Quinta, 9 de janeiro de 2020
Quais os requisitos para iniciar de imediato na advocacia? Essa é uma pergunta bem pertinente, especialmente para quem acabou de ser aprovado no Exame de Ordem e tem a pretensão de de começar o quanto antes na profissão.
Aliás, quando eu passei na OAB não pensava em outra coisa que não advogar. E isso considerando a precariedade de formação prática após a conclusão da faculdade, coisa de 12 anos atrás.
Existem, na verdade, muitos aspectos envolvidos diretamente no exercício da advocacia, especialmente na parte de gestão do escritório, que demanda uma série de conhecimentos de administração e gestão, coisa que os jovens advogados que anseiam empreender não aprendem na faculdade.
Esse é um conceito, e uma tecnologia também, que passa longe dos estudantes de Direito. "Operar no mercado" da advocacia não faz parte de um disciplina optativa - muitíssimo menos obrigatória - em quase nenhuma faculdade de Direito do país.
Mas o mercado da advocacia existe, é real e é altamente competitivo.
Não surpreende, evidentemente! Em novembro de 2016 chegamos a marca de 1 milhão de advogados, e as pressões no sistema causadas pelo excesso de profissionais são patentes.
Agora somos mais de um milhão e duzentos e cinquenta mil advogados. A quantidade não para de crescer!
Como então ingressar na advocacia sem se ter um mínimo de conhecimento de como o mercado age, desconhecendo quais são as técnicas e práticas que permitem entrar, se estabelecer e prosperar no mundo da advocacia?
Para começar é preciso, e muito, escolher um nicho profissional, um ramo do direito para o profissional ser RECONHECIDO como advogado naquela área.
Evidentemente, isso não é algo que se obtem da noite para o dia: leva tempo construindo a imagem profissional como advogado atuante.
E quais seriam os requisitos para iniciar de imediato na advocacia? Vamos vê-los:
1 - Definição do ramo de atuação;
2 - Efetiva prática profissional;
3 - Projeção de marca nas redes sociais;
A definição do ramo de atuação é fundamental!
Pois ela guarda estreita correlação com a aptidão intelectual do advogado e sua capacidade de lidar com determinado ramo do Direito.
A escolha tem de ser a mais fria possível, pois ela representa uma decisão de longo prazo.
A efetiva prática profissional é um elemento óbvio: uma especialidade só é dominada se o advogado EXERCE na prática o que aprendeu na teoria, até porque na prática a teoria é diferente.
Quem não tem base prática nenhuma pode treinar a introdução no mercado com cursos voltados especialmente para este propósito.
O Jus21 oferece vários cursos de prática, ministrados por quem vive o dia-a-dia da advocacia:
Curso de Formação de Perito Judicial 2020
Iniciando na Advocacia ? Prática Trabalhista e Previdenciária? TURMA II
Prática para Advogados - Todos os segredos do Tribunal do Júri
Advocacia Primeiros Passos: Advogando nos Juizados Especiais Criminais
Advocacia Primeiros Passos: Advogando nos Tribunais
Esses cursos propiciam o "start", a introdução a real prática profissional, dando ao advogado a percepção de como efetivamente atuar no seu segmento.
O enfoque é, como o próprio nome diz, prático, permitindo que as principais nuances do ramo jurídico escolhido seja compreendido, dando segurança para quem vai começar a advogar.
A projeção de marca nas redes sociais é fundamental para quem busca reconhecimento e visibilidade, especialmente no início da profissão. É fundamental ser visto como especialista, como alguém muito bom em determinado ramo do Direito.
A especialização permite que o profissional apareça em meio a tantos outros que atuam de forma "genérica", e isso por uma razão só: as pessoas buscam alguém que resolva um problema específico, e que o faça bem. Só o especialista naquele segmento tem plenas condições de passar para o seu cliente a segurança necessária que o convença a fazer a escolha certa: o contratar.
Uma vez definido o segmento, é importante projetar a imagem nas redes e na internet.
E aqui vem a mão na massa, tanto de forma virtual como no mundo real!
No mundo real:
1 - Participação em simpósios e seminários, seja como palestrante ou apenas como expectador;
2 - Aperfeiçoamento profissional com cursos, grupos de estudos, pós-graduações ou mestrados;
3 - Redação de artigos, tanto científicos como voltados para o público em geral;
4 - Gravação de vídeos com explicações genéricas sobre os institutos do seu ramo de atualização, como também comentários sobre fatos e eventos atuais que tangenciem o seu campo de atuação.
No mundo virtual:
1 - A criação de perfis nas principais redes sociais (Facebook e Instagram, ao menos) para a divulgação de todo o trabalho realizado no mundo real. Ou seja, a participação nos seminários, aulas e grupos de estudos deverá ser publicizada.
2 - A divulgação dos textos em blogs ou sites pessoais (para indexação no google) como também em sites de compartilhamento jurídico, como o Jus Brasil e outros, sempre dentro da temática previamente escolhida;
3 - Divulgação dos vídeos no Facebook e YouTube. Lembrando que os vídeos devem ser curtos e didáticos. hoje em dia vídeos longos não despertam a atenção dos navegantes.
Em suma, o trabalho no mundo virtual tem como objetivo o de propagar o que é feito no mundo real.
O ritmo da divulgação deve ser constante e pensado para durar no longo prazo.
Aqui um ponto interessante: evidentemente é muito bom poder publicar material intelectual em grandes mídias, mas isso não cai do céu para ninguém. O Jus Brasil é um site muito conhecido e muito acessado, e se o acesso está disponível, por que não usá-lo? Claro, seria melhor publicar no Conjur ou no Migalhas, mas estes são sites mais difíceis de acessar, ao menos no começo. É possível fazer um bom trabalho, de baixíssimo custo, com vários sites jurídicos.
A mídia usada importa, é verdade, mas para começar o importante é exatamente (e simplesmente) começar. Hoje é muito mais difícil sentar e escrever um trabalho significativo do que divulgar nas redes esse trabalho. E divulgar qualquer coisa nas redes sociais é algo muito, mas muito fácil.
Como complemento do trabalho de divulgação pessoal é importante também ampliar a rede de contatos. Aliás, partindo da premissa de que redes sociais e internet são instrumentos de interação social, montar uma rede de contatos é algo que vale OURO.
Como começar a vida política dentro da OAB? É fácil: basta escolher um grupo político (e existem muitos em cada seccional) e se oferecer para ser SOLDADO. Ou seja, participar de todos os eventos, AJUDAR na organização dos eventos, se enturmar para a campanha do próximo ano e, acima de tudo, não cobrar rigorosamente nada por isso.
Para entrar em um grupo é preciso demonstrar comprometimento. Com o tempo as portas começam a se abrir, a naturalmente se abrir. Com os colegas, e as amizades criadas, sempre podem surgir parcerias úteis no futuro. Advogados especialistas costumam declinar causas para outros especialistas quando um caso não é do seu ramo de atuação. Assim funcionam as parcerias, que só são criadas quando se estabelece um laço de confiança entre os profissionais.
Você se torna especialista, estabelece contato permanente com colegas de outras especialidades, mostra serviço, mostra ser confiável e....em algum momento uma causa cai na sua mão.
Ao longo do tempo outras causas aparecem, assim como você também passa para os parceiros causas que não são de sua alçada técnica. E assim monta-se um networking profissional.
Leva tempo, é claro, mas tudo começa quando se toma a decisão de doar um pouco do próprio tempo para a atividade política e de contatos.
Não se iludam: não é fácil, pois muito tempo é dedicado ao ofício.
Mas aí é que está o segredo do sucesso: ao se abraçar a profissão, isso deve ser feito com paixão e dedicação. Quando isto acontece, o tempo para a vida pessoal é sacrificado, e por muitos anos, mas os resultados aparecem. Um dia, quando a posição profissional se torna consistente, pode-se então aliviar um pouco a pressão imposta pela vida profissional e saborear um pouco mais os frutos do trabalho.