OAB insiste no afastamento de Eduardo Cunha da presidência da Câmara

Terça, 26 de abril de 2016

Eduardo Cunha há anos atormenta a OAB, com sua incessante luta para acabar com o Exame de Ordem. Em 2015, ao assumir a presiência da Câmara e indicar aliados tanto para a presidência da CCJ como para a relatoria do PL contra o Exame de Ordem, a ameça ao Exame tornou-se extremamente tangível. O ápice foi ano passado, quando no dia do advogado o relator do PL 5054/2005 apresentou o relatório pelo fim da prova, afrontando diretamente a Ordem.

Mas parece que os tempos de glória do deputado passaram. Antes a OAB recebia calada todos os ataques, tirando apenas uma ou outra manifestação isolada. Agora, pede frontalmente a saída dele da presidência da Câmara, mesmo considerando no cálculo político eventual reação no trâmite do PL. A imagem do parlamentar está muito desgastada perante a opinião pública, apesar de seu poder nos bastidores ainda ser considerável.

Pelo visto o deputado perdeu força. O curioso é que esta constatação vem após a autorização do impeachment dada pela Câmara ao Senado, autorização esta passível de ser creditada, em larga medida, ao próprio Eduardo Cunha.

Até quando ele continuará na presidência da casa? De lá, pelo visto, ele não quer sair.

Vejam o que foi publicado ontem no site do CFOAB:

Para Lamachia, permanência de Cunha na presidência da Câmara expõe o Parlamento

O presidente nacional da OAB, Claudio Lamachia, reafirmou nesta segunda-feira (25) o posicionamento da entidade pelo imediato afastamento do deputado Eduardo Cunha da presidência da Câmara. Segundo Lamachia, o cargo de Cunha pode ser usado para interferir no andamento do processo contra ele no Conselho de Ética. Em fevereiro, a Ordem reuniu-se com parlamentares que atuam no órgão. ?A soberania está em xeque?, disse.

Na última quarta (20), em entrevista coletiva em Porto Alegre, o presidente da OAB rebateu declarações de Cunha de que não dará celeridade a processos na Câmara dos Deputados enquanto o impeachment estiver no Senado Federal. ?Espero que a primeira coisa que ande, inclusive enquanto o processo de impeachment acontece no Senado Federal, seja o processo de cassação do deputado Cunha. A sociedade brasileira espera que ele saia da presidência da Câmara, pois hoje ele lá interfere no devido processo legal, já que está sendo julgado na Comissão de Ética?, explicou Lamachia.

Em fevereiro, Lamachia ressaltou que a permanência do parlamentar no cargo de presidente da Câmara põe em risco tanto a imagem de Cunha quanto do Congresso. ?O deputado Eduardo Cunha, enquanto presidente da Câmara, tem condições de interferir no andamento do processo no Conselho de Ética. Na linha do que é melhor para a República, ele deve deixar a Presidência?, explicou.

A OAB reuniu-se com o presidente do Conselho de Ética da Câmara, deputado José Carlos Araújo (PR-BA), e apresentou o relatório produzido pelos conselheiros federais em que se pede o afastamento de Eduardo Cunha, por risco de interferência no andamento do processo. ?Trazemos este pedido para que possamos ter um julgamento e apreciação do tema de forma absolutamente livre, sem manobras que possam ser interpretadas como atuação de quem está no poder?, continuou.

?Ofertamos à Câmara dos Deputados manifestação dos 81 conselheiros federais da Ordem com posicionamento técnico. A permanência de Cunha na presidência fere o devido processo legal, pois ele tem condições de interferir no processo e não é isso que a sociedade espera?, disse.

?A Câmara é a casa do povo, portanto o direito tem de ser respeitado. A soberania está sendo posta em xeque. Não fazemos nenhum juízo de valor de dizer se o deputado é ou não culpado. Fazemos, isso sim, juízo ao dizer que sua permanência interfere diretamente no devido processo legal?, finalizou.

Fonte: CFOAB