. O conceito de fácil ou difícil está relacionado com um maior ou menor número de aprovados e não com o grau de dificuldade em si da prova.

Aprovação no Exame de Ordem é uma questão de matemática.

E neste Exame?

Temos de considerar dois fatores na atual primeira fase.

Primeiro que a prova objetiva não apresentou, ao menos até agora, maiores questionamentos. Felizmente (e infelizmente para quem precisa dos pontos) esta foi uma das melhores provas objetivas até hoje aplicada. O número de questões passíveis de recurso, até o momento, é muito inferior ao de edições anteriores. É cedo ainda para afirmar isto de forma categórica, mas pelo visto parece efetivamente que estamos diante de uma prova bem concebida.

E quanto menos problemas, menores as probabilidades de anulação.

O segundo está relacionado a impressão geral de que a prova não foi tão difícil quanto a anterior e de que o percentual de aprovados ao menos foi razoável. E aqui segue uma outra lógica do Exame: quanto mais aprovados na 1ª fase, menos questões são anuladas.

Essa lógica, por sinal, é bem catalogada.

Talvez, em uma projeção sobre esse grau de dificuldade baseado nos comentários dos candidatos, tenhamos uns 35% ou 38% de aprovados na 1ª fase.

É um percentual mediano para alto, e a julgar pelo natureza da prova de ontem, talvez seja possível chegar aos 40% aprovação.

NÚMERO DE ANULÁVEIS

Acredito, observando o contexto, que a OAB irá anular, no máximo, 2 (duas) questões. E digo no máximo porque nas cinco últimas edições, com provas distintas quanto ao grau de complexidade e no resultado de aprovados, a OAB só anulou no máximo 3 questões, e não vai passar disso agora. Claro, tivemos 4 anuladas na prova passada, mas este foi um caso especial e não entra no cálculo.

E, para complicar tudo, há uma histórica má-vontade em se efetivar reparos na prova.

Lembremos o quadro de probabilidades de aprovação em razão do número de questões que vierem a ser anuladas:

Candidato com 39 pontos - Se a OAB anular uma questão, a probabilidade de que essa questão seja uma das que você errou é de 50%. Se anular duas, 75% e se anular três, 95% de chances.

Candidato com 38 pontos - Se a OAB anular duas questões, a probabilidade de que essas questões sejam duas das que você errou é de 25%. Se anular três, 50%, e se anular quatro, 75% de chances.

Candidatos com 37 pontos - Se a OAB anular três questões, a probabilidade de que essas questões sejam três das que você errou é de 7,5%. Se anular quatro, 25%, e se anular cinco, 50% de chances.

Há de se lembrar também que na 1ª fase a anulação de qualquer questão beneficia todos os candidatos, independente da apresentação ou não de recursos.

E sim! Quem acertou 40 questões está dentro e não há nada que mude isso.

Fica então uma pergunta: Quem fez 39, 38 ou 37 pontos pode ter esperanças de passar? Deve fazer um curso de 2ª fase?

DEPENDE!!

Quem fez 39 pontos pode sim começar a se preparar para a prova subjetiva. Mas saiba dos riscos. Como vocês bem viram no e-mail acima, mesmo que o candidato precise de apenas um ponto não dá para dizer que estará dentro depois. O risco de não aproveitar as anuladas sempre existe.

Quem fez 38 pontos pode também assumir esse risco, mas deve ter em mente as dificuldades. 

Não vejo esperanças para quem fez 37 ou menos pontos.

Sempre considerem o fato de jogarmos com probabilidades e não com certezas.

É muito rim escrever isto, em especial porque desestimula e mata as esperanças de quem precisa dos pontos, mas é, com certeza, o mais honesto a ser dito.

Vejam: nada os impede de mesmo assim ter fé e arriscar. Estudar NUNCA é ruim, e o prejuízo seria relativo. Não passou agora mas já está se preparando para a próxima. Quem pode pagar por um curso sem sofrer com as consequências de um insucesso nas anulações, não há problemas. Mas quem tem a grana contada deve ponderar um pouco.

O importante é ser honesto consigo mesmo. Não vão na onda, não vão mesmo na onda de elaborarem um sem-número de recursos. O risco de uma decepção depois é bem elevado.

Na dúvida, estudem por conta própria e aguardem pelo resultado.

Vejam também:

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