O Exame da OAB fazendo escola: Exame de Suficiência da classe contábil tem alto índice de reprovação em todo o Brasil

Terça, 7 de junho de 2011

A lista com o resultado da 1ª edição do Exame de Suficiência foi publicada no dia 26 de maio de 2011 no Diário Oficial da União, trazendo um resultado alarmante sobre o Exame de Suficiência da classe: apenas 30% dos bacharéis em Ciências Contábeis e 24% dos técnicos em Contabilidade, em todo o País, conseguiram aprovação.

Segundo o presidente do CRC SP (Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo) Domingos Orestes Chiomento, esse alto índice de reprovação é preocupante.?O resultado surpreendeu a todas as lideranças da classe. Esperávamos que, no mínimo, 50% dos bacharéis e técnicos conseguissem a aprovação, como vinha acontecendo nas 10 edições realizadas nos anos 2000 a 2004. Esse fato é um alerta e constata o despreparo dos profissionais para atender às exigências do mercado."

Para o presidente do Conselho, as faculdades e os cursos técnicos devem preparar melhor os profissionais que ingressarão no mercado de trabalho, inclusive fazendo alterações nas grades curriculares dos cursos técnicos e de bacharelado. Como medida imediata, a prova foi enviada para todas as universidades de Ciências Contábeis e cursos Técnicos autorizados pela Ministério da Educação. "Nosso objetivo é mostrar que as instituições acadêmicas precisam adequar o ensino da disciplina, mesmo porque a dinâmica dos negócios é tremenda e os profissionais da Contabilidade precisam estar aptos para acompanhar as exigências da nova Economia mundial, subsidiando os empreendedores com informações confiáveis e de valor", disse o presidente.

Após a aprovação da Lei nº 12.249/2010, o Exame de Suficiência tornou-se obrigatório, estabelecendo que os profissionais da área contábil somente poderão exercer a profissão mediante conclusão do curso de graduação em Ciências Contábeis ou Técnico em Contabilidade. O Exame foi aplicado pelo Sistema CFC/CRCs em todo o País no último dia 27 de março. A próxima edição será no mês de setembro, quando os reprovados poderão fazer novos exames. ?Esperamos resultados melhores no próximo Exame. Nossa meta é projetar no mercado profissionais devidamente preparados. A avaliação traz várias vantagens para a profissão, empresas e sociedade, de uma forma geral, principalmente neste momento em que estamos em busca da harmonização dos padrões contábeis às Normas Internacionais?, finaliza Chiomento.

Na avaliação, os candidatos precisam acertar, no mínimo, 50% das questões. Nessa primeira edição, foram 16.608 candidatos inscritos em todo o Brasil e o Exame foi aplicado em 116 cidades. No Estado de São Paulo foi registrado o maior número de inscritos, com 4.597, sendo 3.740 bacharéis em Ciências Contábeis e 857 Técnicos em Contabilidade.

Fonte: CRC/RO

Não tenho como falar da prova do Exame de Contabilidade. Não só não tive contato com ela como também não sei bulhufas de contabilidade. A prova foi difícil, cheia de pegadinhas, mal-concebida, etc e tal? Não dá para afirmar.

Mas esse resultado NÃO deveria surpreender ninguém.

Isso porque nosso ensino de base tem deficiência estruturais graves que, cedo ou tarde, são observáveis no ensino superior. O Exame da OAB, por ser muito mais antigo, já mostra essas deficiências há muito tempo, e são deficiências sem predileção por uma cadeira acadêmica em específico: ela é geral! A reprovação no Exame de Suficiência do CFC é apenas a replicação do quadro observável no Exame da OAB, pois a origem das deficiências são as mesmas: faculdades ruins e candidatos sem uma base educacional de qualidade.

Se existissem exames para todas as profissões, o quadro de reprovações seria alarmante.

Todo mundo sabe que hoje, ao menos na maioria das faculdades de Direito privadas, o vestibular é um mero acessório. Mas não surpreenderia nem um pouco se esse quadro abranger outras cadeiras.

Semana passada escrevi sobre isso para o Conjur, sobre a bomba relógio social que o MEC e instituições privadas estão armando para o final desta década com a expansão quantitativa de universitários e faculdades para atender uma suposta demanda reprimida de profissionais com nível superior no Brasil.

Mas sem uma educação de base, tal expansão será, e muito, desperdiçada, e MILHÕES de futuros formandos terão um diploma mas não uma profissão, pois assim como a OAB, e agora o CFC, outros conselhos de classe certamente irão criar seus respectivos exames, e os usarão para proteger a própria classe e também o público-alvo daquela profissão em específico.

A expansão irrefletida do ensino superior vai agravar uma triste distorção hoje existente: o excesso de faculdades sem qualidade, praticamente sem vestibular e com muita gana por LUCROS.

E a bomba, ao final de tudo, vai sobrar para o lado mais fraco da corda.

Ganha um picolé de limão quem adivinhar qual é.