O tempo e a preparação para o novo Exame de Ordem: Quando começar a estudar?

Quinta, 5 de maio de 2011

Esse post foi pensado para quem ainda vai fazer o Exame de Ordem, excluindo aqueles que já estão se preparando para o próximo Exame, o 2011.1. Este talvez seja aplicado neste ano se Deus quiser...

Quando efetivamente um candidato deve começar a estudar para o Exame de Ordem?

"Antigamente" a lógica era muito simples: você terminava a monografia e começava a se preparar. Geralmente havia aí uns 3 ou 4 meses de tempo para a prova.

O Exame de Ordem 2010.1 trouxe uma novidade: os acadêmicos que estão no último ano da faculdade agora também podem fazer a prova. Essa mudança decorreu de uma série de derrotas da OAB na Justiça (sim, a OAB um dia já perdeu!) para candidatos que queriam fazer a prova mas não podiam porque ainda estavam cursando a faculdade. Para simplificar as coisas, a Ordem flexibilizou essa regra.

Essa mudança permitiu que alguns estudantes já passassem na prova antes de concluir a graduação, o que é uma grande mão na roda. Fazer a prova antes de se formar tira inteiramente a pressão dos ombros do acadêmico. Não passou? Sem problema! Ainda não está formado e outra oportunidade, antes mesmo se formar, irá aparecer. O acadêmico pode fazer a prova sem qualquer obrigação de passar.

Sem a pressão de passar, o candidato poderá "sentir" todo o clima que envolve a prova da OAB e se adaptar para uma prova futura, caso não passe de primeira, estando mais preparado e ambientado ao Exame, aumentando suas chances de sucesso.

Agora estamos diante de uma nova mudança relevante no Exame, e a sistemática de três provas por ano está prestes a acabar. Muito provavelmente teremos provas no começo e no meio de cada ano: um Exame de Ordem por semestre.

Quando então começar a estudar?

Essa pergunta é pertinente pois a prova, cada vez mais, tem reprovado muito os candidatos, e as mudanças que virão certamente não foram pensadas para ajudar os candidatos.

Explico.

Com apenas 2 provas por ano, a OAB, em conjunto com a FGV, não irá se atrapalhar com prazos e com um Exame atropelando o outro. Poderá elaborar tudo com muito mais antecedência e calma, podendo finalmente dar fim a sucessão de erros que vêm ocorrendo desde o Exame de Ordem 2009.2.

Em 2008 o Exame Unificado contava com 47 mil candidatos, e de lá até o Exame passado esse número pulou para 106 mil inscritos. O desafio de conduzir três provas por ano aumentou bastante, apesar do valor da inscrição ter aumentado na mesma medida.

Se a prova será mais organizada e bem elaborada, provavelmente também será mais difícil.

Se engana quem acha que pelo fato do intervalo de tempo entre uma prova e outra por aumentar será benéfico aos candidatos pelo simples aumento do tempo de estudo. Primeiro porque nenhum candidato deve pensar no seu estudo somente quando tem o Exame em uma perspectiva imediata: começar apenas há 6 meses da prova não deve ser visto como regra.

Depois, se o prazo entre uma prova e outra vai aumentar, naturalmente o grau de dificuldade da prova acompanhará essa mudança, anulando os efeitos dessa dilação temporal.

E não escrevo isso por que acho: eu tenho certeza!

No final de 2009 a OAB editou o Provimento 136/09, e, de uma tacada só, suprimiu a consulta aos livros de doutrina, acabou com o arredondamento das notas e acrescentou mais uma disciplina, os Direitos Humanos.

As mudanças agora desenhadas também preveem a redução do número de questões na prova objetiva, de 80 para 100. Em primeiro plano, essa redução provavelmente implicará em um aumento das questões, tanto na extensão dos enunciados como das assertivas. Se o tempo de prova permancerá em 5 horas, e o número de questões cairá 20%, a OAB ganha uma margem para compensar essa redução. Pode parecer pessimismo exagerado, mas qual modificação recente no Exame beneficiou os candidatos? O Provimento 136/09, como aduzi acima, não facilitou nada para ninguém.

Não posso deixar de pontuar a declaração do presidente da Comissão do Exame de Ordem da OAB/AM, Dr. Caupolican Padilha. Ele externou claramente o que representaria essas mudanças em sua entrevista para o Amazonas Notícias: "essas alterações têm a função de possibilitar uma melhor resolução da prova, e não a diminuição da dificuldade." Saibam como será o novo provimento do Exame de Ordem.

Entendam "uma melhor resolução da prova" para a OAB, e não para vocês! A redução tem uma finalidade de facilitar a logística e aplicação da prova, assim com reduzir o número de novos advogados por ano - Será que as portas da aprovação serão fechadas um pouco mais?

E, finalmente, considerando que o percentual de reprovação do Exame chegou aos 85% nas duas últimas provas, começar a estudar MUITO antes seria algo salutar para as perspectivas de aprovação de qualquer um.

O bicho já está pegando, e vai pegar mais.

Como o único mal neste mundo sem remédio é a morte, vocês podem vencer o desafio representado pelo Exame de Ordem se PLANEJAREM o tempo e os estudos.

Planejamento é tudo!

E para começar a planejar, considerando a redução de 3 para 2 provas ao ano, nada como responder a uma pergunta básica: quando é que você quer fazer a prova?

Se for logo quando adentrar no último ano da faculdade, o início do 8º semestre se mostra como o momento adequado para começar a estudar.

No entanto, caso o candidato queira fazer o Exame ainda na faculdade, o ideal é fazer a prova no início do 10º semestre.

Por quê?

Digamos que quem vai fazer a prova no início do 9º semestre, tendo iniciado os estudos no 8º, ainda está meio "verde" para o Exame. Se reprovar, entrerá no clico de começar tudo mais uma vez, pois desejará fazer o Exame subsequente. Esse recomeço de ciclo de estudo está ligado há deficiência na preparação dos candidatos: Reprova, volta a estudar do zero, reprova, volta a estudar do zero, reprova, volta a estudar do zero. Há uma dificuldade em estabelecer um desenvolvimento e progressão nos estudos, esse ciclo pode se revelar uma tremenda armadilha.

E mais uma vez, por quê?

Por que o estudo para o Exame de Ordem, de um modo geral, não permite o desenvolvimento nos candidatos da chamada memória profunda. A memória profunda é estabelecida quando um conhecimento de determinado tema é exigido e ele se encontra à disposição para ser ofertado após um longo tempo depois do conteúdo ter sido estudado: o conhecimento ficou sedimentado na cabeça. O Estudo para o Exame de Ordem, geralmente feito em um lapso de tempo muito curto (3 ou 4 meses apenas), não favorece a sedimentação do conhecimento. O candidato estuda, aprende, sabe o conteúdo, mas não guarda a informação por muito tempo após concluir os estudos: ele esquece.

Quantos candidatos não começam os estudos tudo de novo após uma reprovação? Apenas 3 ou 4 meses de estudo para todo o volume de conteúdo exigido pela banca na prova não permite o aprofundamento em nenhuma disciplina. O candidato tem de ler tudo para aumentar suas chances, e isso certamente prejudica o estabelecimento da memória profunda.

Tanto assim é que uma das dicas mais usuais para o Exame era a do candidato priorizar algumas disciplinas em detrimento de outras, exatamente para melhorar seu desempenho em pontos específicos e potencializar as probabilidades de sucesso. Como vocês sabem, isso era possível em razão do mínimo necessário para lograr sucesso: 50%.

As mudanças, tal como desenhadas, em grande medida podem matar essa estratégia. Eu acredito na necessidade do candidato ter de saber tudo agora, não mais podendo priorizar disciplinas.

Isso em princípio, pois, como teremos mudanças, é algo ainda a ser mensurado.

Como modelo ideal eu sugiro que o candidato comece a estudar a partir do 8º semestre por conta própria, lendo as doutrinas específicas para o Exame e resolvendo exercícios.

No início do 9º semestre o candidato pode fazer um curso preparatório para aprofundar os estudos e ficar por dentro do que está sendo exigido na prova. Seria um processo de sedimentação do conhecimento.

Iniciando o 10º semestre, o candidato, se estudo de forma séria, pode se arriscar na prova.

Um ponto é importante ressaltar, e eu sempre o faço: curso preparatório para a 1ª fase NÃO é indispensável, e desconfiem de quem fala que é.

E quando digo curso, eu digo qualquer curso.

Fazer o curso é uma opção do candidato, caso este queira uma preparação diferenciada. Os bons cursos têm muito a a oferecer aos candidatos, mas é perfeitamente possível passar sem fazer um.

A escolha do curso faz parte do processo de planejamento, e o candidato tem de se conhecer e se sentir enquanto candidato para fazer essa opção e justificar o investimento.

Tenham em mente que destinar tanto tempo, ainda na faculdade, para os estudos faz muito sentido. O Exame de Ordem tem reprovado cada vez mais, e vai continuar reprovando, gostem ou não.

Tem gente que acha que um dia ele vai acabar. Não vai.

Dedicar mais tempo aos estudos ANTES  de fazer a prova pela 1ª vez parece-me a melhor estratégica. Devo lembrá-los dos custos em se reprovar: custos emocionais, custos econômicos e, o pior dos custos, o do tempo.

Reprovar duas vezes após a faculdade vai consumir um ano inteiro da sua vida. Reprovar quattro vezes custará 2 anos na inércia, sem poder advogar.

Reprovar não é uma opção, e estudar adequadamente não é exagero e nem luxo: é necessidade.

Planejem e antecipem os estudos, para o bem da carreira de vocês.