Quarta, 25 de maio de 2011
Acabei de publicar o post É possível passar no Exame de Ordem apenas assistindo aulas? e uma leitora do blog, a Dani, deixou a seguinte observação:
"Eu faço outra pergunta: é possível passar no exame de ordem estudando por conta própria? Não pude me matricular em um cursinho e estou estudando em casa, com meu material de resumos, exercícios e audiolivros.
Aos colegas, peço que contem as suas experiências no estudo solitário!"
Sim Dani, é perfeitamente possível passar no Exame de Ordem sem cursinho.
E aqui há uma observação interessante: a maioria que passa sem cursinho o dispensa apenas na 1ª fase. Na 2ª, a grande maioria se matricula em um.
E o faz porque a perspectiva de aprovação está próxima o suficiente para justificar o investimento, afora os detalhes específicos da prova subjetiva.
Mas a 2ª fase é outra história!
Escrevi recentemente um post sobre a preparação para a 1ª fase, e nele dou as dicas para quem quer se preparar adequadamente: Exame de Ordem 2011.1 - Como se preparar para a próxima prova da OAB?
A abordagem no post acima é bem abrangente e servirá como orientação para quem quer estudar.
Agora vamos falar de se estudar sozinho.
Muita gente reclama que os cursos preparatórios (e as editoras) só querem ganhar dinheiro dos estudantes e bacharéis em Direito, se aproveitando de um certo desespero.
Afirmo aqui com a maior convicção de que essa se trata de uma visão, no mínimo, distorcida da realidade.
Vamos partir da premissa, verdadeira, de que estudar é um processo complexo que envolve tempo, disposição, concentração, método, disciplina e investimento. A ausência de um desses fatores certamente prejudica o processo como um todo, implicando diretamente no desempenho do candidatos no concurso almejado.
Tempo, disposição, concentração, método e disciplina são fatores que, em maior grau, dependem exclusivamente do candidato e de sua organização pessoal.
Não custam nada para serem obtidos. Talvez o tempo seja mais custoso, de forma indireta, pois o candidato pode trabalhar ou ter família para cuidar e dispor do tempo implicaria em prejudicar uma outra atividade, gerando reflexos na vida pessoal. Mas, em tese, esse elementos são gratuitos.
Sobra o investimento.
E estudar custa dinheiro. E de um modo geral, ou mesmo quase como uma regra, o ensino privado no Brasil é melhor do que o público. Essa lógica só muda quando falamos do ensino superior, e aqui a excelência, também de um modo geral, está no ensino público.
Não por acaso, em uma observação bem tópica, as instituições que mais aprovam no Exame de Ordem são as públicas, pois, na média, conseguem aprovar mais de 50% de seus egressos. Por outro lado, 80% das instituições de ensino privado não aprovam sequer 5% de seus alunos.
Essa discrepância quer dizer muita coisa. Por um acaso, os melhores alunos do ensino médio, em especial do ensino médio privado, vão para as universidades públicas, e isso guarda ao fim uma correlação com o desempenho das instituições de ensino superior no Exame de Ordem.
O discurso oficial da OAB diz que o bom aluno passa no Exame. E é verdade: os bons alunos passam no Exame, principalmente os das universidades públicas.
Mas também bons alunos reprovam.
Ultimamente, 85% dos candidatos reprovam, expondo a severidade da prova da OAB, que, como processo seletivo, tem suas peculiaridades. E tendo peculiaridades, uma preparação específica ajuda a superar a prova, independente da qualidade da instituição do examinando.
Um dos conselhos que dou aos candidatos antes de começar os estudos ESPECÍFICOS para o Exame é o de resolver uma prova passada para se sentir, para ver como está o preparo e a bagagem de conhecimentos. Curiosamente, o feedback que recebo é dos piores: a maioria apresenta um desempenho pífio.
E faço essa sugestão exatamente por ter aplicado ela em mim mesmo quando comecei a minha preparação para a prova. Lembro-me bem do sentimento de perplexidade ao constatar que só havia acertado 29 questões da prova simulada. Foi um choque!! Me senti um verdadeiro asno e fiquei apavorado pois iria iniciar meus estudos faltando apenas 3 meses para a prova.
E, ao longo desses 3 meses, estudando 5 horas por dia, meu desempenho nos simulados auto-aplicados foi gradativamente melhorando, até eu ir para a prova com a convicção de que iria passar. E passei.
O que mudou nesse intervalo de tempo tão curto? Em 3 meses ninguém aprende todo o Direito.
Eu acredito que não se trata de um processo exato de aprendizagem, mas sim de se relembrar e, principalmente, de se adaptar ao sistema da prova.
Parte desse processo de adaptação e rememorização é obtido com os cursos preparatórios, cujo papel para muitos dos aprovados é fundamental.
E esse papel decorre de uma demanda, de uma busca dos candidatos, pois os cursos não são obrigatórios para se passar no Exame. Tratam-se de uma opção para um objetivo em específico, assim como também são uma opção para concursos públicos. Você pode querer ser juiz um dia e não precisará fazer um curso para ser um. Mas neste caso certamente vai enfrentar alguém que fez, e este alguém pode estar bem mais preparado...
Os cursos fazem parte de um aspecto do investimento. De um investimento visando um propósito.
Fazer um curso é uma opção, geralmente escolhida em razão de uma simples necessidade: o candidato quer passar no Exame de qualquer jeito e INVESTE nisso. É seu futuro profissional que está em jogo!
Livros atualizados também. Estes têm um custo, mas em troca oferecem o que o candidato está procurando: informação atualizada, revisada e editada.
Pensando nisso tudo, lembrei-me de só ter conhecido uma única pessoa aprovada no Exame que não estudou com livros específicos ou mesmo fez cursos, tanto para a 1ª como para a 2ª fase. Foi um colega de sala meu. Naturalmente, foi agraciado pela natureza com uma inteligência excepcional, inteligência essa já notada desde p início da faculdade por mim e pelos demais colegas.
Nós, pobres mortais, precisamos ralar um pouco para conseguir a aprovação ou qualquer outro tipo de sucesso na vida.
É possível estudar por conta própria e ser aprovado? Sim, com toda certeza!
Mas mesmo assim acredito ser necessário investir no estudo, de uma forma ou de outra, para otimizar o resultado.
Ir para a prova apenas com a coragem, no peito e na raça, é tarefa para poucos.
Existe uma indústria dos cursinhos e dos livros? Sim, sem dúvida. Mas essa "indústria" existe por que ela é demandada pelos candidatos, exatamente em razão da NECESSIDADE da aprovação.
Essa "indústria" está aí não para explorar ninguém, e sim para atender necessidades. E como tal, ela tem um papel de significativa relevância, apesar de muitos acusá-la de exploradora dos candidatos.
Nada mais longe da verdade...
Então, bem antes do Exame de Ordem bater na porta, planejem-se para fazê-lo e tenham a exata noção de seus potenciais e deficiências. Só assim vocês poderão fazer a melhor escolha, investindo, ou não, o seu dinheiro.