Pensamento positivo para passar em concurso funciona?

Quarta, 6 de fevereiro de 2013

Pensamento positivo garante a aprovação em concurso público? Se não garante aprovação, tem utilidade? Vale a pena gastar tempo com recursos e abordagens motivacionais voltadas ao pensamento positivo? Ou isto é uma bobagem que não leva ninguém a lugar algum? Este tema do pensamento positivo é objeto de diversas abordagens e construções, algumas sérias e outras não tão serias assim. Há campos da psicologia, da psicanálise, da psiquiatria e mesmo da neurociência que se preocupam com a compreensão do bem estar emocional, na perspectiva da postura e do pensamento positivo. Inclusive há um segmento da psicologia denominado psicologia positiva.

Mas também existem as abordagens da industria da autoajuda superficial, envolvendo pirotecnias e construções motivacionais-animacionais, as quais não têm fundamento e não trazem resultado algum, carecendo de evidencias científicas (veja nesta imagem sobre como são feitos os livros de autoajuda).

No caso do processo de busca da aprovação no concurso público, uma primeira compreensão importante é que não adianta achar que apenas o pensamento positivo, por si só, vai assegurar que ao candidato figurar na lista de aprovados. Lamento, mas não tenho dúvida de que a intensidade e energia mental mobilizada para formar imagens relacionadas à aprovação não terá como resultado, por si só, uma nota na mesma proporção.

O mesmo vale para o tempo que se perde ou investe nisto. Não tenho dúvida disto e desafio qualquer um a apresentar evidencias cientificas que mostre o contrário.

Mas também não tenho duvida que uma postura de autossabotagem pode ser extremamente nociva e prejudicial (clique aqui para ler sobre Os Alertas com as Profecias Autorrealizadoras).

Portanto, considero que a questão não é nem cultivar o pensamento positivo, ainda que, até certo limite e dentro de uma avaliação de custo-benefício, investir nisto seja importante. Porém, mais importante que isto, é neutralizar e reverter o pensamento negativo e autossabotador. Ou seja, se você não carrega este pensamento negativo e autossabotador, ótimo, pois talvez as sessões animacionais-motivacionais seja um tempo precioso jogado fora.

Por outro lado, não adianta se iludir, pois o pensamento positivo não faz ninguém ser aprovado. Quem tem preguiça de estudar e fica fazendo pensamento positivo está se enganando. É obvio que é mais fácil ficar fazendo pensamento positivo ou participando de sessões motivacionais, inclusive vendo filmes. Isto tende a ser muito mais agradável que ir para biblioteca ou sala de aula para estudar.

Trabalhar a motivação é importante, inegavelmente. Na ciência da Administração, a partir da superação do paradigma da era industrial da idade moderna, a partir da emergência das teorias humanistas-contemporâneas, passou-se a reconhecer papel o da motivação. E não há dúvida que podemos adotar estratégias para trabalhar a motivação (clique neste link para saber sobre a Teoria de Maslow e sobre a Motivação por Processo).

Mas, seguramente, o principal recurso para trabalhar a motivação é, por um lado, fazer o seu papel, ou seja, estudar, de forma correta e contando com um plano de estudo quanto ao qual se tenha a clareza de que esta sendo executado corretamente, o que inclusive se relaciona com o conceito de motivação por processo. E a partir daí, se convencer, racionalmente, de que está fazendo o seu papel, de modo que a aprovação será uma conseqüência mais do que natural.

Fonte: Blog do professor Rogério Neiva