Quarta, 6 de fevereiro de 2013
Ontem a Folha de São Paulo publicou uma matéria com um título muitíssimo interessante: "O balcão fechou", diz ministro sobre pedidos de vagas de medicina
Vejamos um trecho da matéria:
"As novas regras para criação de cursos de medicina no país vão garantir o "interesse público" da sociedade ao priorizar a expansão em cidades e regiões onde hoje há baixa oferta de vagas e médicos em relação ao tamanho da população.
O argumento é do ministro Aloizio Mercadante (Educação), que defendeu a mudança na política de criação de cursos de medicina no país. Reportagem da Folha publicada nesta terça-feira revelou que, a partir de agora, o governo federal vai determinar onde serão abertos novos cursos da graduação. Hoje, a demanda parte das instituições de ensino superior.
"Essa lógica não assegura necessariamente o interesse público da sociedade. O interesse da instituição pode ser do mercado de medicina, mas não do interesse público no sentido de boas práticas médicas, com equipamentos disponíveis. (...) O balcão [para pedidos de criação de vagas] fechou", disse Mercadante em coletiva de imprensa."
Fonte:
Olhem só que beleza!!! O Ministro da Educação afirmando que a abertura os cursos de medicina no Brasil, até agora, obedeciam a lógica do mercado, dos interesses das instituições de ensino, e não a lógica do interesse público.
Se isso foi percebido nos cursos de medicina, o que podemos dizer dos cursos de Direito? O balcão também fechou?
Ah, sim! Das trezentas e poucas instituições do início da década de 90 saltamos para 1.240 faculdade de Direito nos tempos atuais. Houve um interesse público por detrás dessa expansão ou um interesse do empresariado?
Obviamente que o empresariado tomou as rédeas da situação e o MEC virou um balcão chancelador da abertura de novas faculdades de Direito. Bastava ter poder econômico para tal.
O Brasil hoje, sozinho, tem mais faculdade de Direito do que o resto do mundo e a 3ª maior população de advogados do planeta. Qual o sentido dessa anomalia? Que critério RACIONAL foi adotado na abertura de cursos jurídicos no Brasil?
O critério do lucro!
É culpa do Estado, na figura do MEC, essa proliferação desenfreada de cursos sem uma correlata, e muitíssimo necessária, melhoria no ensino fundamental e médio. Hoje qualquer um faz uma faculdade: basta querer.
Capacidade financeira? FIES e ProUni estão aí para suprir facilmente essa necessidade.
O resultado? O resultado está sintetizado na charge abaixo: