Para quem tirou de 45 a 49 pontos na prova da 1ª fase da OAB

Terça, 15 de fevereiro de 2011

Muitos candidatos que tiraram entre 45 e 49 pontos após a divulgação do gabarito preliminar da FGV estão perguntando se compensa, ou não, estudar para a 2ª fase.

Realmente é sempre complicado para quem tirou entre 45 / 49 pontos na prova projetar o futuro. Estudar para a prova da segunda fase, investir nisso ou se conformar e voltar a estudar para o próximo Exame?

Escrevi ontem sobre as probabilidade de anulação, levando em conta inclusive a celeuma em torno do fato da OAB não ter exigido nenhuma questão de Direitos Humanos na prova - Quantas questões a OAB poderá anular da prova objetiva?

E agora?

O candidato pode fazer duas opções:

Opção 1 - Desistir da 2ª fase e voltar a estudar para a 1ª;

Opção 2 - Apostar nas anulações e estudar para a 2ª fase.

Vamos supor que o candidato faça a escolha errada. Quais seriam as consequências?

Consequência da opção 1 - As questões são anuladas, o candidato consegue a aprovação na 1ª fase mas teria 11 (onze) dias para estudar para a 2ª fase, o que é pouco (divulgação do resultado dos recursos será no dia 16/03 e a prova subjetiva será no dia 27/03);

Consequência da opção 2 - As questões não são anuladas e o candidato fica de fora da 2ª fase, gastando tempo e dinheiro.

Partindo dessa primeira observação, pergunta-se: O que fazer?

Primeiro há de se ter em mente que o grande prejuízo, de verdade, é não conseguir fazer a prova da 2ª fase. Aqui o prejuízo é de tempo.

Mas tirando isso, não poderíamos falar em efetivo prejuízo.

Se o candidato paga um curso de 2ª fase, estuda, e não consegue a aprovação após os recursos, fez um efetivo investimento em aprendizagem que será compensado no futuro, exatamente no próximo Exame. Qualquer investimento em educação NÃO representa prejuízo. Apenas vai mudar o momento de se utilizar o que foi aprendido.

Se o candidato já começa a estudar para o próximo Exame e negligencia a 2ª fase, pode ser "surpreendido" com a aprovação, e teria pouco tempo para se preparar de verdade. Aqui o prejuízo é do pouco tempo.

Acredito que a melhor alternativa seja criar um critério misto de estudos. Explico.

De hoje até o dia da prova subjetiva (27/03), nós temos um mês e meio. É um bom lapso de tempo e dá para estudar muito nesse intervalo.

Quem estuda para a 2ª fase já se prepara também para a próxima 1ª fase, até porque o Direito continuará o mesmo.

Além disso, o candidato que está na dúvida pode estudar para a 2ª fase e dedicar um tempo para o estudo voltado à 1ª fase. Claro que essa opção é válida para quem tem o tempo todo disponível para isso. Para essas pessoas, eu acredito que é a melhor opção.

E quem trabalha?

Nesse caso, eu aconselho a arriscar e estudar só para a 2ª fase. Aconselhar é uma tarefa ingrata, pois o conselho sempre corre o risco de não ser o melhor, mas como o estudo de 2ª fase é aproveitável na 1ª fase do Exame seguinte, é razoável arriscar na crença de que as questões necessárias para a aprovação serão anuladas.

Para mim, analisando o histórico do Exame de Ordem como um todo, é mais complicado passar na 1ª fase do que na 2ª. Ao passar na 1ª, o candidato tem a "chance da sua vida" e deve agarrá-la com unhas e dentes.

Claro que tudo gira em torno do número de questões que serão anuladas pelo Colégio de Presidentes das Comissões de Exame de Ordem e se a OAB administrativamente dará 5 questões para os candidatos (hipótese remotíssima) ou o MPF, pela via judicial, consiga isso (hipótese difícil de acontecer), em razão da ausência de questões de Direitos Humanos na prova do domingo passado.

Quantas serão anuladas? É impossível saber.

De toda forma é VITAL que todos os candidatos que não lograram aprovação recorram.

Para quem não sabe, os recursos não são analisados um a um. O Colégio de Presidentes se reúne, recebe da organizadora dados estatísticos dos recursos, um extrato das fundamentações usadas pelos candidatos em cada questão, e a partir daí deliberam entre si sobre as questões que deverão ser anuladas.

Vocês podem ser perguntar se faz sentido cada candidato elaborar suas próprias razões recursais sem copiar a de um colega.

Faz sim!

O sistema flagra o que é copiado e exclui da contabilidade. Cada recurso copiado é rifado do sistema.

O prejuízo não é só do candidato: é de todos!!!! Isso porque uma anulação beneficia todos os candidatos que erraram aquela questão.

Aqui, solidariedade entre os candidatos é tudo!

E, acima de tudo, NÃO DEIXEM DE ESTUDAR. Não "deem um tempo", não esmoreçam, não fiquem deprimidos. Se não der agora, dará na próxima. Conhecimento se adquire com o tempo e com os estudos, e estudar é uma atividade contínua.

Ninguém é melhor do que ninguém porque passa de 1ª no Exame. Todos conhecem várias histórias de alunos ótimos que não foram bem na carreira, enquanto outros, nem tão bons assim, foram longe.

É tudo uma questão de momento, de circunstâncias que mudam o tempo todo, e também de maturidade profissional. Cada pessoa tem a sua hora, e, mais do que isso, a cada um é dado o poder de fazer a sua própria hora. Trata-se de uma questão de vontade e perseverança.

Assim é a vida, e assim continuará sendo quando já não mais estivermos aqui.

De toda forma, reflitam com calma, conversem com parentes e amigos, aconselhem-se bem e bola para frente.