Terça, 27 de setembro de 2011
O Portal IG correu para divulgar na última sexta-feira, com exclusividade, os dados de aprovação por faculdades do IV Exame de Ordem Unificado, e tais informações difundiram-se rapidamente pela internet.
Entretanto, conforme informou o próprio Portal IG, três faculdades haviam procurado a reportagem para questionar o número de aprovados, obrigando o Portal a buscar esclarecimentos com a Ordem.
E a OAB informou que os dados passados para o IG não consideravam os candidatos que ainda estavam cursando suas faculdades (os estudantes do 9º e 10º semestres), tão somente considerou os candidatos já bacharéis. De acordo com a OAB, tal exclusão decorreu a pedido das próprias faculdades pois os estudantes não "estariam prontos" para o mercado.
Vejam a nota no site do IG: Ranking do exame da OAB apresenta apenas resultado de bacharéis
Esse ranking, da forma como foi apresentado, simplesmente é CAPENGA.
A distinção entre bacharéis e estudantes deveria ter sido divulgada sem restrições. Os dados dos bacharéis e estudantes poderiam perfeitamente serem discriminados. Mas tais informações, na verdade, foram simplesmente omitidas.
E qualquer análise com dados omitidos perde sua validade.
E aqui há de se considerar o agravante da restrição ter sido pedida pelas próprias faculdades. A divulgação destes dados tem o principal propósito de revelar o descalabro no ensino superior. Ou aquele discurso de "estelionato educacional" patrocinado pela Ordem não passa de verborragia politiqueira e gratuita?
Interessa a todos (comunidade jurídica, sociedade e, principalmente, aos futuros estudantes de Direito) a exposição dos dados estatísticos de forma completa!
Isso é mais do que óbvio!!!
Inclusive exporia quais faculdades conseguem aprovar um percentual dos seus acadêmicos ANTES de concluírem a faculdade.
A completude dos dados é de interesse público!!!
Por exemplo. No Exame de Ordem 2010.3, antes das anulações na 1ª fase, tivemos 14.157 candidatos aprovados, sendo que destes 7.771 eram bacharéis e 6.386 estudantes.
Isso representou um percentual prévio de aprovação de 11,66%.
E aqui surgiu pela 1ª vez um dado interessantíssimo: o desempenho dos ainda acadêmicos foi SUPERIOR ao desempenho dos bacharéis.
Entre os inscritos 71,20% eram bacharéis e 28,80% eram estudantes e entre os aprovados 7.771 eram bacharéis, ou seja, 54,89%, e 6.386 eram estudantes, ou seja, 45.11%.
Resumindo:
Bacharéis: 71,20% do total de inscritos e 54,89% do total de aprovados (antes das anulações)
Estudantes: 28,80% do total de inscritos e 45,11% do total de aprovados (antes das anulações)
Proporcionalmente o desempenho dos ainda estudantes foi bem melhor comparando com os bacharéis!
Isso DESCONSTRÓI o argumento das faculdades ao alegarem que os ainda estudantes não deveriam fazer parte das estatísticas do Exame - OAB divulga lista com as 90 faculdades com índice zero no Exame de Ordem. Muitas que foram apontadas pela OAB por não terem aprovado nenhum de seus inscritos usaram esse argumento para se defender. E agora, com o fim (parcial) do IV Exame de Ordem Unificado, a OAB atendeu ao chororô dessas instituições e reduziu a sua lista para apenas 29 faculdades - 29 instituições de ensino não aprovam nenhum bacharel na OAB. Pelo visto, a realidade é outra...
E, no atual Exame, a OAB informou que 1 em cada 3 estudantes conseguiram passar, enquanto 1 em cada 5 bacharéis lograram sucesso.
Se formos projetar de forma percentual o número de estudantes que fazem o Exame, os dados divulgados na última sexta-feira não computaram o desempenho de praticamente 30% do total de inscritos. É muita coisa!!!
A OAB tem de divulgar os dados de forma INTEGRAL!! E as faculdades, se estão achando ruim, que passem a preparar melhor seus alunos.
Essa, e nenhuma outra, é a finalidade da divulgação dos índices de aprovação por instituições jurídicas de ensino.
A omissão dos dados torna a OAB "cúmplice" das faculdades no tal "estelionato educacional".
Inacreditável!