O quão nojenta foi a peça de trabalho do XXVI Exame de Ordem

Quarta, 19 de setembro de 2018

O quão nojenta foi a peça de trabalho do XXVI Exame de Ordem

Ainda no domingo, quando fui ler todos os enunciados de todas as peças, já deu para perceber que a peça de Direito do Trabalho veio diferente.

Na hora tive um "flashbach" da prova do 2010.2, que eu também fiz (havia sido minha 7ª aprovação), e da nítida diferença entre a prova anterior (do CESPE) e a primeira prova da FGV.

A última prova trabalhista do CESPE teve 4 temas, enquanto a primeira prova da FGV teve 12 temas.

Na época isso foi o caos: não sei quantos milhares de candidatos reprovaram por simplesmente não terem tido tempo de concluir a peça. Na prova seguinte, o 2010.3, foi a mesma coisa.

Naquele tempo trabalho tinha mais de 40% dos inscritos em uma segunda fase, e a FGV trabalhou com afinco para mudar essa realidade. Hoje trabalho está um pouco atrás de Penal e é seguida de perto por Constitucional. Tudo fruto de uma ação deliberada da própria fundação.

Uma verdade: peças difíceis prejudicam uma disciplina.

Claro! Não será por um episódio que isso vai acontecer, mas espera-se que não se repita mais mesmo, não da forma como foi no domingo.

E como foi no domingo?

Foram 9 pontos a serem tratados, sendo que 3 referentes a preliminares, afora o fechamento, a identificação da peça, partes e competência.

O interessante foi o tópico da coisa julgada, referente a existência da discussão de dois dos temas em um outro processo, o que obrigou os candidatos a terem uma atenção ainda maior no raciocínio.

Prova de Trabalho do XXVI Exame de Ordem

Padrão de Resposta Trabalhista do XXVI Exame de Ordem

Aqui um ponto interessante: a falta de fluidez na construção do enunciado. Os tópicos estavam amontoados uns com os outros, separados tão somente por ponto e vírgula. Aqui uma vantegem clara: o ponto e vírgula ajudou (para quem percebeu) a separação dos temas para a construção do esqueleto, mas como uma narrativa para uma compreensão fluida do enunciado, ficou bem ruim.

Isso, claro, sem considerar um grau de complexidade acima da média nesta prova.

Não seria exagero dizer que a prova de trabalho foi uma das piores já aplicadas. Não teria certeza em dizer que foi a pior, mas ruim ela foi, com certeza.

Não é algo para ficar preocupado de imediato, mas faz muito sentido levantar essa bola, especialmente depois do que aconteceu com Direito Empresarial.

A disciplina foi simplesmente destruída após uma série de provas absurdas. Quase todas elas tecnicamente irretocáveis, e todas muito, mas muito difíceis.

Hoje Empresarial, se muito, corresponde a 0,6% do total de candidatos da 2ª fase. Qual é o sentido de manter uma disciplina assim?

Trabalho já teve 45% dos inscritos, mas hoje essa realidade mudou, e mudou de forma deliberada. 

Esse tipo de oscilação quanto ao grau de dificuldade entre uma edição e outra do Exame não se justifica.

Infelizmente, após mais de 10 anos acompanhando o Exame de Ordem, NUNCA vi a FGV manter um padrão estatístico por um período razoável de tempo. E até hoje eu não sei o porquê disto.