Sexta, 29 de março de 2019
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e o Instituto Vladmir Herzog entraram com uma denúncia contra Jair Bolsonaro na Organização das Nações Unidas (ONU) por ?tentativa de modificar a narrativa do golpe de estado de 31 de março de 1964 no Brasil? e que isso ocorreria por meio de ?instruções diretas do gabinete do presidente, desconsiderando as atrocidades cometidas?.
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A queixa enviada em caráter confidencial aponta para as recomendações de Bolsonaro, mas também para entrevistas em que ele nega o caráter ditatorial do regime. ?Temos que saber a verdade, não houve ditadura?, disse Bolsonaro.
O texto enviado pela OAB ainda cita o fato de que a mesma mudança de narrativa foi adotada por outros membros do governo, como o chanceler Ernesto Araujo. Tanto a OAB como o Instituto Herzog consideram que tais atos ?cometidos no mais alto nível do estado são violações dos direitos humanos e do direito humanitário?.
Confiram o texto da Ordem:
A OAB confirma que, em conjunto com o Instituto Vladmir Herzog, apresentou à Organização das Nações Unidas petição em que relata a orientação do governo brasileiro para que se promovesse COMEMORAÇÃO do golpe que instalou a ditadura em 1964 e pede que a organização se manifeste.
Segundo os critérios da ONU, o processo tramita em segredo de Justiça até que o relator decida de outra forma.
A OAB aguarda, assim, que a ONU se manifeste oficialmente, respeitando o sigilo, regra da instituição.
A OAB lembra, ainda, que negar a história, as atrocidades cometidas no passado, é considerado crime em muitos países, como acontece com o negacionismo do Holocausto.
A Ordem reitera que, em um cenário de crise econômica, com mais de 13 milhões de desempregados, é preciso olhar para a frente e tratar do que importa: o futuro do povo brasileiro.
Comemorar a instalação de uma ditadura que fechou instituições democráticas e censurou a imprensa é querer dirigir olhando para o retrovisor, mirando uma estrada tenebrosa.
Não podemos dividir ainda mais uma nação já fraturada: a quem pode interessar celebrar um regime que mutilou pessoas, desapareceu com seus inimigos, separou famílias, torturou tantos brasileiros e brasileiras, inclusive mulheres grávidas?
Não podemos permitir que os ódios do passado envenenem o presente, destruindo o futuro.
Fonte: Facebook da OAB